Mostrando
sensibilidade com a situação perversa e cruel do homem contra os animais, por
consequência das vaquejadas, não somente do Nordeste, escrevi a crônica
intitulada “Mudança de hábitos”, onde pedi a atenção dos homens de boa vontade para
se conscientizarem sobre a urgente necessidade de se substituir a prática daquelas
atividades por outra forma de diversão compatível com a sensibilidade humana,
em harmonia com a evolução natural da humanidade, diante dos inevitáveis riscos
que não se justificam mais, na atualidade, em razão da necessidade da mudança
de hábitos para outros capazes de contribuir para a preservação e a integridade
da vida humana e animal.
Muitas
pessoas se manifestaram em apoio à minha ideia, concordando plenamente com o
meu apelo, por entenderem que realmente são práticas que não condizem com a
evolução dos tempos.
Não
obstante, o que é natural, no âmbito do livre pensar humano, houve quem
discordasse do meu posicionamento, tendo estranhado que alguém quisesse o fim
da vaquejada, por ele achar que se trata de violência ao ser humano,
principalmente por prejudicar o ganha-pão de pais de família; empreendimento
típico do Nordeste, como tal vem sendo atacado com pedradas; evento que precisa
ser regulamentado, com vistas a se evitar maus-tratos aos animais; e que houve milhares de mortes em razão de
queda de aviões, mas não há vozes pedindo o término da aviação.
Com o máximo respeito
ao prestigiado autor desse manifesto a favor da vaquejada, pelas razões alinhadas
acima, em síntese, peço vênia para mostrar meu entendimento sobre as questões
ali colocadas, para dizer que, na verdade, a violência que acontece mesmo, no
final das contas, é exatamente contra os animais indefesos.
O
homem é racional e pode perfeitamente se divertir por outros meios que não se
justifica mais a vaquejada, que vem de cultura de priscas eras onde essa era maneira
usual de divertimento, diferentemente dos
dias atuais que nos oferecem múltiplas atividades sadias que não envolvam agressão
à integridade dos indefesos animais.
O
homem pensando somente nele, nega completamente a evolução da espécie, que
precisa urgentemente acompanhar a evolução da humanidade, onde muitas nações já
estão realmente no mundo da real modernidade propiciada pelos avanços dos conhecimentos
científico e tecnológico e colocados a serviço do homem.
Não
faz o menor sentido se imaginar que tudo é preconceito contra os nordestinos,
porque isso pode se traduzir também como forma de indevido preconceito contra
quem apenas opina sobre questão do domínio público, excepcionalmente no meu
caso, onde o sangue corre nas veias com a pujança da nordestinidade e não merece,
sob meu juízo, ilação inapropriada.
Quem
for contra o término da crueldade dos animais, que é notória e inegável, por
decorrência das vaquejadas, precisa respeitar o direito das pessoas que
defendem o mínimo de racionalidade e civilidade para se compreender que não
pode ser considerado normal se valer, tão somente, da tradição cultural, para
que o homem possa se satisfazer em puro divertimento, mesmo sabedor sobre o
sofrimento ou o sacrifício de animais indefesos.
Onde
estaria a violência contra o homem, se ele dispõe de múltiplas opções de
diversão, onde também se pode criar empregos, como se a vaquejada fosse a única
atividade da face da Terra capaz de satisfazer o ego do homem?
É
evidente que o homem pode perfeitamente procurar outros meios de entretenimento
e criar os empregos para aqueles que vivem da vaquejada, sem precisar
justificar a sua existência para não prejudicar o ganha-pão de pais de família,
o que seria inglória motivação para os animais terem a obrigação de pagar o
pato.
Não
adianta normatizar os eventos, porque os animais vão continuar sendo
sacrificados da mesma maneira, eis que a vaquejada somente têm graça com a
bestial queda do animal, que se repete sempre da mesma maneira, ou seja, põe-se
o boi para correr e dois vaqueiros marcham atrás, com o objetivo de jogá-lo
espetacularmente no chão e pronto, para os aplausos da plateia enlouquecida,
sem perceber o martírio do animal esparramado no chão, às vezes, sem condições
nem de se levantar, por diversos motivos de maldade.
A
verdade que a normatização não vai sugerir a colocação de amortecedores de
impactos nos locais das quedas, para se evitarem danos físicos aos animais.
Foi
muito oportuna a comparação entre os acidentes das vaquejadas e da aviação
comercial, principalmente porque a primeira pode ser perfeitamente eliminada,
que não faz a mínima diferença para o conforto do homem, como no meu caso, que
moro em Brasília, onde também tem vaquejada, mas, depois de mais de 50 anos, eu
nunca consegui ficar entediado nem triste por falta de vaquejada e isso acontece
certamente com outras pessoas que participavam, no passado, de vaquejadas.
Já
no caso específico da aviação civil, a sua existência é de extrema necessidade
e fundamental importância para humanidade moderna, que não conseguiria nem
pensar se ela inexistisse, porque tudo pararia e o mundo jamais seria o é se não
fosse a aviação em plena atividade contribuindo para o progresso em todos os segmentos
mundiais, mesmo com os acidentes aéreos, que fazem parte natural da evolução da
humanidade e é imprescindível à vida do homem.
Fico
bastante triste em ser obrigado a pedir perdão pela dureza com que me expressei
aqui, mas é preciso que se diga a verdade sobre caso real, para que os homens
de boa vontade e de coração humano mesmo possam se interessar e se
conscientizar de que eles não são donos da razão e que precisam entender os
sentimentos existentes também nos animais, que sofrem realmente com os
maus-tratos.
Será que isso não causa a menor piedade nos corações daqueles
que ainda têm coragem de defender algo que pode ser substituído por outra
diversão absolutamente digna do sentimento de respeito próprio do homem
civilizado, sem fazer a menor falta?
Apelo
pelo amor generoso do Pai do homem e dos animais para que o ser humano pense
intensa e especialmente nos seus interesses, mas também não deixe de sopesar as
causas de outrem, no caso, dos animais bovinos, de modo que o comportamento
humanitário-social possa contribuir para a harmonização do equilíbrio do
universo, não permitindo que o seu egoísmo se sobreponha à questiúncula que pode
ser resolvida sem prejudicar o progresso normal da sua vida.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 30 de julho de 2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário