segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Defesa da democracia?


O Partido dos Trabalhadores anunciou, como forma de boicote ao novo governo, que seus deputados e senadores eleitos não participarão da cerimônia de posse do presidente da República, em 1º de janeiro.
Nos termos da nota expedida pelo partido, o resultado das urnas é legítimo, mas "isso não impede (o PT) de denunciar que a lisura do processo eleitoral de 2018 foi descaracterizada pelo golpe do impeachment, pela proibição ilegal da candidatura do ex-presidente Lula e pela manipulação criminosa das redes sociais para difundir mentiras contra o candidato Fernando Haddad".
O partido também diz que a ausência na cerimônia é ato de resistência, em protesto a "discursos e ações que estimulam o ódio, a intolerância e a discriminação. Não aceitamos que tais práticas sejam naturalizadas como instrumento da disputa política". 
A nota esclarece que, no dia 1º, dia da posse do novo presidente eleito, apoiadores do ex-presidente da República petista planejam fazer atos em defesa da democracia, na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR), onde o petista se encontra cumprindo pena de condenação pela Justiça, de doze anos e um mês de prisão, pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A assessoria do PT não confirmou se haverá a participação de parlamentares nas manifestações no dia 1º, em Curitiba.
Trata-se de anúncio de medida completamente inócua e desnecessária, quando se sabe que boicote, no estrito sentido etimológico da palavra, nada mais é do que se recusar a ter relações ou afinidades com determinada situação, conforme o caso, que funciona como manifestação de protesto, em termos negativos, em contestação contra quem se destina o ato supostamente hostil.
No caso de que se trata, essa forma de pseudo protesto caiu como uma luva nos interesses do presidente eleito, haja vista que ele certamente sentir-se-ia extremamente angustiado se o PT tivesse anunciado, ao contrário, que participaria da posse dele, uma vez que, em termos políticos, o novo mandatário do país pretende ver a distância os integrantes petistas, diante da ojeriza dele às suas lideranças.
Ou seja, a declaração da presidente do PT funcionou como auspiciosa medida em favor do novo presidente, em razão da ausência de integrantes desse partido na solenidade da sua posse.
A verdade é que seria boicote extremamente desagradável e, ao contrário, se a sigla petista tivesse decidido que participaria do evento de posse, tamanho teria sido o desgosto desse comunicado, diante da ferrenha animosidade existente entre ambos, demonstrada pela polarização consolidada na campanha eleitoral, em que o futuro presidente se beneficiou eleitoralmente, em razão dessa situação de muita animosidade política.
Agora, há o sentimento de puras inverdades sobre a denúncia de descaracterização da lisura do processo eleitoral, quando se sabe que o impeachment transcorreu em absoluta constitucionalidade, em consonância com os princípios da legalidade democrática, tendo sido placitado pelo Supremo Tribunal Federal, que convalidou os atos adotados pela respectiva comissão, ao negar todos os recursos impetrados pela então presidente da República, que realmente incorreu no crime de responsabilidade fiscal, conforme manifestação do Tribunal de Contas da União, que deu parecer contrário à aprovação das contas da petista, diante da constatação da prática das “famosas” pedaladas fiscais, que é o pagamento de despesas do Estado mediante o empréstimo de dinheiro de banco oficial, que é prática vedada por disposições legal e constitucional.
No caso da proibição da candidatura do ex-presidente da República petista, nunca houve tanta legitimidade para que ele ficasse fora da disputa eleitoral ao Palácio do Planalto, ante a constatação do imperativo legal de que não se admite candidatura de pessoa ficha-suja, em razão de disposição normativa constante da Lei da Ficha Limpa, com a prescrição de que o condenado em segunda instância da Justiça fica automaticamente inelegível, que era o caso do petista, na ocasião, por ter sido condenado, em janeiro de 2018, a doze anos e um mês de prisão, pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, com relação ao caso da propina referente ao tríplex de Guarujá (SP).
No que se refere à denúncia sobre a manipulação criminosa das redes sociais para difundir mentiras contra o candidato do PT, todas as empresas já atestaram que não houve essa prática criminosa em nome do candidato que sido acusado de forma indevida.
A nota protesta contra o que o PT chama de "discursos e ações que estimulam o ódio, a intolerância e a discriminação. Não aceitamos que tais práticas sejam naturalizadas como instrumento da disputa política", o que constitui outra notória incoerência por parte dele, uma vez que já existe a tutela de quem institucionalizou o famigerado sentimento de ódio, ao martelar com a disseminação do ”nós” contra “eles”, muito bem antes do pleito eleitoral, demonstrando a sua marca de ódio e intolerância contra aqueles que não comungam na cartilha do regime socialista.
Não passa de verdadeira brincadeira de mau gosto a afirmação de que “apoiadores do ex-presidente da República petista planejam fazer atos em defesa da democracia, na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba (PR), (...)”, quando se sabe que, nem nas republiquetas, se pode confundir defesa de democracia, que tem como princípio a soberana vontade popular, edificada em sentimento de pureza, licitude, dignidade, decoro, probidade, moralidade, com a atitude de explícitas idolatria e adoração a pessoa maculada, condenada e trancafiada por prática de crimes gravíssimos contra a sociedade, fato este que representa tão somente a antítese dos salutares princípios norteadores e vetores da democracia.
Em síntese, a nota petista é mais uma claríssima demonstração de prepotência e indevida tentativa de resistência à cristalina realidade dos fatos, evidenciando enorme dificuldade em compreender a real dinâmica dos verdadeiros princípios democráticos, resultantes da força da vontade soberana dos brasileiros, que foi revelada nas urnas eletrônicas, em veementes repúdios aos desmandos, aos atos de corrupção e, enfim, à esculhambação e à desmoralização implantadas na República tupiniquim.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 31 de dezembro de 2018

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