Uma guia da Casa de Dom Inácio de Loyola, em
Abadiânia, onde o médium denunciado por abusar de mulheres faz seus
atendimentos espirituais, postou vídeo nas redes sociais em que procura defender
seu líder de religião.
A amiga do médium relata como foi sua experiência
no centro espírita e questiona a falta de provas sobre os supostos abusos
sexuais denunciados por centenas de mulheres, na mídia e também junto ao
Ministério Público, que resultaram em fortes mudanças em sua vida, dando por exemplo
a cura de câncer de mama e aquisição de um imóvel.
Ela diz ainda que vê no médium acusado de abuso a
figura de pai atencioso, generoso, bondoso e afirma que, por ser bastante
requisitado, o médium dificilmente fica sozinho em sua sala - local onde teriam
ocorrido os abusos denunciados.
Em seguida, a guia diz ter presenciado episódios em
que mulheres pediram dinheiro ao médium João de Deus para bancar os custos da
viagem a Abadiânia.
Na sua versão, ela teria presenciado três mulheres que
teriam prometido entrar na Justiça, por assédio sexual, caso o seu líder
espiritual se recusasse a pagar por seu silêncio, mas ela também não apresentou
provas sobre esse relato.
Na sua defesa, a amiga do médium disse: "Estou aqui também para dar os bastidores de
algumas mulheres em relação ao médium João de Deus. Então, a minha
pergunta é: 'Por que você que esconde o rosto, que faz a denúncia, por que
quando tudo lhe aconteceu [...] não
pediu ajuda a quem quer que seja? Ou quem foi com você? [...] Por que você em vez de procurar a polícia,
procurou a rede Globo?".
A aludida guia também questiona a falta de provas
materiais contra o médium, tendo declarado, verbis:
"Outra coisa, vivemos na era digital,
onde podemos gravar uma imagem, gravar um barulho qualquer que seja...Onde
estão estes recursos? Onde estão estas provas? Que sejam apresentadas, nós
também queremos vê-las. Não esconda seu rosto".
Eis aí questão das mais delicadas tanto para quem
acusa, que somente pode contar com a graça da boa vontade dos investigadores,
que precisam formar juízo mais com base na quantidade das queixas, porque prova
só se houver a geração de filhos ou algo mais plausível, e, no mais, é infinitamente
impossível que alguém sozinha com o abusador consiga filmar, fotografar ou
gravar algo do gênero, para servir de prova, já que a vítima se encontra sob absoluto
controle do molestador, pela proximidade de ambos, no momento que tudo acontece
e o médium jamais permitiria que pudesse haver qualquer resquício de provas
sobre seu crime.
Vê-se que a defesa em comento se prende tão somente
ao fato, basicamente, da cura de sua doença, acontecida justamente com emanação
do plano espiritual, como tentativa de ajudá-lo, em termos de testemunha, não ajudando
em nada como forma de justificativa para as possíveis maldades perpetradas no
plano material, que se robustece a todo momento com a quantidade absurda de
mulheres se apresentando para prestarem denúncias contra o médium, que também
não tem como provar que é inocente acerca de fatos monstruosos, ainda da maior
gravidade diante da sua missão essencialmente voltada para a caridade espiritual,
por meio da qual havia as imperdoáveis perversidades contra pessoas inocentes e
indefesas.
Nesse caso, não passa de ingenuidade se falar em
provas, por mínimas que sejam, diante das circunstâncias de isolamento de
somente duas pessoas próximas, uma da outra e molestador não iria facilitar no
levantamento de provas contra ele, porque o criminoso sabe perfeitamente que qualquer
prova é capaz de decretar o fim do seu império.
O
certo é que ninguém pode fazer juízo de valor sobre fatos que inexistem provas,
mas, nas circunstâncias, a quantidade elevada de pessoas, para centenas, que
alegam ter sido violentadas e abusadas pelo médium leva à necessidade urgente
de investigação profunda de todos os casos vindos agora à tona, diante das
fortes suspeitas sobre as semelhanças dos acontecimentos, absolutamente
irracionais e injustificáveis, que ninguém se atreveria a se expor se não tivesse
o mínimo de plausibilidade.
O
questionamento sobre a falta de provas é muito simples de ser explicado, porque
o paciente não está autorizado a gravar o seu atendimento e o episódio acontece
justamente em circunstância de momento em que a pessoa se encontra sob tensão, com
o pensamento completamente voltado para o mundo espiritual, na busca da sua
cura, em que prevalece apenas o normal sentimento de que ali somente podem
acontecer fatos de pureza, caridade, assistência eminentemente espiritual.
Ninguém,
de sã consciência, pode imaginar que algo tão absurdo e estranho como essas
investidas diabólicas sexuais possam acontecer em pleno centro espírita, cujo
cerne do atendimento se relaciona com a caridade, a ajuda e o amparo para o bem
material e espiritual, sem se atentar que poderiam haver consequências são
absolutamente imprevisíveis e totalmente fora de controle por parte da pessoa
agredida na sua honra, já nesse momento por parte de elemento doente, deformado
e monstruoso, estritamente no plano terreno, fato este que contradiz
completamente o sentido assistencialista de ajuda, amor e caridade próprios dos
sentimentos benfazejos dos espíritos de luz, que trabalham no plano espiritual
com o propósito de praticar exclusivamente o bem às pessoas crédulas e de boa vontade.
É
lamentável que essa tragédia possa ter acontecido, mas as benfeitorias vindas
do plano espiritual, de pureza e bondade, na construção do bem, não podem ser
confundidas com os desastres e os horrores protagonizados por quem ainda se
encontra no plano terrestre, cujos atos libidinosos e monstruosos são próprios,
nesse caso, ao ser humano, cujo autor, se confirmada a sua culpa, precisa pagar
por seus gravíssimos pecados, evidentemente se for o caso, depois de
devidamente apurados, com a isenção e os critérios segundo o regramento
jurídico pátrio, de modo que, enfim, os fatos possam ser aclarados e
fundamentados, para o bem da sociedade, porquanto a imagem de pureza do médium somente
por milagre será salva, à vista de centenas de denúncias da maior gravidade
contra ele.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 14 de dezembro de 2018
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