domingo, 30 de setembro de 2018

Desprezo à sensatez


Em rede social circula nota com os dizeres mostrados abaixo, dando a entender que há críticas ao principal político do PT, de forma injusta, porque se ele é repudiado por parte dos brasileiros, o seu legado justificaria qualquer deslize ou tropeço na vida pública, inclusive ficando a salvo às graves denúncias contra ele, na Justiça, como se valesse a proverbial assertiva segundo as quais os acertos justificam os erros, quando, na verdade, cada questão precisa ser avaliada de per si, segundo o seu valor, sob os princípios que norteiam a administração pública.
Agora, não passa de monumental insensatez poucos brasileiros tentarem justificar o injustificável, quando o mais razoável seria procurar entender e assimilar cada caso, os acertos e os erros, porque não se pode imaginar que alguém, mesmo tendo agido com acerto, no exato cumprimento do seu dever legal, mas que tenha sido acusado da prática de atos incorretos, não possa ser passível de críticas quando incorre nessa situação recriminável, em deslizes que até nem podem ter acontecido, mas, em termos jurídicos e não no entendimento popular, enquanto eles não forem infirmados, por meio de contraprova, é preciso se considerar que os fatos irregulares realmente aconteceram e assim precisam ser levados em consideração, sob pena de se permitir que os maus exemplos dos homens públicos se disseminem como praga daninha e prejudicial à formação de bons representantes do povo.
O texto que circular na internet tem os seguintes dizeres: “Falar mal de mim é fácil. Difícil é ser eu e criar: Samu, luz para todos, PROUNI, 422 escolas técnicas, 18 Universidades, 173 extensões universitárias, Programa fome zero, elevar o Brasil para a 5ª potência, cotas, zerar IPI e segurar o emprego do povo em plena crise, tirar o Brasil do mapa da fome etc. e ainda fazer o Brasil ser reconhecido mundialmente.”
Ou seja, não existe nos fatos supracitados absolutamente nada excepcional que um governante não tivesse condições de praticar e que não já estivesse na sua jurisdição para executar e muito menos a justificar a prática de atos irregulares, por menores que sejam, porque a sua obrigação era de executar tudo aquilo e muito mais que deixou de ser feito em benefício do desenvolvimento do país, conforme demonstram os fatos comentados logo abaixo, mostrando que o povo pode sim ser grato aos governantes que trabalharam em benefício da população, mas sem essa injustificável veneração que é capaz de ignorar seus desacertos na vida pública.
Não obstante, nada disso é motivo suficiente para se perdoar possíveis deslizes, em se tratando que os administradores públicos e de resto os homens públicos são obrigados não somente cumprir com eficiência o mandato político emanado do povo, com a execução proveitoso dos recursos arrecadados dos contribuintes e a construção de algo em benefício da sociedade, como se esforçarem para que a correção e a exação sejam a marca das suas gestões, ficando, ao contrário, na obrigação de prestar contas à sociedade sobre a regularidade de seus atos, inclusive quando se envolverem, mesmo que involuntariamente, com atos suspeitos de irregularidades, a ponto de ser condenados à prisão e não terem a dignidade de justificar esse fato perante a população, porque isso faz parte de seus deveres como verdadeiros homens públicos.
A questão não é falar mal de alguém, mas sim se falar a verdade sobre alguém, com relação aos atos por ele praticados, de forma correta ou incorreta, porque convém que sejam avaliados os homens públicos pelo que eles fizeram ou fazem na vida pública, em benefício do povo e contra os princípios inerentes à administração pública, quando for o caso, porque isso é normal, diante do princípio de que ninguém é infalível.
As obras deixadas pelos governantes nada mais são do que o resultado de suas gestões, que certamente precisam ser avaliadas pelo povo, sem que isso mereça qualquer forma de recompensa, porque eles apenas teriam cumprido os seus deveres como representantes do povo, que foram eleitos exatamente para cumprirem com eficiência e eficácia o orçamento e demais funções inerentes aos cargos pertinentes, onde constam as metas de gestão e os recursos destinados à execução de atividades e obras por ele deixadas sem nenhum favor para a nação, porque se trata da aplicação do nosso dinheiro, recolhido dos contribuintes.
Os governantes ficam passíveis de críticas, com a devida justiça, se não tivessem feito nada em benefício do povo, caso em que os brasileiros precisam entender que os homens públicos são eleitos justamente para trabalharem pelo povo e as suas obras precisam ser as melhores possíveis, em proveito da sociedade, porque é exatamente para essa finalidade que eles são eleitos.
A execução dos programas dos governos recentes não tem absolutamente nada extraordinário senão o mero cumprimento de obrigações próprias de qualquer governo mediano, que, aliás, nas dimensões e nas grandezas econômicas e sociais do Brasil, qualquer presidente da República teria condições para passar para a história republicana como aquele que teve a dignidade de não somente gerenciar os negócios do país com absoluta regularidade e honestidade, mas também, de promover as necessárias e urgentes reformas das estruturas e conjunturas do Estado, eliminado todos os gargalos que impedem que o Brasil se modernize e funcione devidamente com os aperfeiçoamentos próprios de nação evoluída, com sistemas eficientes e competentes, eliminando os espúrios fisiologismos e os horrorosos loteamentos da máquina pública, práticas terríveis dos últimos governos, que são responsáveis pelos péssimos serviços públicos que deveriam ter sido prestados com a devida qualidade Fifa à população.
Os governos que foram capazes de executar alguns importantes programas e obras de cunho social, não demonstraram o devido controle ou capacidade para evitarem a roubalheira sistêmica e endêmica na principal empresa petroleira brasileira, de onde foram retirados montanhas de recursos para o caixa 2 de partidos políticos, para o financiamento irregular de várias campanhas político-eleitorais, vale dizer contribuindo para eleger de forma ilegítima e indevida muitos candidatos, em razão do uso do dinheiro sujo vindo dos contratos celebrados com a Petrobras, e também para beneficiar, por meio de propinas, vários políticos, executivos, empresários e outros inescrupulosos e aproveitadores assemelhados, muitos dos quais se encontram condenados e/ou presos, justamente porque não conseguiram provar a sua inocência, haja vista que quem não tem culpa consegue prová-la, por meio de elementos juridicamente válidos, mostrando a sua imaculabilidade sobre os fatos denunciados à Justiça.
Os brasileiros que se vangloriam de ter se beneficiado de muitas obras realizadas por determinados governantes precisam se conscientizar de que elas eram necessárias e precisavam ser implementadas, não importando quem eram os governantes nem os seus partidos, porque os grandes estadistas pensam em marcar sua passagem pelo governo com grandes obras de impacto e estas não foram feitas nos governos que se preocuparam em priorizar somente a área social, que é importantíssima para a nação, em termos de desenvolvimento social, mas este somente é sustentável se houver, em concomitância, o desenvolvimento econômico, com a implementação de grandes obras, como estradas rodoviárias, ferroviárias, metrôs etc., portos e outras capazes de contribuir para a criação de empregos e de fomentar a produção, como suporte necessário ao progresso social.
Nos últimos governos, as obras de impactos são contadas nos dedos, com destaque para a transposição das águas do Rio São Francisco, orçada em inicialmente em 2 bilhões de reais, para conclusão em quatro anos, mas se passaram mais de 10 anos, com custo astronômico de mais de 8 bilhões de reais e só Deus sabe quando será o seu término, com o acréscimo de outros bilhões de reais e certamente o hercúleo esforço dos brasileiros somente são capazes de beneficiar parte dos nordestinos, ficando outra parte à espera de novos investimentos nesse sentido.
Não obstante, é preciso ressaltar as obras faraônicas para a realização da Copa do Mundo e da Olimpíada, para as quais foram destinados fortunas de dinheiro, sem nenhum benefício para o povo, que precisava e ainda carece de hospitais, escolas, investimentos de saneamento básico, infraestrutura e tantas outras importantes obras públicas para, ao menos, minimizar o sofrimento do povo desassistido, principalmente do Nordeste.
Na verdade, a realização desses eventos poderia ter sido evitada se não fosse a megalomania de grandeza de governos passados, que preferiram afagar seus egos com a realização de eventos absolutamente dispensáveis, quando os recursos gastos neles teriam sido muito bem aplicados em benefícios do provo e isso é muito notório se constatar que se tratava de governos que se diziam que cuidavam do povo, mas, nesse caso, a população foi devidamente passada para traz, perdendo para o capricho da onipotência.
Os brasileiros que somente enxergam algumas realizações feitas por determinados governos, poderiam aplaudi-los ainda mais se a monumental soma de recursos dos brasileiros emprestados por eles a governos socialistas da Venezuela, de Cuba, de alguns países da África e de outras nações comandadas por ditadores e tiranos, para a realização de obras naqueles países, fosse aplicada exclusivamente no Brasil, quando muitas daquelas obras como metrôs, portos, usinas, estradas etc. teriam sido realizadas em cidades brasileiras, para usufruto dos brasileiros, além da contribuição para emprego da mão de obra brasileira, mas talvez houvesse razão para que o dinheiro dos brasileiros fosse mandado para o exterior, por razão muito simples, ou seja, porque parte dele foi desviada, visto que as empreiteiras brasileiras envolvidas nas obras estão sendo investigadas pela Operação Lava-Jato, também sobre os questionados empréstimos.
Os brasileiros que elogiam as poucas obras realizadas por alguns governos precisam saber que alguns países não estão pagando os referidos empréstimos, fato que obriga que o Tesouro brasileiro assuma os pagamentos, mas não há notícia sobre responsabilização dos respectivos governantes, que deveriam assumir a culpa pela entrega de dinheiro dos brasileiros a governos socialistas, sem a devida garantia de retorno aos cofres públicos.
Esperam-se que os brasileiros que se conformam com algumas obras realizações, que poderiam ter sido muito mais substanciais e expressivas, com muito mais qualidade e economicidade, se os governantes tivessem tido o cuidado de empregar o dinheiro da Copa do Mundo e da Olimpíada, jogado fora pelo ralo, em obras para o povo; evitar o empréstimo de dinheiro dos brasileiros a países socialistas; priorizar a realização de grandes investimentos em obras de impacto, como forma de fomentar a produção e o emprego; evitar os enormes desvios irregulares de recursos de empresas estatais, a exemplo da Petrobras; reformar as estruturas do Estado; entre outras medidas que tivessem por meta a eficiência, a eficácia e a economicidade da administração pública.
É bem visível, diante dos fatos, como aqueles indicados na mensagem transcrita acima, que o fortalecimento do populismo ideológico prevalente nos últimos governos tenha contribuído para alterar o pensamento de pessoas de bem, que não se enrubescem, como deviam, em apoiá-la e compartilhá-la, na forma como ali imaginada, no sentido ser estranho, pasmem, criticar quem tenha realizado algo pelo Brasil, mesmo que o governante tenha sido alvo de recriminação por suspeita da prática de irregularidades, certamente em demonstração de que o homem público deve ser valorizado por suas obras, mesmo que elas apenas expressem o cumprimento do seu dever funcional, sem se levar em conta seus deslizes, passando a demonstrar, com isso, desprezo à razão e à sensatez, que jamais deveriam se afastar das pessoas honradas.  
Seria prudente que os brasileiros, não importando a sua ideologia, procurassem avaliar os governantes no conjunto da sua gestão, sopesando tanto e de igual modo os acertos quanto os erros, sobretudo procurando entender que o resultado de suas realizações faz parte tão somente da sua obrigação como agente público, que foi eleito para trabalhar, defender e fazer alguma coisa em benefício do povo, cujo mérito precisa ser feito em relação às grandes obras e relevantes realizações, porque os governantes não precisam ficar se vangloriando por obras ou realizações que não tenham o porte da transamazônica, de vez que é impossível que haja desenvolvimento permanente e sustentável sem a priorização também de obras de impacto e de melhor cuidado com o princípios econômicos, legais e morais, em especial com o enxugamento da máquina pública e a eficiência na execução orçamentária, evitando a incidência de rombo nas contas públicas. Acorda, Brasil!
Brasília, em 30 de setembro de 2018

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