segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

O malogro do princípio civilizatório


A guerra violenta e permanente travada pelo regime chavista contra os meios de comunicação independentes fez a sua derradeira vítima, com a extinção do importante jornal “El Nacional”, fundado há 75 anos.
O “El Nacional” deixa de circular, exatamente porque foi asfixiado pela perseguição do governo, que se arrastava há pelo menos 15 anos na forma de restrições à importação de papel, processos e pesadas multas judiciais, além de violência de militantes, tudo com a finalidade de dificultar o trabalho da informação na Venezuela.
Não é novidade que o aludido jornal seja o último sobrevivente de circulação nacional, que mantinha linha independente da ditadura venezuelana, porque, entre os anos de 2005 e 2017, a chamada revolução bolivariana impôs o fechamento, pasmem, de 99 emissoras de rádio e de TV e tirou de circulação pelo menos 33 jornais, segundo dados do Instituto de Imprensa e Sociedade Venezuelana (IPYS), que também deverá ser extinto, diante da inexistência da imprensa, que tem a predominância de órgão oficial.
O diretor do “El Nacional” ressaltou que o assédio aos meios independentes completa o perfil de “uma ditadura pura e dura”, na qual não há divisão de poderes nem liberdade de expressão e continua o seu pensamento: “Conseguiram silenciar a rádio e a televisão e fizeram desaparecer os meios impressos independentes, transformando-os em plataformas web “.
Aquele diretor disse, em tom de desabafo, que, com o fim de sua edição impressa, “O El Nacional ainda resiste, mantendo sua operação digital como testemunha de arbitrariedades que ocorrem no país, entre elas, a repressão de opositores, a manipulação política de índices e o sumiço de alimentos e medicamentos.”.
Não obstante, o diretor disse, de forma contundente, que “A censura oficial também é forte na internet, com frequentes bloqueios de sites e portais e penas de 20 anos de prisão aos acusados de promover o discurso de ódio por meio destas plataformas. É o que prevê uma lei aprovada no ano passado pela Assembleia Nacional Constituinte, que tem como objetivo principal limitar a diversidade de conteúdo dos meios de comunicação tradicionais e digitais.
O diretor concluiu o seu lamento de comunicador, dizendo que “O governo venezuelano utiliza como táticas de cerceamento da liberdade de expressão o bloqueio de sinais internacionais, a compra de meios de comunicação, e multas pesadas aos que se mostram críticos das políticas chavistas.”.
No ano passado, o CNN em espanhol teve seu sinal cortado pelo governo, dias depois de apresentar uma reportagem sobre a emissão fraudulenta de passaportes e vistos. Atualmente, só é possível assistir à programação da emissora pela internet, mediante um sinal gratuito habilitado pelo canal.
O fundador da Globovision disse que  Somos inviáveis politicamente porque estamos num país totalmente polarizado e do lado contrário de um governo todo poderoso que quer o nosso fracasso”.
O fim da circulação impressa do “El Nacional” coincide com a escolha do trabalho de jornalistas perseguidos, presos ou mortos como personalidade de 2018, pela revista americana “Time”, que faz justiça aos guardiões da verdade, que são procurados e eliminados na Venezuela.
A verdade é que, na ditadura venezuelana, o jornalismo livre e independente é uma espécie em extinção ou já extinta, haja vista que ninguém pode publicar os atos da ditadura própria do regime socialista, cujo governo controle as atividades da imprensa, inclusive por meio da internet, que são censurados, punidos e impedidos de continuar em atividade no país, que se tornou símbolo da brutal repressão à impressa privada.
O fechamento das portas do jornal “El Nacional” é clara demonstração de que a ditadura venezuelana não tolera a convivência da imprensa que noticia e mostra a podridão de governo totalitário, que não permite que os fatos do país sejam mostrados exatamente como eles acontecem, porque a opinião pública não pode ser influenciada pela verdade sobre eles, exatamente por contradizer o pensamento ideológico do regime socialista, segundo o qual quanto menos a verdade seja mostrada, mais tranquilidade para o governo déspota e ditatorial, que tudo tem feito para ocultar a decadência do Estado, principalmente no que se refere à gestão dos recursos públicos, cuja economia se encontra em completa indigência.
A eliminação da imprensa é fator de suma importância para governo ditatorial, totalitário, que fica livre de extraordinário e imprescindível controle exercido pelos meios de comunicação, principalmente o jornal, que tem a incumbência de desempenhar papel fundamental e da maior relevância social, a contribuir, de forma expressiva e notória, com a disseminação de notícias de interesse da população, como forma de facilitação das relações sociais e do desenvolvimento humanitário.
Causa enormes espanto e perplexidade se perceber que, mesmo diante de quadro cristalino de desprezo à imprensa livre e da declarada truculência contra o direito da informação e da notícia, fatos estes que são normalmente inadmissíveis e abomináveis em nações sérias, civilizadas e evoluídas, em termos políticos e democráticos, a esquerda tupiniquim não protesta contra essa forma absurda de retrocesso no campo das comunicações sociais, quando, ao contrário, ela apenas presta solidariedade aos atos de tirania do regime socialista venezuelano, também nesse particular, ao hipotecar total apoio às medidas que vão, de forma indiscutível, na contramão do desenvolvimento da humanidade, no sentido de que a falta de informação, notícia, contribui diretamente para o enclausuramento do conhecimento da sociedade sobre o que acontece no país e no mundo.  
Não há a menor dúvida de que a repressão aos meios de comunicação tem o condão de contribuir para o retrocesso ao desenvolvimento da humanidade, com o cerceamento às informações essenciais à liberdade e à individualidade, em evidente demonstração de governo em plena evolução da tirania e do totalitarismo absolutamente prejudiciais à reafirmação dos direitos humanos e dos princípios democráticos, mostrando o pleno malogro dos sentimentos civilizatórios e da precariedade das relações entre o Estado e a população, em clara evidência do crescente fortalecimento da ideologia socialista, de pleno e notório retrocesso da humanidade.      
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 17 de dezembro de 2018

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