sábado, 15 de dezembro de 2018

Reavaliação sobre renúncia fiscal


Alvo de diversas polêmicas no período eleitoral, a Lei Rouanet movimentou quase R$ 50 bilhões entre 1993 e 2018, segundo pesquisa inédita realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), sob encomenda do Ministério da Cultura.
A bilionária cifra é o somatório de impacto direto, no valor de R$ 31 bilhões, e indireto, na quantia de R$ 18,5 bilhões, no período analisado.
O número supera o valor da renúncia fiscal concedida pelo mecanismo de incentivo, que foi de R$ R$ 17,6 bilhões, desde 1993.
As aludidas cifras podem estar subdimensionadas, porque os pesquisadores não levaram em conta recursos vindos de outras fontes, como no caso das receitas referentes às vendas de produtos - como livros e ingressos - e aos gastos que o público faz em grandes eventos, como aqueles com hotel, transporte e alimentação.
As áreas que geram maior impacto econômico, ainda segundo o estudo da FGV, são as de patrimônio cultural, artes cênicas e música, respectivamente nos valores de R$ 12 bilhões, R$ 12 bilhões e R$ 10 bilhões.
As demais áreas contempladas pela lei de incentivo - artes visuais, audiovisual e humanidades - tiveram menor impacto, mas mesmo assim tiveram o impacto do valor de R$ 5 bilhões cada.
Não obstante, o investimento na área de humanidades, que consiste no setor editorial e nos eventos literários, gerou o impacto econômico proporcionalmente maior do aquele feito nas áreas que precisam de mais dinheiro.
Por fim, foi constatado que cada real investido em feiras literárias ou na produção de livros, R$ 1,7 são movimentados na economia como um todo. Com informações da Folhapress.
          Nesse levantamento dos investimentos com base na Lei Rouanet, mostra a astronômica quantia de recursos que foram efetivamente renunciados pelo governo, em nome de incentivo à cultura brasileira, em cifras extraordinárias que extrapolam os bilhões de reais, que poderiam ter sido arrecadadas e aplicadas em atividade ou projetos de interesse da população realmente carente e relegada, exatamente porque esse dinheirama foi desviado para interesses nem sempre justificáveis, em termos da plena satisfação do interesse público.
Urge que as mesmas entidades que levantaram as montanhas de recursos dispersos nos projetos ditos culturais também promovam a apuração dos reais benefícios proporcionados com o emprego desses recursos, para que seja possível se aquilatar a razoabilidade da sua destinação para eventos, muitas das vezes, absolutamente desnecessários e injustificáveis, em termos do atendimento de programas e projetos de interesse público, em harmonia com a incumbência constitucional do Estado.
Esse levantamento é de suma importância para municiar o futuro governo federal na elaboração de seu programa de trabalho, tendo conhecimento precisamente dos resultados das renúncias fiscais e dos seus fiéis beneficiários, porque é normal que, ao meio dos eventos contemplados, seja possível a geração de batalhão de inescrupulosos interessados em promover eventos culturais e artísticos das mais diversificadas matizes, justamente para se apoderarem de parcela significativa dos recursos generosamente concedidos em nome da “cultura” tupiniquim.
O futuro presidente da República precisa exigir que os beneficiários dos recursos pertinentes às renuncias fiscais previstas na Lei Rouanet apresentem projetos calcados em consistência tal que tanto eles, se aprovados, como as indispensáveis prestações de contas possam realmente refletir e justificar o real emprego dos recursos destinados às finalidades culturais, demonstrando, de forma cabal e minuciosa, o verdadeiro benefício à cultura e aos brasileiros, em termos de plena satisfação do interesse público.   
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em  de dezembro de 2018

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