sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Brasil sem violência


O Brasil ficou estarrecido e atônito com a agressão gratuita desferida, de forma insana e violenta, contra um candidato à Presidência da República, que agora lidera a preferência do eleitor, manchando de sangue o processo político-democrático que até então caminhava em clima de normalidade, embora não se possa negar algum acirramento nos embates travados entre opositores, que fazem parte natural do processo eleitoral.
Não resta a menor dúvida de que, no momento, existe indiscutível clima de radicalização política no país, fruto da notória disputa entre esquerda e direita, em irracional demonstração de incivilidade que não contribui em nada para o desejável aprimoramento da democracia, que tem como princípios exatamente a busca da construção harmônica da união da sociedade, para a satisfação do bem comum.
A título ilustrativo de péssimo exemplo, como forma de referência destrutiva e deplorável, citem-se a infeliz menção feita dias atrás, em comício, pelo candidato agredido, talvez dita como mera força de expressão, diante da impossibilidade da sua execução, de que iria “fuzilar a petralhada”, expressão que teria motivada ação de interpelação judicial, justamente por ser sentimento que não condiz com o clima desejável de harmonia.
Em se tratando de campanha eleitoral, melhor seria se evitar incitação ao confronto ou ao enfrentamento de ideias de agressividade, para que elas não sejam transformadas em realidade, como terminou sendo, logo contra o principal ao alvo e idealizador de infeliz frase, que agora passa a servir de forte exemplo para que o bom senso recomenda que a paz se constrói em clima de respeito mútuo aos sentimentos individuais.
É evidente que o discurso de ódio que permeia a campanha eleitoral, quando o epicentro das discussões giza em torno do fim das restrições à venda de armas (quando poderia ser com relação ao rigoroso controle das armas em poder da bandidagem), acentuado desprezo aos sentimentos sobre opções sociais de vida e outros comportamentos que precisam, depois desse incidente, ser repensados, como forma essencial para a reunificação dos brasileiros em um entendimento de que a nação é o resultado de etnia, raça, religião, ideologia etc.
A verdade é que ninguém tem direito de enaltecer seu pensamento e muito menos de depreciar os sentimentos dos outros, porque os seres humanos são exatamente iguais tanto em direitos como em obrigações, à luz da Carta Magna, conquanto é sabido que não é por meio da ideologia política que essas questões vão ser saneadas, sob o prisma dos consagrados princípios inspiradores do Estado Democrático de Direito, que tem sido a opção político-administrativa da República Federativa do Brasil.
É preciso sim que o discurso dos políticos seja centralizado, em essência, nos seus planos de governo, onde possa haver a materialização das suas ideias quanto aos seus projetos de gestão, deixando de lado esse pensamento retrógrado de fuzilamento ou de algo que não contribua em nada para a união dos brasileiros, que já foi destroçada exatamente por infelizes ideologias que ainda defendem o tratamento de “nós contra eles”, “pobres contra ricos”, “brancos contra negros” etc., cujo resultado tem sido verdadeiro desastre entre irmãos brasileiros, como mostram os fatos do dia a dia e isso é extremamente lamentável, quando o caminho da pacificação e da união pode contribuir para a consolidação da paz, do entendimento e da felicidade do povo.
Infelizmente, na modernidade, as redes sociais, com o aproveitamento dos avanços da tecnologia,  têm contribuído em muito para a radicalização de ideias e a disseminação do ódio e das desavenças sociais, em prejuízo do bom debate político e social, que poderia contribuir, de forma positiva, para a consecução do bem comum e o desenvolvimento da sociedade.
À toda evidência, o incidente com o candidato presidencial é clara demonstração da fragilidade de ideias políticas, no sentido do fortalecimento do pensamento construtivo e progressista, diante da visível penetração da violência nos debates das ideologias partidárias, onde ninguém cede em nada para se permitir nem mesmo o meio termo, como se diz no popular: nem muito à terra nem muito ao mar, porque assim seria muito mais fácil para se vislumbrar a luz no horizonte, em termos políticos, o que certamente funcionaria em benefício do bem comum.
A construção da convivência pacífica entre os brasileiros é dever de cada um de nós, mas, por certo, a maior responsabilidade recai sobre os ombros das lideranças políticas, que têm a incumbência de conceber as melhores ideias capazes de contribuir para a construção de um Brasil bem melhor e despojado do antagonismo de quaisquer formas, porque é importante que prevaleça em cada cidadão a liberdade para se expressar tal qual com a devida civilidade e se possível sem radicalismo, porque este pode gerar os indesejáveis ódio e agressão, que são contrários à consolidação da paz, concórdia e união, que são a base para o progresso do Brasil de todos e iguais brasileiros, sem violência. Acorda. Brasil!
Brasília, em 7 de setembro de 2018

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