O
candidato do PT à Presidência da República afirmou, em entrevista ao Jornal da Globo, que o seu crescimento
recente nas pesquisas eleitorais não ocorreu só por causa do apoio do político
preso.
Ele
entende que, se "Fosse só isso,
haveria transferência para todo lugar onde ele apoia – e não funciona
automaticamente", embora ele reconheça que "obviamente o presidente Lula é quem mais encarna esse projeto".
Trata-se
de afirmação para lá de incoerente e desproposita, em termos políticos,
levando-se em conta que as pesquisas realizadas anteriormente, quando o titular
da chapa petista era ainda o todo-poderoso, o atual candidato, quando colocado
na agenda da pesquisa, o muito que ele conseguia eram míseros 4%,
diferentemente dos possíveis 16% referentes ao resultado de agora, o que
significa que ele apenas tenta relativizar, de forma claramente desprezível, a
participação do político mais importante do seu partido, não assumindo situação
verdadeira que não tem como ser dissimulada, porque os fatos falam por si sós.
Esse
fato não condiz com o que realmente vem acontecendo, haja vista que a imprensa
já vinculou a transferência de votos à futura ingerência que o político preso
certamente teria em eventual governo petista, dando a entender que o candidato
seria apenas mero fantoche, pessoa mandada para cumprir ordens superiores, não
tendo a menor personalidade como homem público, o que se confirmaria apenas os
4% de preferência do eleitor e que o restante pertence mesmo ao homem forte do
partido.
Essa
candidatura inventada pelo patrono do PT sinaliza para a indiscutível ideia de
que tudo não passa da implementação de estratégico e maquiavélico projeto
arquitetado pelo líder-mor, como forma de mostrar ao mundo o seu poder e a sua
influência políticos.
Além
do mais, esse projeto, que é basicamente concentrado na influência do principal
político do PT, não passa de demonstração de que o partido pensa tão somente em
plena e absoluta dominação das classes política e social, evidentemente na
reconquista do poder e na perenidade nele, diante do malogro materializado com
o impeachment da afilhada dele, que foi capaz de demonstrar extrema
potencialidade de incompetência e ineficiência na administração do país, à
vista, em especial, da condução desastrada e fracassada da economia, que apenas
patinava, em enorme recessão.
Trata-se,
na verdade, de quadro dantesco e surreal, em que um presidiário consegue
manobrar de dentro da cadeia, de forma absolutamente patética, o processo
político de seu partido, em evidente estado de desmoralização e decadência que
isso deveria representar para o mundo civilizado e sério, em se tratando de
atividades políticas que exigem o máximo de observância aos princípios da
ética, moralidade, legalidade, honorabilidade, entre outros que não condizem
com a representatividade de pessoa encarcerada, que tem enorme dificuldade para
compreender o que sejam princípios ético e moral na política.
Por
seu turno, o real sentido da segregação prisional funciona, na forma da lei,
exatamente como isolamento do convívio social, ou seja, o mundo do presidiário
se restringe ao que acontece exclusivamente na sua sela, que é precisamente
para não acontecer absolutamente nada, em condições isonômicas com os demais
presos, que não têm qualquer regalia, repita-se, de acordo com a legislação que
rege o sistema prisional, que fala em cumprimento de pena e isso significa a
perda dos direitos de cidadania, tanto nas cercanias do Brasil como do resto do
mundo.
O
político se encontra nessa lamentável situação justamente por ter praticado
atos criminosos, assim entendido com a devida chancela do Poder Judiciário,
que, por unanimidade de entendimentos jurisdicionais, deixou de reconhecer como
juridicamente válidas as suas contraprovas sobre os fatos denunciados, na forma
legal, tendo decidido pela aprovação de sentenças condenatórias, com a sanção
de prisão pelo período de doze anos e um mês, pela prática dos crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Não
importando, ao caso, que se trate de cidadão que demonstrava ser amante dos
pobres, por ter entendido priorizar, na sua gestão, políticas voltadas para as
famílias carentes de ajuda do Estado, entendido assim com o emprego de recursos
dos contribuintes e não dele ou do seu partido, cujas medidas foram
transformadas, de forma visível, em projeto eleitoreiro em potencial, conforme
foi materializado na última eleição presidencial, onde foi constatado que
municípios pobres, que são a maioria do Nordeste, deram quase 90% do total dos
votos à candidata do partido do governo, sob a garantia da continuidade do
Bolsa Família.
Pois
bem, o que, na verdade, foi julgado precisamente pelo Poder Judiciário ato de
corrupção perpetrado pelo mesmo homem que foi capaz de priorizar aquelas políticas
sociais, em concomitância, segundo o veredicto da Justiça, com o recebimento de
propina por ele, cujas acusações ele não conseguiu demover pelas vias legais
oferecidas no curso constitucional e legal da ação condenatória, tanto é verdade
que ele se encontra preso, em cumprimento de pena.
Os
brasileiros precisam se conscientizar de que, sendo atos absolutamente
distintos e diferentes quanto aos seus resultados, cada qual naturalmente com
as suas motivações, é até possível se lamentar que político com as qualidades
dele, vistas assim sob o prisma da parte beneficiada das ações sociais, porque,
para os demais brasileiros, ele não fez nada de extraordinário, dissonante do
que faria qualquer governante cônscio da sua responsabilidade pública, nas
circunstâncias, na mesma situação dele, que era tão somente executar as
políticas sociais de incumbência do Estado, tenha que passar por situação tão
deprimente para o ser humano.
Não
obstante, esse fato, por si só, por mais magnânimo que possa ser assim
considerado, não tem o condão de isentá-lo de responsabilidade por seus atos na
vida pública e muito menos de responder por eles, na Justiça, quanto mais na parte
que não corresponda exatamente com os consagrados princípios da legalidade,
moralidade, dignidade, lisura, entre outros que precisam ser observados, com o
devido rigor, no exercício de cargo público eletivo.
A
verdade é que, no mundo moderno, com o mínimo de seriedade e civilidade
políticas e democráticas, o povo compreenderia de pronto o real sentido da
prisão imposta ao homem público, no sentido de que o fato em si demostra, de
forma inexorável, que a sentença condenatória equivale dizer que o apenado
perde seus direitos políticos e nem por compaixão ele teria condições para
participar de quaisquer atividades de natureza política, diante da
incompatibilidade de o fora da lei poder influenciar no processo político da
maior importância para os interesses da nação, fato esse que põe por terra a
tentativa de projeto que tenha a sua orientação ou a sua vontade política,
diante de emanação de elementos completamente alienado, por força da lei, do
processo político-eleitoral.
Embora
venha sendo tratado como mero adágio popular, a verdade é que o povo tem o
governo que merece e parece que seja o caso em comento, que teima a confirmar
esse sentimento, quando o povo, mesmo sabendo que o político não se encontra
apto politicamente, ainda demonstra apoio aos seus projetos políticos, que
apenas têm como pano de fundo a pretensão de reconquistar o poder e
potencializar as políticas meramente populistas, sem a menor preocupação com
planos de governo que possam viabilizar o crescimento econômico do país,
conforme o modelo de governabilidade exposto por seu partido.
Por
mais que se queira encontrar justificativa para atitude de apoio a político
preso, somente se vislumbra alternativa possível para tanto sob o prisma da
compreensão e do sentimento humanitários e jamais acerca do sentido da prisão
em si, que até ela pode ser considerada injusta, por algumas pessoas, à vista
da grandeza e da relevância políticas da pessoa envolvida, mas isso não esteve
em julgamento pela Justiça nem faria sentido, conquanto a sua prisão é
decorrente de prática de atos contrários à administração pública.
O
certo é que o esforço do político preso não foi suficientemente capaz para provar
a sua inculpabilidade quanto aos fatos denunciados à Justiça, o que vale dizer
que o cumprimento da pena condiz exatamente que ele precisa se enquadrar aos
ditames legais, no sentido da normal “quarentena” política e da preparação dos imprescindíveis
elementos recursais, nas instâncias judiciais, legalmente adequadas para se
contestarem os procedimentos adotados no caso, na busca da sua inocência.
Enquanto
isso, os brasileiros precisam refletir sobre a necessidade de valorização dos
interesses nacionais, mostrando, por meio de ações efetivas, que é importante
se empenhar no apoio aos mecanismos de combate às práticas de corrupção e à
daninha impunidade, com a negação de apoio a quem se encontra condenado e preso,
porque agindo assim os políticos inescrupulosos e aproveitadores possam perceber
o expressivo repúdio a quem deixa de seguir a conduta retilínea ditada pela
imaculada cartilha dos bons e honestos homens públicos.
É
preciso se ressaltar que essa forma de política, de estrita harmonia com a
linha populista, em que o povo, por meio desse sentimento, sem os menores pudores
ético e moral, formaliza apoio a homem público excluído momentaneamente do
processo político, por força de legislação de regência, apenas pelo sentimento
de reconhecimento, gratidão ou recompensa, independentemente da prática
política, somente encontra paralelo no Brasil, o que é bastante lamentável que
isso ainda possa ocorrer na atualidade, quando a humanidade vem se esforçando
ao máximo para alcançar níveis de moralidade e dignidade compatíveis com os
princípios de decência e civilidade, porque é exatamente assim como devem
proceder os cidadãos de bem e honrados. Acorda, Brasil!
Brasília, em 21 de setembro de 2018
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