sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Repúdio aos aproveitadores


O principal político do PT e a voz central do partido, que consegue manobrar ao seu talante os destinos da agremiação, conforme ficou muito claro nesse episódio da tentativa se se impor a sua candidatura, em que o possível e o impossível foram explorados para se conseguir o registro da sua candidatura ao Palácio do Planalto, mas, enfim, prevaleceu a norma insculpida na Lei da Ficha Limpa, segundo a qual quem for julgado por órgão colegiado da Justiça, que é o caso dele, se torna inelegível, i. e., não pode se candidatar, porque isso significa a perda dos direitos políticos, já na segunda instância.
O partido chegou ao ponto de se valer de fajuta liminar concedida por somente dois membros, de dezoito, do Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, que queria que a imposição da aludida lei fosse suspensa por força desse documento de órgão apenas administrativo da ONU, como se ele tivesse algum poder jurisdicional, que não o tem, para que o Brasil respeitasse os direitos do petista, como se houvesse algum desrespeito aos direitos dele, quando ele não tinha direito de se candidatar, perdendo sentido o teor do documento do comitê. 
Superada essa fase, com a confirmação da inelegibilidade do todo-poderoso, restaram as recomendações dele ao seu substituto na chapa presidencial, que precisa seguir rigorosamente a cartilha política instituída por ele, de modo que seja satisfeitos os desejos e as imposições emanados pelo pensamento dele, que tem o poder máximo de traçar exatamente o que o seu substituto precisa fazer e seguir para atender aos desejos políticos do chefe, que age como verdadeiro dono e mentor dos desígnios da agremiação que integra.
Na verdade, ao substituir o todo-poderoso, o agora titular na chapa presidencial é obrigado a se submeter, porque também não haveria alternativa, aos caprichos dele, simplesmente realizando exatamente aquilo que ele pretendia pôr em prática, caso tivesse sido liberado para ser candidato, como o dono do poder e da influência política, aos moldes que lhe convém, sem que o agora titular possa formular e pôr em prática qualquer plano exclusivamente seu, eis que deve prevalecer unicamente o que está escrito na cartilha do chefão, que não admite senão as vontade e ideias próprias.
Tudo começou com a ideia de que o agora candidato titular precisou sustentar a candidatura a vice-presidente, a depender do desfecho da pretensa candidatura do ex-presidente, enquanto ele estava encarcerado nas dependências da Polícia Federal, em Curitiba (PR), embora todos, menos os petistas, sabiam que o líder-mor era carta fora do baralho e não poderia ser candidato, por não ter condições legais para atender aos requisitos de idoneidade e conduta ilibada, que são exigências indispensáveis ao exercício de cargo público eletivo.
Em claro afronta às normas jurídicas e às respeitáveis decisões judiciais, o condenado em segunda instância e inexoravelmente “ficha-suja” era considerado inelegível, permanecendo por muito tempo como enganador da boa vontade de seus seguidores, que acreditavam piamente na garantia dita por ele que seria candidato, “nem que Deus não quisesse.”.
O mais estranho de tudo isso, como se o Brasil fosse uma republiqueta, é que a sua pseudo candidatura foi mantida, por muito tempo, absolutamente ilegítima e ainda com ele dentro da cadeia, obrigando o vice na sua chapa fazer papel de pau mandado, a correr o Brasil, a sustentar a  ideia que certamente seria declarado candidato à Presidência da República, fazendo os ingênuos a acreditarem na sua força política, que seria capaz de dobrar o Poder Judiciário, mas, felizmente, a força da norma jurídica, contida na Lei da Ficha Limpa, foi confirmada, para garantir a preservação dos princípios da legalidade, moralidade e dignidade no processo político.
Não à toa que o já agora titular candidato ao Palácio do Planalto continua falando em nome do líder-mor, como se um e o outro fossem a mesma pessoa, à vista dos dizeres que muito bem caracterizam isso, estampados em chamada na televisão, pasmem, de que “Haddad é Lula”, dando a entender que o candidato age como se fosse o próprio petista, i.e., como se ele fosse sósia, como expressão de marionete dele, demonstrando o ridículo de falta de personalidade logo de candidato ao principal cargo da República, em ambiente bastante lamentável para a realidade brasileira, que ainda se permite, evidentemente com o imaginável respaldo da desatualizadíssima legislação eleitoral, que, em pleno século XXI, um candidato se passe por outra pessoa, ou seja, fazendo as vezes de outro personagem, sem que este precise assumir nenhuma responsabilidade jurídica, mas a sua imagem está inserida no contexto político.
É precisa sim ser chamada a atenção da sociedade para esses fatos degradantes dos princípios republicano e democrático, de vez que ela insiste em não querer perceber a gravidade dessa monstruosa farsa consistente na deformidade política, quando alguém se submete ao ridículo e questionável papel de coadjuvante da desmoralização protagonizada por aproveitadores da ingenuidade de pessoas possivelmente fanatizadas, que ainda se sentem felizes com atrocidades e imoralidades praticadas na política, que, ao contrário, deve ter por finalidade somente o emprego de práticas saudáveis e construtivas de bons princípios e de condutas exemplares de cidadania.
Convém que os honrados brasileiros se conscientizem sobre a existência de tristes mazelas políticas, em especial sobre os fatos acima narrados, que são capazes de contribuir para tornar o sistema político-eleitoral péssimo exemplo de deplorável, desmoralizada e corrompida democracia, em aprendizado monstruoso para a formação de novos políticos brasileiros, que precisam urgentemente se distanciar da atual classe política reconhecida decrépita pela opinião pública, em termos de parâmetro de democracia moderna, desejável pelas nações sérias, civilizadas e evoluídas.
Urge que os verdadeiros brasileiros, ungidos pelo nobre sentimento de amor ao Brasil, repudiem, com veemência, os homens públicos inescrupulosos e aproveitadores dos sistemas político-partidários para a realização de seus projetos políticos, em cristalino prejuízo das causas sociais e do país, de modo que eles sejam eliminados da vida pública, em consonância com a pureza e o primado institucionalizados pelos objetivos republicano e democrático. Acorda, Brasil!
Brasília, em 28 de setembro de 2018

Nenhum comentário:

Postar um comentário