Ainda de jalecos brancos e levando as bandeiras dos
dois países, chegaram de volta a Havana os primeiros médicos cubanos que
retornam do Brasil, depois que a ilha decidiu deixar o programa Mais Médicos, em
declarada reação às críticas do presidente da República eleito.
O presidente de Cuba foi ao terminal aéreo junto
com outros dirigentes para recepcionar e saudar os compatriotas, conforme foi
relatado pelo jornal Juventud Rebelde, órgão
oficial.
O mandatário cubano declarou, em tom eufórico, que “Nas primeiras horas de sexta-feira começam a
chegar à Pátria os apóstolos da saúde cubana, que são #MasQueMedicos. Nossa
homenagem aos homens e mulheres que fizeram história no Brasil. Bem-vindos pra
casa”.
No total, o grupo gira em torno de pouco mais de
8.300 cubanos que devem deixar o Brasil até o final da primeira quinzena deste
mês, depois de Havana ter decidido, unilateralmente e de forma abrupta, se retirar
do acordo mantido pela Organização Pan-americana de Saúde (OPS), há cinco anos
com o Brasil.
Um dos médicos, ao se desembarcar em Havana, disse
que “Voltamos hoje, e assim farão nossos
colegas, com toda honra e dignidade do mundo. Nunca permitiremos ameaças, nem
que questionem o humanismo e o profissionalismo com que atendemos nossos
pacientes brasileiros”.
A verdade é que o presidente brasileiro eleito esclareceu,
em forma de condicionamento para a permanência dos profissionais cubanos no
Brasil, que haveria de ser aplicado o teste conhecido pela revalidação dos seus
diplomas, além de a necessidade da contratação individual com o governo
brasileiro, que lhes permita receber o salário integral, assim como a liberdade
para eles trazerem as suas famílias (cônjuges e filhos) para o Brasil.
Ao que se sabe, Cuba paga a seus médicos no
exterior, a exemplo dos profissionais que estavam no Brasil, apenas 30% do que eles
recebem por seu trabalho no exterior, enquanto eles mantêm, na ilha, seus postos
de trabalho e salários e dedica o restante dos recursos, cerca de 70%, ao orçamento
público, sob a justificativa ditatorial
de que essa quantia se destina ao apoio de sistema de saúde gratuito e
universal para seus cidadãos.
Causa perplexidade que a exportação de mão de obra
profissional, na forma da que era mantida no Mais Médico, é a principal atividade
da economia cubana, que proporcionou mais de 10 bilhões de dólares anuais ao
orçamento estatal, embora esse montante tenha baixado consideravelmente nos
últimos anos, em razão das crises sociais e econômicas da Venezuela, onde
trabalham milhares de médicos cubanos.
Parece até sintomático, mas desde que a decisão unilateral
de Cuba foi anunciada, a imprensa da ilha, que praticamente só interpreta o
pensamento oficial, com a intensificação da campanha sobre o tema relacionado
aos profissionais cubanos, fazendo fortes acusações contra o presidente
brasileiro eleito.
Como se pode perceber, o futuro mandatário
brasileiro não teria feito nada de anormal, sem qualquer conotação com algo
exagerado, se não tencionasse tão somente regularizar algo absolutamente
contrários aos princípios humanitários, consoante as relações estritamente em
harmonia com o regramento jurídico dos países civilizados e integrantes dos
sentimentos de defesa dos direitos humanos, principalmente em defesa do cumprimento
universal da legislação trabalhista.
Ou seja, em se tratando que a regra geral em
prática com todos os médicos do Mais Médicos, inclusive com relação aos estrangeiros
de outros países, o contrato de trabalho é feito individualmente, em que fica
estabelecido o pagamento integral e diretamente ao profissional, que têm plenos
direitos de permanecer e morar, no Brasil, com a sua família, enquanto
estiverem vinculados ao programa.
No caso dos médicos cubanos, havia o contrato com
entidade privada, absolutamente estranha ao governo cubano, com a
caracterização da contratação de serviços médicos, sem nenhuma vinculação com o
governo brasileiro com os médicos cubanos, além do pagamento do salário ser
diretamente à entidade pan-americana, que o repassa ao governo cubano, que, por
sua vez, se beneficia indevidamente, por que de forma ilegítima, de 70% dele,
ficando claro o trabalho de semiescravidão dos cubanos, eis que a diferença era
gritante, em termos comparativos com os demais médicos, que fazem o mesmo
trabalho, com a diferença que eles recebem o valor integral equivalente ao seu
trabalho.
Não há a menor dúvida de que o futuro presidente
brasileiro quis apenas deixar claro que, no seu governo, essa forma de
semiescravidão notoriamente acobertada pelos dois últimos governos tupiniquins
não seria tolerada pelo mandatário que foi eleito justamente pela esperança de
que imoralidade e desmoralização não têm espaço na sua gestão, com o que o
governo ditatorial de Cuba não teria realmente como aceitar, porque o
sentimento que é imposto ao seu povo não condiz com os princípios humanitários
e muito menos com o respeito à legislação aplicável ao trabalho, que é praticamente
universal e precisa ser observada, para a consolidação dos direitos humanos.
Nesse particular, à toda evidência, o futuro
presidente da República brasileiro se houve com o devido louvor, em estrita
harmonia com os princípios legais aplicáveis à espécie, por mostrar as cristalinas
fragilidade e decadência dos governos que cuidaram do Mais Médicos, por terem
permitido que essa notória indignidade fosse mantida incólume nas suas gestões,
quando não deveriam ter aceitado que profissionais cubanos fossem obrigados ao
trabalho de semiescravidão, em total reprovação do mundo civilizado, principalmente
em termos da legislação trabalhista.
Brasil:
apenas o ame!
Brasília,
em 7 de dezembro de 2018
Nenhum comentário:
Postar um comentário