sábado, 8 de dezembro de 2018

Repúdio à convalidação de arbitrariedades


Com o abrupto rompimento de Cuba do Mais Médicos, muitos profissionais daquela país se recusaram a retornar imediatamente para o seu país, mas receberam ameaças estarrecedoras, entre as quais a proibição de ingresso em Cuba, pelo período de oito anos.
Uma médica cubana anunciou, em transmissão ao vivo pelo youtube, que teria decidido, em caráter irrevogável, permanecer no Brasil do que “regressar ao flagelo da ditadura cubana. É uma decisão da qual não me arrependo”.
Essa declaração foi feita em tom de desabafo, por profissional que havia desembarcado no Brasil em outubro de 2016, com destino ao município de Paranatinga, interior de Mato Grosso, em substituição a um colega.
Em seguida à declaração de ruptura, a médica recebeu a ligação do Coordenador Estadual da Brigada no estado de Mato Grosso, cuja conversa teria começado em tom ameno, mas não demorou para se transformar em truculento o tom ameaçador, no seguinte teor, verbis: “Pense bem doutora, eu apenas sugiro (…) no final, se você ficar aqui, você sabe que não vai entrar em Cuba por oito anos. E você tem família em Cuba (…) e se algo acontecer com um de seus familiares, que tomara não aconteça, você não poderá entrar no país (…). Se você não entrar nesse voo, eu te reportarei por abandono do posto. Quando eu preencher essa ficha, ela automaticamente vai para a imigração e em oito anos você não poderá ir a Cuba. Isso não tem retorno”, advertiu o coordenador numa ligação de sete minutos gravada pela médica, à qual ISTOÉ teve acesso, segundo dito pela revista.
De acordo com aquela revista, em que pese inexistir norma escrita, os cubanos em “missões internacionalistas”, inclusive os médicos que decidirem abandonar os contratos laborais, são banidos e proibidos de voltar a Cuba, pelo período de oito anos.
Uma médica que se recusou a retornar ao seu país, quando trabalhava na Venezuela disse que “O castigo é arbitrário e busca punir de maneira exemplar àqueles que ousam desobedecer. Nega o direito de entrar na nossa própria terra e o direito de conviver com nossos familiares”.
Travestidos de “consultores internacionais”, os funcionários cubanos compuseram e ainda compõem no Brasil – ao menos enquanto aqui estiverem – uma rede de vigilância montada pelo regime para exercer controle total sobre os profissionais enviados pela ilha – tratados por esses agentes cubanos quase como escravos desde que desembarcaram em solo brasileiro.
A revista ISTOÉ disse que “E-mails, mensagens e depoimentos obtidos por ISTOÉ lançam luz sobre a atuação desta rede de verdadeiros capatazes em Santa Catarina, Rio Grande Sul, Rio de Janeiro, Bahia, Mato Groso, Goiás e Pará. Era para esses ‘consultores’ da OPAS que os médicos deviam informar sobre cada passo. Desde visitas familiares que receberiam de Cuba até meras saídas para outros municípios fora do horário do expediente. Os agentes cubanos controlavam para que a permanência dos parentes no Brasil não excedesse três meses, sob pena de o profissional ser desligado do programa Mais Médicos. Segundo o relato de uma médica cubana, para comprovar o retorno para Cuba do marido, foi exigido o envio do cartão do embarque. No caso de viagens para fora dos municípios de atuação, mesmo nas folgas, médicos relataram que deviam ter autorização do coordenador para se deslocar, informando o endereço onde ficariam. Caso contrário, eram punidos.”.
Segundo a revista, médicos cubanos rompidos com o regime ditatorial, que decidiram ficar no Brasil, denunciaram outras situações de autoritarismo, descaso, abuso de poder e até assédio sexual por parte dos coordenadores cubanos.
Uma médica cubana disse que “Ele me fez sofrer muito, me ofendia, me humilhava, me chamava de indisciplinada e ameaçava analisar meu caso e me desligar. Passei a gravar as conversas. O coordenador, segundo ela, oferecia pagar a passagem para a capital do estado, a mais de 380 km da região onde a médica exercia, para “relaxar um pouco no hotel com ele”.
Esse é o relato de uma médica que disse que teria sido vítima de assédio sexual do seu superior estadual, durante um longo período, tendo relatado o fato a outra médica, que confessou ter recebido os mesmos apelos e afagos do coordenador.
Outro cubano, que também rompeu com o regime, optou por não voltar ao seu país, tendo igualmente vivenciado a forte pressão dos emissários de Havana, na forma da sua narração, que se segue: “Tive a amarga experiência de receber a senhora Amaylid Arteaga García (assessora estadual) na minha casa. Fez uma série de denúncias e ameaças porque, supostamente, meu nome estaria na lista de 180 médicos que haviam entrado na Justiça do Brasil pelo direito de assinar um contrato individual no Programa Mais Médicos. Disseram que iam me colocar no primeiro avião para Cuba e que estavam avaliando invalidar meu diploma de medicina. Eles ameaçam sempre de forma verbal, não deixam registros”.
O mencionado médico foi expulso do Partido Comunista, por não ter voltado para Cuba, por meio da estrutura partidária montada pelos cubanos no Brasil.
Em um grupo fechado de médicos no Facebook, era evidente a revolta contra a decisão cubana de deixar o Mais Médicos e isso foi extravasado, tendo comprometido o sigilo partidário, que foi quebrado.
Havia protestos entre eles, principalmente no que se refere ao pouco tempo concedido para eles organizarem o envio dos pertences para Cuba, pela falta de dinheiro para transportar eventualmente uma carga e a ausência de informações sobre o traslado.
Conforme dados oficiais, até março deste ano, o Ministério da Saúde havia desembolsado mais de R$ 6,6 bilhões em pagamento pela permanência dos cubanos no Mais Médicos, de cujo valor 5% se destinava à OPAS, entidade encarregada de intermediar a contratação dos profissionais cubanos.
Ao contrário do que acontecia com os médicos brasileiros e os de outras nacionalidades, os profissionais cubanos recebiam apenas o valor de R$ 2.976,26 dos R$ 11.800,00 referentes à bolsa paga pelo Mais Médicos, cuja manobra para essa absurda retenção salarial pactuada entre o governo petista e o regime ditatorial cubano somente foi possível graças ao mecanismo usado para a contratação dos cubanos, por meio da entidade conhecida por OPAS.
Na forma do 80º Termo de Cooperação Técnica assinado entre o governo do PT e o OPAS, a entidade ficou responsável pelo fornecimento de profissionais de saúde para atendimento da população brasileira, o que vale dizer que os cubanos trabalhavam no programa não através de contratos individuais com o Ministério da Saúde brasileiro, mas como parte de um acordo de cooperação entre a OPAS e Cuba, ou seja, os cubanos não tinham qualquer vínculo com o governo brasileiro, fato que demonstra monstruosidade jurídica, porque se tratava de forma de contratação entre dois governos, com a intermediação de entidade privada, havendo total inversão da ordem jurídica, tão somente para satisfazer os interesses do governo comunista, que previa dificuldade da formalização do acordo se ele fosse celebrado na forma do regramento legal entre duas nações civilizadas e evoluídas.
Com isso, na forma do contrato, o governo brasileiro entregava à OPAS os valores totais dos salários e das ajudas de custo pertinentes, que eram repassados integralmente para Cuba, que se encarregava de fazer o pagamento da remuneração dos médicos, por meio de depósitos que saíam da Embaixada de Cuba, em Brasília.
Em síntese, os fatos mostram que o governo petista convalidou contratação de profissionais médicos, de origem cubana, aceitando, sem restrição alguma, que Cuba impusesse o seu regime mesmo no território brasileiro, quando seus supervisores e coordenadores tinham a incumbência de fiscalizar e impor restrições aos cubanos, inclusive com ameaças explícitas de punição, caso eles não quisessem aceitar cumprir as ordens do regime comunista.
          Na verdade, a mais grave forma de escravatura foi praticada com o conhecimento das autoridades brasileiras, incrustada nos três Poderes da República, quando aceitaram que a maior parte da ajuda de custo paga pelo programa aos médicos participantes do programa era solenemente embolsada pelo governo cubano, que ficava com 75% dos salários dos médicos, por trabalho igualmente feito por outros médicos, que ficava com o total do salário, fato que mostra claramente a forma de trabalho escravo, ficando evidenciadas verdadeiras atrocidades típicas do regime cubano, tudo sendo pago com o dinheiro dos bestas dos brasileiros.
O resultado da contratação dos profissionais cubanos não poderia ter sido de maneira tão desastrosa, em que o governo petista se submeteu à vontade do governo ditatorial cubano, em clara subserviência jamais permitida por governos sérios e responsáveis, que certamente teriam exigido que os trabalhadores contratados recebessem a integridade do salário ajustado para o exercício da sua profissão e que eles também tivessem condições normais da convivência com a sua família, podendo, se assim eles quisessem, trazer seu cônjuge e seus filhos, em manifestação clara de respeito à dignidade do ser humano.
À toda evidência, a proibição da permanência de familiares dos médicos em Cuba já demonstrava total desumanidade e desrespeito aos direitos humanos, que o governo brasileiro jamais deveria ter concordado, principalmente que o interessado no acordo, em princípio, era o Brasil, que deveria impor as regras fundamentais, notadamente na estabelecimento da primazia do cumprimento dos conceitos mais evoluídos das relações sociais mais desenvolvidas.
Convém que o futuro presidente da República brasileiro, que já foi considerado o principal responsável pelo rompimento do Mais Médicos por parte de Cuba, jamais permita que o Brasil volte a celebrar estapafúrdios acordos internacionais de extrema valorização do desrespeito à legislação pertinente aos direitos trabalhistas e humanos, de modo que seja evitada a reincidência de trabalho escravo com o consentimento dos Poderes da República, a exemplo do que ocorreu com a participação dos profissionais cubanos no Brasil.      
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 8 de dezembro de 2018

Nenhum comentário:

Postar um comentário