Em razão da crônica que escrevi, por último,
intitulada “O distanciamento da modernidade”, onde foi abordada minha opinião
sobre as autoridades públicas que insistem na liberdade de condenado pela
Operação Lava-Jato, tendo por base as conversas criminosamente vazadas pela
imprensa, o nobre senhor Edivaldo Cruz expôs ponderação sobre o texto, tendo
afirmado que “(...) eu acho que tudo precisa ser investigado, porque existe
denúncia de todos os lados e o Brasil precisa ser passado a limpo. Na situação
em que ele está, não se dá para acreditar em nada. O que se ver são os grandes
brigando pelo poder e o povo se ferrando. Não existe ninguém acima da Lei, pelo
menos assim deveria ser, mas não é. A lei funciona para uns e outros não. Depende
da classe social. Portanto, no Brasil, a Justiça não funciona. Só os poderosos
que fazem dela o que querem.”.
Em
resposta às lúcidas colocações do prezado amigo Edivaldo Cruz, eu também acho que
não há a menor dúvida de que é preciso haver urgente transparência na
administração do país, por meio de investigações de tudo que extrapolar à
normalidade, o que poderá resultar em real e verdadeira maravilha, em termos de
mudança de mentalidade dos homens públicos, porque isso atende exatamente aos
princípios republicano e democrático.
O
Brasil se encontra em permanentes crises administrativa, política, social,
econômica etc., exatamente porque a nação foi envolta, nos últimos tempos, em gigantesco
mar de mentiras, conchavos, falcatruas e as piores mentalidades políticas,
cujos resultados refletiram igualmente em atrasos econômico, social,
administrativo, político, com reflexos diretos e negativos na produção e no emprego,
sendo que este foi prejudicado em nível estratosférico, tendo atingido 14
milhões de pais de família e filhos fora do trabalho.
Não
importa quem nem o que precisa ser investigado, quando houver algo errado
envolvendo os interesses nacionais.
Ninguém
realmente está acima da lei nem pode ser excluído de investigação e muito menos
de julgamento, por mais autoridade que se considerar ostentar, porque o país sempre
tem prevalência.
Nos
países sérios, civilizados e desenvolvidos, em termos políticos e democráticos,
as pessoas suspeitas de envolvimento em atos irregulares exigem que sejam
promovidas as devidas investigações, enquanto nas republiquetas os fatos nunca
são investigados como devem, principalmente quando há a participação de
autoridades.
É
preciso se notar que a Operação Lava-Jato implantou sistemática diferente
disso, passando a investigar e julgar todos aqueles que se consideravam os
donos da razão e tinham influência capaz de obstaculizar o normal trabalho do
Poder Judiciário, que, até então não prendia nem julgava criminosos de
colarinho branco, o que somente passou a acontecer com o funcionamento daquela
operação.
Daí,
possivelmente, a enorme pressão que ela sofre diuturnamente, em razão de os
políticos inescrupulosos e aproveitadores não se conformarem com o incômodo
provocado pelos estragos causados com as prisões de tubarões que desviavam
dinheiro público para seus bolsos e a manutenção de ambiciosos projetos
políticos, notadamente no que diz respeito à absoluta dominação das classes
política e social e à permanência no poder, não importando os fins para se
alcançar os meios.
O
pouco da mudança na esfera administrativa, com a tentativa da eliminação do famigerado
fisiologismo prevalente em governos recentes, provocou estrondosa rebelião de
congressistas antipatriotas, que não admitiram a supressão de arraigados
hábitos políticos, onde o Estado vinha sendo loteado em capitania hereditária, tendo
como princípio que as oligarquias cuidavam de se apoderar de determinado
ministério ou empresa pública, para ali estabelecem-se as piores formas de
roubalheiras e disseminação da desgraça na prestação dos serviços públicos, que
sempre foram da pior qualidade, embora nunca tivesse faltado recursos, porque
eles foram administrados sob gestão deficiente e absolutamente dissonante das
políticas públicas necessárias à satisfação do interesse público.
Esse
é realmente o Brasil que precisa e exige ser passado a limpo, com muita urgência,
por meio de mudanças com bastante transparência, tendo por primado dessa transformação
a eliminação da vida pública dos homens públicos que se envolveram nesse mar de
lama pútrida que não permite que os brasileiros honrados possam respirar ar
puro e filtrado, porque fora poluído pela corrupção, que espargiu fluidos da
imundice e sufocou as raízes do desenvolvimento socioeconômico brasileiro.
Urge
que os brasileiros incutam no seu íntimo os verdadeiros sentimento e espírito de
brasilidade, levando-se em conta sim as suas ideologias mas somente para a
reconstrução do Brasil, com embargo da idolatria e do fanatismo, porque isso
pode ser a causa principal de o país não ser abraçado, como deve, por seus
filhos, quando muitas pessoas resistem a entender a realidade sobre os fatos,
não os aceitando senão em benefício de quem não teve a dignidade de assumir as
responsabilidade pelas desgraças causadas aos brasileiros, à vista das
tragédias consistentes na destruição dos princípios da eficiência, da eficácia,
da competência, da moralidade, da dignidade e, em especial, do respeito às
salutares condutas construtivas na gestão dos recursos públicos, conforme
mostram as investigações da Operação Lava-Jato.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 10 de julho de 2019
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