sábado, 29 de setembro de 2018

Estou dentro do eu de dentro?

O Tribunal Superior Eleitoral negou, por seis votos a um, pedido da coligação do presidenciável do PSL, para retirar o nome do ex-presidente da República petista de um logotipo do candidato do PT ao Palácio do Planalto.
A aludida coligação argumentou à Justiça Eleitoral que, na propaganda eleitoral do presidenciável petista, há a mensagem “Haddad é Lula”, cujos nomes aparecem com o mesmo tamanho e o da vice é 30% menor.
Para a referida coligação, a intenção é "incutir no eleitor a falsa informação de que Lula compõe a chapa” do PT.
O ministro-relator do pedido votou pela retirada do nome do ex-presidente do logotipo, sob o argumento de que a lei não impede a aparição do petista como “apoiador” e é “legítima a menção a feitos do PT”, mas o logotipo pode causar confusão no eleitor.
O relator disse que “De fato, não há previsão legal do registro de nome de apoiador junto aos candidatos ao cargo majoritário, mas a presença do nome de Lula nas dimensões que foram apresentadas pode, sim, levar o eleitor a certa confusão, o que enseja a pronta remoção do logotipo”.
Não obstante, os demais ministros discordaram do relator, por não haver previsão na lei para impedir o uso do nome de apoiador no logotipo e que “100% dos eleitores têm certeza de que o ex-presidente Lula não é o candidato. Não gera confusão. Fica muito claro que o candidato Haddad se socorre de Lula para obtenção dos votos”, disse outro.
A presidente da Corte afirmou que não identificou “desinformação. Eu vejo a afirmação de Haddad do patrimônio eleitoral do partido que ele integra”.
Embora não haja impedimento legal, mas o fato em si denota péssimo mau gosto de se incluir a figura de presidiário em slogan como apoiador de candidato, logo ao mais importante cargo da República, quando a prisão dele, segundo a Justiça, tem como base a prática de crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em claríssima incompatibilidade com os princípios da ética, do decoro, da moralidade, da honorabilidade, da improbidade, entre outras exigências de idoneidade que são antítese que quem se encontra cumprindo pena gravíssima, que jamais deveria servir de exemplo e menção em campanha eleitoral, principalmente por se tratar, no momento, de pessoa, na condição de encarcerada, extremamente contestada por parcela expressiva dos brasileiros, que anseiam pela moralização não somente da política, mas, em especial, do Brasil.
À toda evidência, esse fato mostra a decadência da política brasileira, em que ainda se considera legítimo que presidiário seja alçado como principal modelo de campanha eleitoral, em apoio ao candidato de seu partido, que não tem o menor escrúpulo de defender forma patética e estrambótica de condenado pela Justiça poder ser transformado em modelo de homem público, fato este que seria absolutamente tido por deplorável em qualquer republiqueta, quanto mais em países civilizados e evoluídos, ante o sentimento prevalente é o de que quem está preso não pode, em hipótese alguma, servir de exemplo para ninguém, quanto mais em se tratando de eleição para o cargo mais importante da República, em que é preciso que seus pretendentes tenham a sensibilidade para se respaldar em somente exemplos edificantes.
Não à toa que o candidato ao Palácio do Planalto pelo PT continua falando em nome do líder-mor, como se um e o outro fossem a mesma pessoa, à vista dos dizeres que muito bem caracterizam isso, estampados em slogan de campanha, como visto acima, de que “Haddad é Lula”, dando a entender que o candidato age como se fosse o próprio petista, i.e., como se ele fosse sósia, como expressão de marionete dele, demonstrando o ridículo de falta de personalidade logo de candidato ao principal cargo da República.
Esse ambiente é bastante lamentável para a realidade brasileira, que ainda se permite, evidentemente com o imaginável respaldo da desatualizadíssima legislação eleitoral, que, em pleno século XXI, um candidato se passe por outra pessoa, ou seja, fazendo as vezes de outro personagem, sem que este precise assumir nenhuma responsabilidade jurídica, mas a sua imagem está indevidamente inserida no contexto político.
Nem precisa ser bom entendedor para se concluir que o candidato do PT diz que ele é outra pessoa e isso significa que ele não tem personalidade própria, ou seja, em termos reais, o candidato, o presidenciável precisa se assumir e não tentar se passar por outrem, porque isso até não infringir o regramento jurídico, mas afronta sim mortalmente os conceitos da ética e da moralidade.
Certamente que essa forma esdrúxula de fazer política somente acontece no Brasil, em que o povo, nas suas santas ingenuidade e desinformação, ainda aceita que alguém faça, de maneira deliberada, o papel de outra pessoa, como se isso não tivesse explicitamente demonstrado o quanto as atividades políticas precisam evoluir muitíssimo, até mesmo para mostrar a sua verdadeira e benéfica finalidade de satisfação do interesse público, com embargo das causas pessoais e partidárias.
Ou seja, essa mudança cultural depende muito da conscientização do povo, que não pode mais aceitar vexaminosa manobra como essa, visivelmente com a intenção de enganá-lo, porque nem mesmo nas republiquetas alguém vai querer se passar por outra pessoa, de vez que, quando se diz que fulano é sicrano, o primeiro passa a ser o segundo e isso não condiz com a autenticidade que se espera dos homens públicos, que precisam se apresentar ao eleitor tal qual como sendo ele próprio, sem subterfúgio ou malemoleque, de vez que isso é próprio de quem resiste à própria personalidade, quando se declara que não tem responsabilidade jurídica para ser e se apresentar como si mesmo.
Além do mais, essa forma de se fazer política se torna muito mais ridícula porque a pessoa se apresenta como sendo outro agente, na disputa de cargo por ele, mas em nome de outra pessoa física, só com o detalhe de que, se o primeiro for eleito, é exatamente ele que, em princípio e juridicamente, vai assumir a responsabilidade pelo exercício do cargo para o qual foi eleito e não aquele outro agente que essa pessoa disse que era, de forma sistemática e indevida, para os padrões de idoneidade e pureza ínsitos dos verdadeiros homens públicos.
Não há a menor dúvida de que essa forma de se fazer política demonstra pobrezas moral e política tais que somente ainda no Brasil se permite que isso possa acontecer, em clara demonstração da ausência do sentimento de amor à própria pessoa como ser humano, que se apresenta como sendo outro ser com o claro e indiscutível propósito de se tentar levar vantagem política, quando, diante do nível cultural de quem assim procede errônea e exatamente dessa forma questionável, tem absoluta consciência de estar agindo fora dos padrões de moralidade e dignidade.
À toda evidência, os princípios do bom senso e da razoabilidade mostram exatamente que isso não se trata de procedimento pleno de correção, porque o correto é cada qual ser o que é, com sua personalidade, sua individualidade, sua integridade, porque quem assume e responde juridicamente por seus atos, certos ou errados, é a própria pessoa, o candidato e não aquele que ele diz que é, apenas como forma esperta e ilegítima de tirar proveito, no âmbito do deplorável e condenável jeitinho brasileiro.
Esse expediente despudorado jamais deveria ser permitido, em se tratando que o candidato aspira exercer o cargo de príncipe da República, motivo pelo qual ele tem obrigação moral de dar bons exemplos de dignidade, moralidade e legitimidade, não permitindo, em hipótese alguma, dizer que é outra pessoa somente com a finalidade de se beneficiar eleitoralmente, em processo visivelmente estranho à licitude e à moralidade.
É extremamente lamentável que o candidato petista não assuma a sua personalidade e o mais grave é que isso é feito tão escrachadamente e intransigente que se busca reafirmação mesmo diante da Justiça, que decidiu corretamente, porque a lei não proíbe que essa forma esdrúxula de desmoralização política possa ocorrer, porque ela faz parte do sentimento de integridade de quem demonstra não ter amor a si próprio, que não se permite se passar por quem quer que seja, mesmo que isso possa traduzir em vantagem indevida e ilegítima, como é exatamente o que se verifica no caso do presidenciável do PT.
É precisa sim ser chamada a atenção da sociedade para esses fatos degradantes dos princípios republicano e democrático, de vez que ela insiste em não querer perceber a gravidade dessa monstruosa e deprimente farsa consistente na deformidade política, quando alguém se submete ao ridículo e questionável papel de coadjuvante da desmoralização protagonizada por aproveitadores da ingenuidade de pessoas possivelmente fanatizadas, que ainda se sentem felizes com atrocidades e imoralidades praticadas na política, que, ao contrário, deve ter por finalidade somente o emprego de práticas saudáveis e construtivas de bons princípios e de condutas exemplares de cidadania.
Convém que os honrados brasileiros se conscientizem sobre a existência de tristes mazelas políticas, em especial sobre os fatos acima narrados, que são capazes de contribuir para tornar o sistema político-eleitoral péssimo exemplo de deplorável, desmoralizada e corrompida democracia, em aprendizado monstruoso para a formação de novos políticos brasileiros, que precisam urgentemente se distanciar da atual classe política reconhecidamente decrépita pela opinião pública, em termos de parâmetro de democracia moderna, desejável pelas nações sérias, civilizadas e evoluídas.
Essa maneira de tentar se passar por outra pessoa, permanecendo exatamente como ela é, tem a nítida pretensão ao transformismo com o misto de oportunismo para se beneficiar eleitoralmente da estratégia, em cujo processo há a exploração da ingenuidade de pessoas, o que se traduz em procedimento indevido e ilegítimo, à luz dos salutares princípios segundo os quais, em termos de responsabilidade jurídica, a pessoa é ela mesma e não pode se passar por outrem, quanto mais para se beneficiar da situação, porque isso, no fundo, tem o nome de falsidade ideológica, que pode, dependendo das circunstâncias, ser enquadrada como crime, quando alguém tenta se passar indevidamente por outra pessoa, como é o caso caracterizado na propaganda eleitoral em questão.
É de extrema necessidade que os brasileiros honrados, ungidos pelos melhores sentimentos de amor ao Brasil, não somente repudiem, de forma veemente, os homens públicos que insistem na prática de atos insensatos e inescrupulosos, tendo por finalidade o aproveitamento das oportunidades propiciadas pelos deficientes sistemas político-partidários para a realização de seus projetos políticos, nem sempre republicanos, em evidente detrimento das causas do Brasil e do povo, mas se esforcem para eliminá-los, o quanto antes possível, da vida pública, em consonância com a pureza e o primado institucionalizados pelos objetivos republicano e democrático. Acorda, Brasil!
          Brasília, em 29 de setembro de 2018

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