sexta-feira, 12 de julho de 2019

O poder emana do povo?


Em razão da crônica que escrevi, recentemente, intitulada “A ordem é transparência”, onde abordei a imperiosa necessidade da investigação sobre os fatos irregulares, sem distinção quanto à origem e ao envolvido, de modo que sejam revelada a verdade e adotada a medida pertinente, com vistas a se contribuir para a eliminação das mentiras e das sujeiras na vida pública, vários comentários foram feitos sobre o texto.
O expert Ditinho Minervino, atento leitor de minhas crônicas, fez interessante crítica, tendo concluído por cobrar resposta sobre a sua opinião, vazada nestes termos: “Realmente, o Brasil precisa de transparência, mas, se depender de políticos... Me faz lembrar a história da assembleia dos ratos, que decidiram colocar um chocalho no gato. Foram unânimes em concordar, com exceção de um velho rato, que perguntou quem iria colocar (kkkkkkkkk). Pois é o mesmo caso das necessidades do Brasil: qual será o político ou PARTIDO que terá coragem de tomar a atitude acertada? Fico no aguardo de uma resposta plausível.”.
Querido irmão Ditinho, a questão da transparência na administração pública tem tudo a ver com a premente conscientização da sociedade, que precisa passar urgentemente por processo especial de reciclagem, no que tange aos indispensáveis esclarecimentos quanto à finalidade das atividades políticas, que estaria jungida à satisfação do interesse público.
Não adianta parte dela ficar idolatrando quem se envolve em corrupção, dando a ideia de que está errado quem anseia por moralização e limpeza da sujeira na gestão dos recursos públicos, como vem ocorrendo atualmente, sem a menor cerimônia, em plena luz solar, dando a entender que o crime compensa no Brasil e nem adianta se pretender mudanças para se corrigir tamanha anomalia, porque a raiz desse arraigado sentimento é meramente ideológica, na qual teve origem a corrupção implantada por governos recentes, quer queira ou não, porque os fatos investigados pela Operação Lava-Jato mostraram exatamente isso, com evidentes reflexos extremamente prejudiciais ao interesse público.
Se todos os brasileiros, à unanimidade mesmo, tivessem a consciência de condenar os atos irregulares na administração pública e de cobrar resultados, não importando a origem nem os envolvidos e muito menos a sua influência na vida pública, e ainda exigissem, de forma sistemática e inflexível, que seus autores fossem obrigados a explicar e justificar seus atos, em forma de prestação de contas à sociedade dobre suas atividades na vida pública, os políticos desavergonhados e impudicos terminariam ficando abandonados do sistema político-eleitoral, como espécie de castigo, e passariam a reconhecer o que sempre insistem em negar, mesmo levados à prisão.
Falta vergonha na cara de muitos brasileiros, que se acomodaram em razão de puras conveniência, ideologia ou outra motivação, pondo de lado os interesses maiores de brasilidade e amor à pátria, em detrimento de algo que precisa tocar diretamente nossos corações, por meio da reafirmação de se pretender que somente aconteçam fatos auspiciosos e agradáveis, com imediata recriminação nos casos contrários à normalidade.  
A verdade é que somente acontece roubalheira e fatos ilícitos porque os brasileiros votam sempre, com raras exceções, quase nos mesmos “titicacas” da vida, mesmo que eles sejam completamente nulos, no que diz respeito ao seu interesse sobre as causas da população, fato este que revela o desleixo dos eleitores, que precisam, com urgência, qualificar o seu voto, por meio de critério que a sua escolha seja a menos pior possível.
Eu não acredito que, com a indolência dos brasileiros e a prepotência da classe política, haja qualquer mudança na política tupiniquim, salvo se houver mudança radical, a partir da base, segundo o princípio essencial de que o poder emana do povo e, seu nome, será exercido, ou seja, a responsabilidade primacial da escolha de seu representante político compete ao eleitor, que precisa fiscalizar e acompanhar o trabalho de seu escolhido.
Sob esse prisma e em sintonia com a ótica do eleitorado, nada acontecerá de novidade no quartel de Abrantes, exatamente porque ninguém, salvo pequeno número de eleitores, tem interesse em mudar coisa alguma no Brasil, preferindo continuar sustentando esse deprimente, desanimador e lastimável quadro político, que infelizmente contribui para somente beneficiar os aproveitadores de sempre.
Enquanto isso, o Brasil permanece se distanciando das nações sérias e civilizadas, padecendo com seu anacrônico sistema político, em razão da falta de interesse em se evoluir e se aperfeiçoar, cujo sacrifício para as mudanças de mentalidade valeria a pena para se permitir, ao menos, o acompanhamento dos avanços da humanidade.
Ao povo inteligente do Brasil, formulam-se veementes apelos com vistas à urgente conscientização sobre a imperiosa necessidade de mudança de mentalidade, de modo que o famoso princípio segundo o qual o poder emana do povo e, em seu nome, será exercido seja, enfim, efetivamente transformado em realidade e os seus representantes somente tenham autonomia para a prática de atos em sintonia com a vontade da população e em estrita defesa do interesse público.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 12 de julho de 2019

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