quarta-feira, 10 de julho de 2019

A ordem é a transparência


Em razão da crônica que escrevi, por último, intitulada “O distanciamento da modernidade”, onde foi abordada minha opinião sobre as autoridades públicas que insistem na liberdade de condenado pela Operação Lava-Jato, tendo por base as conversas criminosamente vazadas pela imprensa, o nobre senhor Edivaldo Cruz expôs ponderação sobre o texto, tendo afirmado que “(...) eu acho que tudo precisa ser investigado, porque existe denúncia de todos os lados e o Brasil precisa ser passado a limpo. Na situação em que ele está, não se dá para acreditar em nada. O que se ver são os grandes brigando pelo poder e o povo se ferrando. Não existe ninguém acima da Lei, pelo menos assim deveria ser, mas não é. A lei funciona para uns e outros não. Depende da classe social. Portanto, no Brasil, a Justiça não funciona. Só os poderosos que fazem dela o que querem.”.
Em resposta às lúcidas colocações do prezado amigo Edivaldo Cruz, eu também acho que não há a menor dúvida de que é preciso haver urgente transparência na administração do país, por meio de investigações de tudo que extrapolar à normalidade, o que poderá resultar em real e verdadeira maravilha, em termos de mudança de mentalidade dos homens públicos, porque isso atende exatamente aos princípios republicano e democrático.
O Brasil se encontra em permanentes crises administrativa, política, social, econômica etc., exatamente porque a nação foi envolta, nos últimos tempos, em gigantesco mar de mentiras, conchavos, falcatruas e as piores mentalidades políticas, cujos resultados refletiram igualmente em atrasos econômico, social, administrativo, político, com reflexos diretos e negativos na produção e no emprego, sendo que este foi prejudicado em nível estratosférico, tendo atingido 14 milhões de pais de família e filhos fora do trabalho.
Não importa quem nem o que precisa ser investigado, quando houver algo errado envolvendo os interesses nacionais.
Ninguém realmente está acima da lei nem pode ser excluído de investigação e muito menos de julgamento, por mais autoridade que se considerar ostentar, porque o país sempre tem prevalência.
Nos países sérios, civilizados e desenvolvidos, em termos políticos e democráticos, as pessoas suspeitas de envolvimento em atos irregulares exigem que sejam promovidas as devidas investigações, enquanto nas republiquetas os fatos nunca são investigados como devem, principalmente quando há a participação de autoridades.
É preciso se notar que a Operação Lava-Jato implantou sistemática diferente disso, passando a investigar e julgar todos aqueles que se consideravam os donos da razão e tinham influência capaz de obstaculizar o normal trabalho do Poder Judiciário, que, até então não prendia nem julgava criminosos de colarinho branco, o que somente passou a acontecer com o funcionamento daquela operação.
Daí, possivelmente, a enorme pressão que ela sofre diuturnamente, em razão de os políticos inescrupulosos e aproveitadores não se conformarem com o incômodo provocado pelos estragos causados com as prisões de tubarões que desviavam dinheiro público para seus bolsos e a manutenção de ambiciosos projetos políticos, notadamente no que diz respeito à absoluta dominação das classes política e social e à permanência no poder, não importando os fins para se alcançar os meios.
O pouco da mudança na esfera administrativa, com a tentativa da eliminação do famigerado fisiologismo prevalente em governos recentes, provocou estrondosa rebelião de congressistas antipatriotas, que não admitiram a supressão de arraigados hábitos políticos, onde o Estado vinha sendo loteado em capitania hereditária, tendo como princípio que as oligarquias cuidavam de se apoderar de determinado ministério ou empresa pública, para ali estabelecem-se as piores formas de roubalheiras e disseminação da desgraça na prestação dos serviços públicos, que sempre foram da pior qualidade, embora nunca tivesse faltado recursos, porque eles foram administrados sob gestão deficiente e absolutamente dissonante das políticas públicas necessárias à satisfação do interesse público.
Esse é realmente o Brasil que precisa e exige ser passado a limpo, com muita urgência, por meio de mudanças com bastante transparência, tendo por primado dessa transformação a eliminação da vida pública dos homens públicos que se envolveram nesse mar de lama pútrida que não permite que os brasileiros honrados possam respirar ar puro e filtrado, porque fora poluído pela corrupção, que espargiu fluidos da imundice e sufocou as raízes do desenvolvimento socioeconômico brasileiro.
Urge que os brasileiros incutam no seu íntimo os verdadeiros sentimento e espírito de brasilidade, levando-se em conta sim as suas ideologias mas somente para a reconstrução do Brasil, com embargo da idolatria e do fanatismo, porque isso pode ser a causa principal de o país não ser abraçado, como deve, por seus filhos, quando muitas pessoas resistem a entender a realidade sobre os fatos, não os aceitando senão em benefício de quem não teve a dignidade de assumir as responsabilidade pelas desgraças causadas aos brasileiros, à vista das tragédias consistentes na destruição dos princípios da eficiência, da eficácia, da competência, da moralidade, da dignidade e, em especial, do respeito às salutares condutas construtivas na gestão dos recursos públicos, conforme mostram as investigações da Operação Lava-Jato.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 10 de julho de 2019

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