Há pouco tempo, escrevi crônica onde tentei desmistificar a ideia de pessoa malsucedida na
política, procurando despejar suas frustrações em quem cumpriu com denodo, coragem,
competência e principalmente efetividade o ordenamento jurídico vigente, na
forma precisa de combate à corrupção e à impunidade, ao incluí-lo no rol de “falsos heróis”,
possivelmente por ter ele ter conseguido quebrar a gigantesca e poderosa corrente
comandada por meio de sistêmica e endêmica organização criminosa, incrustada,
em especial, em empresas públicas, a exemplo do que foi demonstrado por meio dos
resultados das investigações levadas a efeito pela competente e corajosa Operação
Lava-Jato, que prestou extraordinário benefício ao Brasil.
A
aludida operação não somente desvendou os meandros da famigerada organização
delituosa, como quebrou seus robustos elos, em definitivo, tendo ainda feito algo
que nunca havia acontecido na história da República brasileira, qual seja, colocar
na cadeia plêiade de importantes políticos, executivos, empresários e outros assemelhados
aproveitadores de dinheiros públicos.
Na
verdade, os tubarões de colarinho branco nunca foram tanto humilhados nem obrigados
a prestarem contas sobre seus ardis atos às barras da Justiça, tendo ainda a obrigação
de devolver montanhas de milhões de recursos desviados para seus bolsos ou para
os cofres de partidos políticos, que tinham a destinação de bancar campanhas
eleitorais sujas, posto que o dinheiro malcheiroso era oriundo dos espoliados
contribuintes, que são obrigados a arcar com carga tributária escorchante e
injusta, diante da contraprestação em serviços públicos da pior qualidade de
incumbência do Estado.
Em
contraposição às providências destinadas ao combate à corrupção e ao
desavergonhado desvio de recursos públicos, aqueles que nem se disfarçam para
criticar quem trabalha contra a esculhambação na gestão pública, e ainda contam,
estranhamente, com o apoio e os aplausos indevidos e injustificáveis de
correntes contrárias e malignas de séquito de seguidores completamente imbuídos
e nutridos por ideologias que preferem, de forma desarrazoada e alienada,
desprezar os interesses nacionais.
Há
clara demonstração de defesa de governos que não conseguiram assumir as suas grotescas
irresponsabilidades pela gestão extremamente desastrada e improba, diante do vigoroso
desvio de recursos públicos, conforme mostram as investigações pertinentes,
dadas à transparência à opinião pública, como forma de mostrar a verdade materializada
sobre os fatos delituosos e prejudiciais ao interesse dos brasileiros.
Causa
perplexidade que, para esses seguidores, mesmo com impressionante roubalheira e
tudo mais de degradante na gestão pública, nunca se viu governos tão
maravilhosos, em que pese não terem conseguido mostrar, ao menos, a
regularidade quanto às operações financeiras relacionadas com os contratos celebrados
pela Petrobras com empreiteiras, por onde, via propinoduto, escorriam as
riquezas desviadas para finalidades espúrias, escusas e vergonhosas, à vista
das delações, testemunhas e documentação objeto das investigações divulgadas
pela mídia, capazes de envergonhar os sentimentos daqueles que primam pelo amor
à dignidade humano e patriótica.
É
sim motivo de muito dissabor se perceber que o Brasil de maravilhosas riquezas
naturais, econômicas, sociais e culturais, além de gente mais do que digna e
honrada, tenha sido obrigado a experimentar tamanhas humilhação e infortúnio de
ter representantes políticos que não tiveram sensibilidade para honrar a
delegação do povo, quando foi permitido que o país fosse literalmente conduzido
para a desgraça cancerosa da corrupção, no pior dos estágios em termos estarrecedores
de estragos a cofres públicos, à vista dos levantamentos técnicos e operacionais
implementados sobre os fatos denunciados, que não permitem sequer se suscitar a
mínima dúvida, diante da contabilização dos danos causados à maior petrolífera
brasileira, a se lamentar o mínimo dos recursos recuperados e a timidez das
punições aos culpados, que sequer foram expulsos da vida pública e proibidos de
ainda pensar em exercer cargos públicos de qualquer natureza.
A
maior gravidade, que realmente choca, diz respeito à forma banal como essa
terrível esculhambação ainda vem sendo tratada por muitos insensatos e insensíveis brasileiros, absolutamente como essa
tragédia tenha sido apenas algo normal e incensurável, sem demérito algum às
atividades públicas, que, por sua natureza, somente tem espaço para atos
lícitos, imaculados e dignos, no âmbito da gestão pública.
A
estranheza maior disso é que, aos olhos da insensatez, os envolvidos são
considerados “heróis” nacionais e, por força disso, não se envergonham de exigir
reparação por se julgarem vítimas e injustiçados, mas, ao contrário, falsos políticos
e antibrasileiros se esforçam e fazem de tudo para que os agentes públicos que contribuíram
para o desvendamento das desgraças na administração pública, evidentemente em
prol dos interesses do Brasil e dos brasileiros, sejam agora perseguidos e
caiam em descrédito, para o fim de pagarem por seus procedimentos apenas notoriamente
corretos, justos e legítimos, à luz da opinião pública honrada e digna, que
reconhece os reais mérito da limpeza ética e moral do Brasil.
Na
prática, cogitam-se por punições e até afastamento de cargos, dando a entender
que eles jamais deveriam chegar ao desatino de apurar fatos delituosos,
ilícitos, sujos, nem julgar e punir criminosos de colarinho branco, exatamente
porque isso é imperdoável no país tupiniquim, diante do histórico de nunca
alguém, antes da competente Operação Lava-Jato, ter se atrevido a mexer com os
poderosos que julgam donos da República, com tantas impetuosidade e severidade.
Diante
da importância da análise produzida na aludida crônica, muitas pessoas se manifestaram
em apoio à sua ideia central, como no caso do atento patriota e sempre
interessado pela moralização do Brasil, o ilustre amigo Albertoni Martins, que assim
ponderou, in verbis: “Mano veio Adalmir, como de
costume, você deu aos seus leitores um show nas verdades na sua redação. Nossos
louvores. Mas o que querem algumas autoridades jurídicas da alta corte é simular
esta história de ‘falsos heróis’, para deixar no anonimato os bandidos
camuflados, que rondam no Congresso Nacional. Estes sim, os cemitérios estão
cheios e com vagas para muito mais.”.
Em
resposta à abalizada mensagem, eu disse que me alegro que você, querido
Alberoni, tenha gostado da crônica em referência, que realmente mostra momento
de muita tristeza e melancolia da Justiça brasileira, quando comezinhos
princípios éticos e morais são monstruosamente postos à margem, não por causa
plausível, mas simplesmente por motivação visivelmente ideológica, em detrimento dos
sentimentos de moralidade e dignidade que precisam imperar no âmbito do Poder
Judiciário.
Os homens
públicos que se vergam a esse degradante e deprimente processo de prostituição
moral são indignos de exercer cargos públicos relevantes, fato que levaria
necessariamente ao afastamento compulsório deles dos cargos, caso a República
dispusesse de legislação aplicável imediatamente quando da incidência de
aberração em que servidores conspirassem contra os interesses do Estado, que
seria exatamente o que está ocorrendo na atualidade, onde a promiscuidade
funcional recomendaria a incompatibilidade com a administração pública.
Ou seja,
em um país sério e civilizado, prevalece, de maneira sempre preponderante, o
interesse público e jamais o desejo pessoal ou a vaidade dos agentes do Estado.
Urge que
os brasileiros se conscientizem, com urgência, de que os interesses do Brasil precisam
ser defendidos com primazia, diante da imperiosa necessidade da integridade do seu
rico e vasto patrimônio, que está acima dos sentimentos políticos ou ideológicos,
que normalmente estão visando à satisfação pessoal e/ou partidária que, na
prática, demonstram o verdadeiro amor senão aos seus projetos políticos, em cristalino
detrimento das causas nacionais.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 25 de julho de 2019
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