O
presidente da República rebateu, com veemência, as críticas de eleitores à
indicação de seu filho, um deputado federal por São Paulo, para o cargo de
embaixador nos Estados Unidos da América.
Em
transmissão ao vivo, nas redes sociais, o presidente disse que pretende
beneficiar seu filho, que não pode fazer nada se as pessoas deixarem de votar
nele pela indicação.
O
presidente foi muito enfático, ao afirmar que, verbis: "Lógico
que é filho meu. Pretendo beneficiar um filho meu, sim. Pretendo, está certo.
Se puder dar um filé mignon ao meu filho, eu dou. Mas não tem nada a ver com
filé mignon essa história aí. É aprofundar um relacionamento com um país que é
a maior potência econômica e militar do mundo".
O
presidente disse ainda que não entende o que chamou de "crítica pela
crítica", porque não considera que o deputado federal será premiado
caso aprovado para o posto diplomático.
Ele
declarou que "Pretendo encaminhá-lo, sim. Quem diz que não vai votar
mais em mim, paciência. Em algumas coisas vou desagradar a vocês".
O
presidente afirmou que “seu filho é preparado para a função e que se fosse
uma pessoa sem princípios, ele o indicaria para um cargo ministerial com um
grande orçamento. Eu vou defender meu filho. Ah, o garoto é fritador de
hambúrguer. Além de fritar hambúrguer, ele entregou pizza também, pode colocar
aí na matéria".
Mais
cedo, em cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente deu como garantida a
aprovação do parlamentar pela Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Em
defesa do filho, ele citou que, “se o nome não fosse aprovado, poderia
inclusive indicar o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, para a
embaixada nos Estados Unidos e colocar Eduardo no ministério.”.
O
porta-voz da Presidência da República afirmou que o Palácio do Itamaraty já aprontou
minuta de consulta pelo qual o governo dos Estados Unidos será consultado sobre
a indicação.
Em
outra frente, o Palácio do Planalto também negocia a aprovação do nome do
deputado pelo Senado Federal, tendo informado que o presidente já tratou do
assunto com o presidente daquela Casa e que, pelas contas feitas pelo governo,
hoje o placar seria apertado na Comissão de Relações Exteriores, com o apoio de
8 dos 17 integrantes do colegiado.
Por
isso, o Palácio do Planalto já admite a possibilidade de que o tema seja levado
ao plenário, onde o governo teria vantagem.
Trata-se
de indicação das mais absurdas e insensatas que o mandatário do Brasil poderia
cogitar, porque há nessa medida o mais puro da insensibilidade e da insensatez
que autoridade da República poderia imaginar, o fazendo depois que restasse
essa insanidade como única alternativa e mesmo assim acompanhada de minudentes esclarecimentos
e justificativas, para demonstrar que somente restou a indicação de seu filho e
que ele passa a ser o salvador da pátria, lamentando profundamente que o Brasil
seja obrigado a mandar para a mais importante embaixada brasileira, que exige pessoa
sabidamente preparada, competente e par de todas as dificuldades inerentes às
relações internacionais, mas somente restou o filho do presidente, que é
obrigado a se esforçar para desempenhar, mesmo estando ano-luz das exigências
protocolares para o desempenho de atribuições de extrema responsabilidade.
Não
há a menor dúvida de que essa tresloucada decisão presidencial poderá implicar
a perda significativa de milhões de votos, tendo em conta que uma de suas
promessas de campanha eleitoral simplesmente passa a ser ignorada e mandada
para o espaço sideral, no sentido de que o seu governo se basearia em mudanças
éticas e morais, mas a indicação do próprio filho para ser o principal embaixador
do Brasil é absolutamente imperdoável, por demonstrar extrema falta de senso
comum de razoabilidade não somente como homem público, mas em especial de
simples brasileiro, que jamais imaginaria que o principal responsável pela
República tivesse pensamento tão pueril e rasteiro de sequer pensar nos
interesses do Brasil.
Trata-se,
fora de dúvidas, de pessoa sem as qualificações próprias para responder por
embaixada incumbida das mais relevantes, em termos de responsabilidade diplomática,
que não pode merecer a confiança de eleitor sensato e defensor dos mais
elevados princípios de brasilidade, dando a impressão de que, quem tem capacidade
para pensar tão pequeno, pode ser capaz de cometer muitas e outras ingenuidades
e aberrações ainda piores, diante da falta de coerência administrativa e de
senso crítico, ao imaginar, de forma estranha, que o pai precisa proteger o seu
filhinho, no âmbito do serviço público, o que é absolutamente impensável.
O
mais ridículo de tudo isso é o descaramento evidenciado pela falta de
sensibilidade e o desrespeito ao cidadão brasileiro, quando o presidente, na
maior cara-de-pau, diz que “Pretendo beneficiar um filho meu, sim. Pretendo,
está certo. Se puder dar um filé mignon ao meu filho, eu dou.”, porque
é normal, comum e natural no âmbito da família isso acontecer, estritamente no
tratamento particular, porque o pai sempre procurar dar o melhor para o filho,
por ser a tradição familiar, mas, em termos de serviço público, na
administração pública que apenas começa para o presidente, isso funciona como o
pior dos mundos, porque tem o condão de agredir violentamente os princípios
republicanos da ética, da moralidade, do decoro, da dignidade e principalmente
a conduta ilibada que precisam imperar no exercício do principal cargo da
República, dando a entender que o Brasil passa a ser transformada em
republiqueta, em que o soberano tem autonomia para decidir privilegiar membros
da família ditatorial, para a sua satisfação, por achar que a sua vontade não
tem limites nem rédeas, bastando apenas a indicação sem contrafreios impostos
por aqueles conceitos de correção e regularidade na administração do Brasil.
O
presidente precisa entender que não se trata apenas de “crítica pela crítica”,
mas sim de princípios jungidos ao exercício do cargo de príncipe da República,
que não pode se dar ao luxo de escolher o próprio filho para desempenhar espinhoso
cargo de embaixador, quando certamente não seria a pessoa mais qualificada para
o preenchimento dos requisitos exigidos, além de se tratar de membro da família
presidencial, dando terrível conotação de que as piores republiquetas não vislumbrariam
solução tão fora de propósito, porque isso não só demonstra extrema
incompetência gerencial, pela desprezível falta de sensatez, como completa
ridicularização ao corpo diplomático, que simplesmente foi descartado pelo
menino ainda engatinhando na vida pública, que, por certo, terá mera e
simbólica participação protocolar à frente da embaixada, porque lhe faltam os
atributos indispensáveis ao desempenho de tão relevante missão diplomática.
O
presidente chega ao ponto de não se sensibilizar diante das críticas que são feitas
à sua absurda indicação, quando defende que seu filho tem preparo suficiente
para o cargo, quando ele deveria pensar melhor sobre as verdadeiras atribuições
do cargo de embaixador da principal representação diplomática brasileira e
tentar conhecer o que realmente é preciso se dominar, em termos de preparo e experiência
diplomáticos, para que a missão seja cumprida a contento, exatamente ao nível
da responsabilidade à altura do Brasil, que jamais deveria ser entregue a quem
sabidamente não tem as mínimas condições exigidas para o cargo, ficando
evidente que o presidente brasileiro tem o dever cívico de não permitir que
pessoa despreparada seja nomeada, sob pena de ele ser responsabilizada por
desastre anunciado.
Em
demonstração de total alheamento à realidade e ao equilíbrio gerencial, o presidente
ainda ameaça colocar o filho como ministro das Relações Exteriores, mandando o
atual titular para a embaixada norte-americana, caso o garotinho não passe no
crivo da sabatina no Senado, fato que somente agrava o insensato quadro envolvendo
o preenchimento do cargo em tela, fato que não é considerado nepotismo, sob o
prisma da interpretação do Supremo Tribunal Federal, por se tratar de cargo considerado
político, mas o fato em si não passa de verdadeira e vexaminosa lambança, por
ficar escrachada forma de privilégio que é preferível evitá-lo, sob o aspecto dos
princípios republicanos da ética e da moralidade.
Os
brasileiros depositam esperança, ainda que remota, diante da falta de
credibilidade do Legislativo, que senadores tenham o mínimo de compromisso com a
dignidade na administração pública e os interesses do Brasil e ignorem apelos
da insanidade governamental e rejeitem essa indesejável e absurda indicação,
como forma de mostrar ao presidente da República que o Brasil ainda não se
compara à mera republiqueta e que as instituições republicanas precisam ser respeitadas
e valorizadas pelas autoridades públicas.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 19 de julho de 2019
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