Diante do emprego do verbete “paraíba” pelo
presidente da República, em referência a governadores, segundo ele, os da
Paraíba e do Maranhão, os ânimos de muitas pessoas afloraram em forma de
repúdio, em demonstração da necessidade do respeito à dignidade dos paraibanos
e, de resto, dos nordestinos, à vista das acaloradas manifestações que assoberbaram
as redes sociais, onde a tônica gira em defesa da Paraíba.
O ilustrado e ativo amigo Ditinho Minervino achou
por bem trazer à lume o que sabe sobre esse imbróglio, tendo afirmando, verbis:
“No meu entendimento, acho que se sentir ofendido, por ter o presidente
"chamado" de "PARAIBA" os nordestinos é, simplesmente,
achar que a PARAIBA não presta, e o pior é que estou vendo isto exatamente por
parte de alguns paraibanos, principalmente, adversários manipuladores.”.
De certa forma, assiste razão ao nobre e sempre
participativo Ditinho, mas há aspectos que merecem outras ponderações, diante
da realidade existente para os lados dos centros de cá e, sobre isso, eu
gostaria de fazer ligeira digressão, talvez na tentativa de mostrar um pouco acerca
do sentido que pode suscitar o uso do vocábulo “paraíba”, sob a ótica da sua
influência no âmbito popular.
A
verdade é que, principalmente no Rio de Janeiro, o migrante, em geral, é
tratado como "paraíba", ou seja, qualquer forasteiro nordestino é
tido por "paraíba" e isso, geralmente, tem conotação no sentido para o
lado do preconceito sim, fato este que não se pode negar, por ser pura
realidade.
É
evidente que, aqui em Brasília, que teve, no passado, enorme influência
carioca, a partir da sua inauguração, em 1960, com a vinda maciça e compulsória
de servidores públicos da antiga capital federal, também se usa muito esse
verbete, exatamente nesse menor sentido sociável.
Eu,
como penso ser bom paraibano, me sinto honrado quando sou chamado de
"paraíba", ou seja, procuro levar sempre para o lado do bom sentido.
Não
vejo isso como preconceito, mas, a depender como o vocábulo é dito, não há a
menor dúvida de que é normal se levar para lado não muito sociável ou tendencioso, como depreciativa, em termos
humanos, o que se compreenderia essa avalanche de indignação dos nordestinos.
Há
casos em que o autor da sua menção pode perfeitamente desejar depreciar a
pessoa a quem ele se refere, o que, em determinada situação, seja natural
alguma forma de reação, exatamente porque teria sido diminuído o seu valor como
pessoa, evidentemente levando-se em conta o seu sentido originariamente
atribuído o termo na concepção conhecida nas bandas de cá, não no seu modo concebido
estritamente gentílico normal.
Tudo
é questão de interpretação sobre o texto, a depender do contexto, principalmente
em se tratando de momentos políticos antagônicos, onde pode preponderar a
vaidade pessoal.
É evidente que estas pinceladas
dadas aqui sobre o pouco do que penso não esgota o tema, por entender que se
trata de assunto que não vai se esgotar tão cedo.
Enfim,
tem um ditado que diz que um famoso presidente da República cobrava que o povo
falasse sobre ele, mesmo que fosse de ruim, para que ele sempre fosse lembrado
pelos brasileiros.
É
claro que eu espero que minha querida Paraíba seja sempre e apenas falada e
comentada sobre as suas belezas e encantos naturais, sua deliciosíssima
culinária, seu povo maravilhoso e gentil e principalmente o amor abundante existente
nos corações das pessoas que sabem perfeitamente valorizar com carinho os
sentimentos humanos.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 22 de julho de 2019
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