O
Brasil ficou estarrecido e atônito com a agressão gratuita desferida, de forma
insana e violenta, contra um candidato à Presidência da República, que agora
lidera a preferência do eleitor, manchando de sangue o processo
político-democrático que até então caminhava em clima de normalidade, embora
não se possa negar algum acirramento nos embates travados entre opositores, que
fazem parte natural do processo eleitoral.
Não
resta a menor dúvida de que, no momento, existe indiscutível clima de
radicalização política no país, fruto da notória disputa entre esquerda e
direita, em irracional demonstração de incivilidade que não contribui em nada para
o desejável aprimoramento da democracia, que tem como princípios exatamente a
busca da construção harmônica da união da sociedade, para a satisfação do bem
comum.
A
título ilustrativo de péssimo exemplo, como forma de referência destrutiva e
deplorável, citem-se a infeliz menção feita dias atrás, em comício, pelo
candidato agredido, talvez dita como mera força de expressão, diante da
impossibilidade da sua execução, de que iria “fuzilar a petralhada”, expressão que teria motivada ação de
interpelação judicial, justamente por ser sentimento que não condiz com o clima
desejável de harmonia.
Em
se tratando de campanha eleitoral, melhor seria se evitar incitação ao
confronto ou ao enfrentamento de ideias de agressividade, para que elas não
sejam transformadas em realidade, como terminou sendo, logo contra o principal
ao alvo e idealizador de infeliz frase, que agora passa a servir de forte
exemplo para que o bom senso recomenda que a paz se constrói em clima de
respeito mútuo aos sentimentos individuais.
É
evidente que o discurso de ódio que permeia a campanha eleitoral, quando o
epicentro das discussões giza em torno do fim das restrições à venda de armas
(quando poderia ser com relação ao rigoroso controle das armas em poder da bandidagem),
acentuado desprezo aos sentimentos sobre opções sociais de vida e outros
comportamentos que precisam, depois desse incidente, ser repensados, como forma
essencial para a reunificação dos brasileiros em um entendimento de que a nação
é o resultado de etnia, raça, religião, ideologia etc.
A
verdade é que ninguém tem direito de enaltecer seu pensamento e muito menos de
depreciar os sentimentos dos outros, porque os seres humanos são exatamente
iguais tanto em direitos como em obrigações, à luz da Carta Magna, conquanto é
sabido que não é por meio da ideologia política que essas questões vão ser
saneadas, sob o prisma dos consagrados princípios inspiradores do Estado Democrático
de Direito, que tem sido a opção político-administrativa da República Federativa
do Brasil.
É
preciso sim que o discurso dos políticos seja centralizado, em essência, nos
seus planos de governo, onde possa haver a materialização das suas ideias
quanto aos seus projetos de gestão, deixando de lado esse pensamento retrógrado
de fuzilamento ou de algo que não contribua em nada para a união dos
brasileiros, que já foi destroçada exatamente por infelizes ideologias que
ainda defendem o tratamento de “nós contra eles”, “pobres contra ricos”, “brancos
contra negros” etc., cujo resultado tem sido verdadeiro desastre entre irmãos
brasileiros, como mostram os fatos do dia a dia e isso é extremamente lamentável,
quando o caminho da pacificação e da união pode contribuir para a consolidação
da paz, do entendimento e da felicidade do povo.
Infelizmente,
na modernidade, as redes sociais, com o aproveitamento dos avanços da tecnologia,
têm contribuído em muito para a radicalização
de ideias e a disseminação do ódio e das desavenças sociais, em prejuízo do bom
debate político e social, que poderia contribuir, de forma positiva, para a
consecução do bem comum e o desenvolvimento da sociedade.
À
toda evidência, o incidente com o candidato presidencial é clara demonstração
da fragilidade de ideias políticas, no sentido do fortalecimento do pensamento construtivo
e progressista, diante da visível penetração da violência nos debates das ideologias
partidárias, onde ninguém cede em nada para se permitir nem mesmo o meio termo,
como se diz no popular: nem muito à terra nem muito ao mar, porque assim seria
muito mais fácil para se vislumbrar a luz no horizonte, em termos políticos, o
que certamente funcionaria em benefício do bem comum.
A
construção da convivência pacífica entre os brasileiros é dever de cada um de
nós, mas, por certo, a maior responsabilidade recai sobre os ombros das
lideranças políticas, que têm a incumbência de conceber as melhores ideias
capazes de contribuir para a construção de um Brasil bem melhor e despojado do
antagonismo de quaisquer formas, porque é importante que prevaleça em cada
cidadão a liberdade para se expressar tal qual com a devida civilidade e se
possível sem radicalismo, porque este pode gerar os indesejáveis ódio e agressão,
que são contrários à consolidação da paz, concórdia e união, que são a base
para o progresso do Brasil de todos e iguais brasileiros, sem violência. Acorda.
Brasil!
Brasília,
em 7 de setembro de 2018
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