terça-feira, 30 de julho de 2019

Apelo à sensibilidade


Mostrando sensibilidade com a situação perversa e cruel do homem contra os animais, por consequência das vaquejadas, não somente do Nordeste, escrevi a crônica intitulada “Mudança de hábitos”, onde pedi a atenção dos homens de boa vontade para se conscientizarem sobre a urgente necessidade de se substituir a prática daquelas atividades por outra forma de diversão compatível com a sensibilidade humana, em harmonia com a evolução natural da humanidade, diante dos inevitáveis riscos que não se justificam mais, na atualidade, em razão da necessidade da mudança de hábitos para outros capazes de contribuir para a preservação e a integridade da vida humana e animal.
Muitas pessoas se manifestaram em apoio à minha ideia, concordando plenamente com o meu apelo, por entenderem que realmente são práticas que não condizem com a evolução dos tempos.
Não obstante, o que é natural, no âmbito do livre pensar humano, houve quem discordasse do meu posicionamento, tendo estranhado que alguém quisesse o fim da vaquejada, por ele achar que se trata de violência ao ser humano, principalmente por prejudicar o ganha-pão de pais de família; empreendimento típico do Nordeste, como tal vem sendo atacado com pedradas; evento que precisa ser regulamentado, com vistas a se evitar maus-tratos aos animais;  e que houve milhares de mortes em razão de queda de aviões, mas não há vozes pedindo o término da aviação.
          Com o máximo respeito ao prestigiado autor desse manifesto a favor da vaquejada, pelas razões alinhadas acima, em síntese, peço vênia para mostrar meu entendimento sobre as questões ali colocadas, para dizer que, na verdade, a violência que acontece mesmo, no final das contas, é exatamente contra os animais indefesos.
O homem é racional e pode perfeitamente se divertir por outros meios que não se justifica mais a vaquejada, que vem de cultura de priscas eras onde essa era maneira usual de divertimento, diferentemente dos dias atuais que nos oferecem múltiplas atividades sadias que não envolvam agressão à integridade dos indefesos animais.
O homem pensando somente nele, nega completamente a evolução da espécie, que precisa urgentemente acompanhar a evolução da humanidade, onde muitas nações já estão realmente no mundo da real modernidade propiciada pelos avanços dos conhecimentos científico e tecnológico e colocados a serviço do homem.
Não faz o menor sentido se imaginar que tudo é preconceito contra os nordestinos, porque isso pode se traduzir também como forma de indevido preconceito contra quem apenas opina sobre questão do domínio público, excepcionalmente no meu caso, onde o sangue corre nas veias com a pujança da nordestinidade e não merece, sob meu juízo, ilação inapropriada.
Quem for contra o término da crueldade dos animais, que é notória e inegável, por decorrência das vaquejadas, precisa respeitar o direito das pessoas que defendem o mínimo de racionalidade e civilidade para se compreender que não pode ser considerado normal se valer, tão somente, da tradição cultural, para que o homem possa se satisfazer em puro divertimento, mesmo sabedor sobre o sofrimento ou o sacrifício de animais indefesos.
Onde estaria a violência contra o homem, se ele dispõe de múltiplas opções de diversão, onde também se pode criar empregos, como se a vaquejada fosse a única atividade da face da Terra capaz de satisfazer o ego do homem?
É evidente que o homem pode perfeitamente procurar outros meios de entretenimento e criar os empregos para aqueles que vivem da vaquejada, sem precisar justificar a sua existência para não prejudicar o ganha-pão de pais de família, o que seria inglória motivação para os animais terem a obrigação de pagar o pato.
Não adianta normatizar os eventos, porque os animais vão continuar sendo sacrificados da mesma maneira, eis que a vaquejada somente têm graça com a bestial queda do animal, que se repete sempre da mesma maneira, ou seja, põe-se o boi para correr e dois vaqueiros marcham atrás, com o objetivo de jogá-lo espetacularmente no chão e pronto, para os aplausos da plateia enlouquecida, sem perceber o martírio do animal esparramado no chão, às vezes, sem condições nem de se levantar, por diversos motivos de maldade.
A verdade que a normatização não vai sugerir a colocação de amortecedores de impactos nos locais das quedas, para se evitarem danos físicos aos animais.
Foi muito oportuna a comparação entre os acidentes das vaquejadas e da aviação comercial, principalmente porque a primeira pode ser perfeitamente eliminada, que não faz a mínima diferença para o conforto do homem, como no meu caso, que moro em Brasília, onde também tem vaquejada, mas, depois de mais de 50 anos, eu nunca consegui ficar entediado nem triste por falta de vaquejada e isso acontece certamente com outras pessoas que participavam, no passado, de vaquejadas.
Já no caso específico da aviação civil, a sua existência é de extrema necessidade e fundamental importância para humanidade moderna, que não conseguiria nem pensar se ela inexistisse, porque tudo pararia e o mundo jamais seria o é se não fosse a aviação em plena atividade contribuindo para o progresso em todos os segmentos mundiais, mesmo com os acidentes aéreos, que fazem parte natural da evolução da humanidade e é imprescindível à vida do homem.
Fico bastante triste em ser obrigado a pedir perdão pela dureza com que me expressei aqui, mas é preciso que se diga a verdade sobre caso real, para que os homens de boa vontade e de coração humano mesmo possam se interessar e se conscientizar de que eles não são donos da razão e que precisam entender os sentimentos existentes também nos animais, que sofrem realmente com os maus-tratos. 
Será que isso não causa a menor piedade nos corações daqueles que ainda têm coragem de defender algo que pode ser substituído por outra diversão absolutamente digna do sentimento de respeito próprio do homem civilizado, sem fazer a menor falta?
Apelo pelo amor generoso do Pai do homem e dos animais para que o ser humano pense intensa e especialmente nos seus interesses, mas também não deixe de sopesar as causas de outrem, no caso, dos animais bovinos, de modo que o comportamento humanitário-social possa contribuir para a harmonização do equilíbrio do universo, não permitindo que o seu egoísmo se sobreponha à questiúncula que pode ser resolvida sem prejudicar o progresso normal da sua vida.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 30 de julho de 2019

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