Em
razão da crônica que escrevi, recentemente, intitulada “A ordem é transparência”,
onde abordei a imperiosa necessidade da investigação sobre os fatos
irregulares, sem distinção quanto à origem e ao envolvido, de modo que sejam
revelada a verdade e adotada a medida pertinente, com vistas a se contribuir
para a eliminação das mentiras e das sujeiras na vida pública, vários
comentários foram feitos sobre o texto.
O
expert Ditinho Minervino, atento leitor de minhas crônicas, fez
interessante crítica, tendo concluído por cobrar resposta sobre a sua opinião,
vazada nestes termos: “Realmente, o Brasil precisa de transparência, mas, se depender de
políticos... Me faz lembrar a história da assembleia dos ratos, que decidiram
colocar um chocalho no gato. Foram unânimes em concordar, com exceção de um
velho rato, que perguntou quem iria colocar (kkkkkkkkk). Pois é o mesmo caso
das necessidades do Brasil: qual será o político ou PARTIDO que terá coragem de
tomar a atitude acertada? Fico no aguardo de uma resposta plausível.”.
Querido
irmão Ditinho, a questão da transparência na administração pública tem tudo a
ver com a premente conscientização da sociedade, que precisa passar
urgentemente por processo especial de reciclagem, no que tange aos indispensáveis
esclarecimentos quanto à finalidade das atividades políticas, que estaria
jungida à satisfação do interesse público.
Não
adianta parte dela ficar idolatrando quem se envolve em corrupção, dando a
ideia de que está errado quem anseia por moralização e limpeza da sujeira na
gestão dos recursos públicos, como vem ocorrendo atualmente, sem a menor
cerimônia, em plena luz solar, dando a entender que o crime compensa no Brasil
e nem adianta se pretender mudanças para se corrigir tamanha anomalia, porque a
raiz desse arraigado sentimento é meramente ideológica, na qual teve origem a
corrupção implantada por governos recentes, quer queira ou não, porque os fatos
investigados pela Operação Lava-Jato mostraram exatamente isso, com evidentes
reflexos extremamente prejudiciais ao interesse público.
Se
todos os brasileiros, à unanimidade mesmo, tivessem a consciência de condenar
os atos irregulares na administração pública e de cobrar resultados, não importando
a origem nem os envolvidos e muito menos a sua influência na vida pública, e ainda
exigissem, de forma sistemática e inflexível, que seus autores fossem obrigados
a explicar e justificar seus atos, em forma de prestação de contas à sociedade dobre
suas atividades na vida pública, os políticos desavergonhados e impudicos terminariam
ficando abandonados do sistema político-eleitoral, como espécie de castigo, e
passariam a reconhecer o que sempre insistem em negar, mesmo levados à prisão.
Falta
vergonha na cara de muitos brasileiros, que se acomodaram em razão de puras conveniência,
ideologia ou outra motivação, pondo de lado os interesses maiores de
brasilidade e amor à pátria, em detrimento de algo que precisa tocar diretamente
nossos corações, por meio da reafirmação de se pretender que somente aconteçam
fatos auspiciosos e agradáveis, com imediata recriminação nos casos contrários
à normalidade.
A
verdade é que somente acontece roubalheira e fatos ilícitos porque os
brasileiros votam sempre, com raras exceções, quase nos mesmos “titicacas” da
vida, mesmo que eles sejam completamente nulos, no que diz respeito ao seu
interesse sobre as causas da população, fato este que revela o desleixo dos
eleitores, que precisam, com urgência, qualificar o seu voto, por meio de
critério que a sua escolha seja a menos pior possível.
Eu
não acredito que, com a indolência dos brasileiros e a prepotência da classe
política, haja qualquer mudança na política tupiniquim, salvo se houver mudança
radical, a partir da base, segundo o princípio essencial de que o poder emana
do povo e, seu nome, será exercido, ou seja, a responsabilidade primacial da
escolha de seu representante político compete ao eleitor, que precisa
fiscalizar e acompanhar o trabalho de seu escolhido.
Sob
esse prisma e em sintonia com a ótica do eleitorado, nada acontecerá de
novidade no quartel de Abrantes, exatamente porque ninguém, salvo pequeno número
de eleitores, tem interesse em mudar coisa alguma no Brasil, preferindo continuar
sustentando esse deprimente, desanimador e lastimável quadro político, que infelizmente
contribui para somente beneficiar os aproveitadores de sempre.
Enquanto
isso, o Brasil permanece se distanciando das nações sérias e civilizadas,
padecendo com seu anacrônico sistema político, em razão da falta de interesse
em se evoluir e se aperfeiçoar, cujo sacrifício para as mudanças de mentalidade
valeria a pena para se permitir, ao menos, o acompanhamento dos avanços da
humanidade.
Ao
povo inteligente do Brasil, formulam-se veementes apelos com vistas à urgente conscientização
sobre a imperiosa necessidade de mudança de mentalidade, de modo que o famoso princípio
segundo o qual o poder emana do povo e, em seu nome, será exercido seja, enfim,
efetivamente transformado em realidade e os seus representantes somente tenham
autonomia para a prática de atos em sintonia com a vontade da população e em estrita
defesa do interesse público.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 12 de julho de 2019
Nenhum comentário:
Postar um comentário