quinta-feira, 25 de julho de 2019

Compromisso só com o Brasil


Há pouco tempo, escrevi crônica onde tentei desmistificar a ideia de pessoa malsucedida na política, procurando despejar suas frustrações em quem cumpriu com denodo, coragem, competência e principalmente efetividade o ordenamento jurídico vigente, na forma precisa de combate à corrupção e à impunidade,  ao incluí-lo no rol de “falsos heróis”, possivelmente por ter ele ter conseguido quebrar a gigantesca e poderosa corrente comandada por meio de sistêmica e endêmica organização criminosa, incrustada, em especial, em empresas públicas, a exemplo do que foi demonstrado por meio dos resultados das investigações levadas a efeito pela competente e corajosa Operação Lava-Jato, que prestou extraordinário benefício ao Brasil.
A aludida operação não somente desvendou os meandros da famigerada organização delituosa, como quebrou seus robustos elos, em definitivo, tendo ainda feito algo que nunca havia acontecido na história da República brasileira, qual seja, colocar na cadeia plêiade de importantes políticos, executivos, empresários e outros assemelhados aproveitadores de dinheiros públicos.
Na verdade, os tubarões de colarinho branco nunca foram tanto humilhados nem obrigados a prestarem contas sobre seus ardis atos às barras da Justiça, tendo ainda a obrigação de devolver montanhas de milhões de recursos desviados para seus bolsos ou para os cofres de partidos políticos, que tinham a destinação de bancar campanhas eleitorais sujas, posto que o dinheiro malcheiroso era oriundo dos espoliados contribuintes, que são obrigados a arcar com carga tributária escorchante e injusta, diante da contraprestação em serviços públicos da pior qualidade de incumbência do Estado.
Em contraposição às providências destinadas ao combate à corrupção e ao desavergonhado desvio de recursos públicos, aqueles que nem se disfarçam para criticar quem trabalha contra a esculhambação na gestão pública, e ainda contam, estranhamente, com o apoio e os aplausos indevidos e injustificáveis de correntes contrárias e malignas de séquito de seguidores completamente imbuídos e nutridos por ideologias que preferem, de forma desarrazoada e alienada, desprezar os interesses nacionais.
Há clara demonstração de defesa de governos que não conseguiram assumir as suas grotescas irresponsabilidades pela gestão extremamente desastrada e improba, diante do vigoroso desvio de recursos públicos, conforme mostram as investigações pertinentes, dadas à transparência à opinião pública, como forma de mostrar a verdade materializada sobre os fatos delituosos e prejudiciais ao interesse dos brasileiros.
Causa perplexidade que, para esses seguidores, mesmo com impressionante roubalheira e tudo mais de degradante na gestão pública, nunca se viu governos tão maravilhosos, em que pese não terem conseguido mostrar, ao menos, a regularidade quanto às operações financeiras relacionadas com os contratos celebrados pela Petrobras com empreiteiras, por onde, via propinoduto, escorriam as riquezas desviadas para finalidades espúrias, escusas e vergonhosas, à vista das delações, testemunhas e documentação objeto das investigações divulgadas pela mídia, capazes de envergonhar os sentimentos daqueles que primam pelo amor à dignidade humano e patriótica.
É sim motivo de muito dissabor se perceber que o Brasil de maravilhosas riquezas naturais, econômicas, sociais e culturais, além de gente mais do que digna e honrada, tenha sido obrigado a experimentar tamanhas humilhação e infortúnio de ter representantes políticos que não tiveram sensibilidade para honrar a delegação do povo, quando foi permitido que o país fosse literalmente conduzido para a desgraça cancerosa da corrupção, no pior dos estágios em termos estarrecedores de estragos a cofres públicos, à vista dos levantamentos técnicos e operacionais implementados sobre os fatos denunciados, que não permitem sequer se suscitar a mínima dúvida, diante da contabilização dos danos causados à maior petrolífera brasileira, a se lamentar o mínimo dos recursos recuperados e a timidez das punições aos culpados, que sequer foram expulsos da vida pública e proibidos de ainda pensar em exercer cargos públicos de qualquer natureza.
A maior gravidade, que realmente choca, diz respeito à forma banal como essa terrível esculhambação ainda vem sendo tratada por muitos insensatos  e insensíveis brasileiros, absolutamente como essa tragédia tenha sido apenas algo normal e incensurável, sem demérito algum às atividades públicas, que, por sua natureza, somente tem espaço para atos lícitos, imaculados e dignos, no âmbito da gestão pública.
A estranheza maior disso é que, aos olhos da insensatez, os envolvidos são considerados “heróis” nacionais e, por força disso, não se envergonham de exigir reparação por se julgarem vítimas e injustiçados, mas, ao contrário, falsos políticos e antibrasileiros se esforçam e fazem de tudo para que os agentes públicos que contribuíram para o desvendamento das desgraças na administração pública, evidentemente em prol dos interesses do Brasil e dos brasileiros, sejam agora perseguidos e caiam em descrédito, para o fim de pagarem por seus procedimentos apenas notoriamente corretos, justos e legítimos, à luz da opinião pública honrada e digna, que reconhece os reais mérito da limpeza ética e moral do Brasil.
Na prática, cogitam-se por punições e até afastamento de cargos, dando a entender que eles jamais deveriam chegar ao desatino de apurar fatos delituosos, ilícitos, sujos, nem julgar e punir criminosos de colarinho branco, exatamente porque isso é imperdoável no país tupiniquim, diante do histórico de nunca alguém, antes da competente Operação Lava-Jato, ter se atrevido a mexer com os poderosos que julgam donos da República, com tantas impetuosidade e severidade.    
Diante da importância da análise produzida na aludida crônica, muitas pessoas se manifestaram em apoio à sua ideia central, como no caso do atento patriota e sempre interessado pela moralização do Brasil, o ilustre amigo Albertoni Martins, que assim ponderou, in verbis: Mano veio Adalmir, como de costume, você deu aos seus leitores um show nas verdades na sua redação. Nossos louvores. Mas o que querem algumas autoridades jurídicas da alta corte é simular esta história de ‘falsos heróis’, para deixar no anonimato os bandidos camuflados, que rondam no Congresso Nacional. Estes sim, os cemitérios estão cheios e com vagas para muito mais.”.
Em resposta à abalizada mensagem, eu disse que me alegro que você, querido Alberoni, tenha gostado da crônica em referência, que realmente mostra momento de muita tristeza e melancolia da Justiça brasileira, quando comezinhos princípios éticos e morais são monstruosamente postos à margem, não por causa plausível, mas simplesmente por motivação visivelmente ideológica, em detrimento dos sentimentos de moralidade e dignidade que precisam imperar no âmbito do Poder Judiciário.
Os homens públicos que se vergam a esse degradante e deprimente processo de prostituição moral são indignos de exercer cargos públicos relevantes, fato que levaria necessariamente ao afastamento compulsório deles dos cargos, caso a República dispusesse de legislação aplicável imediatamente quando da incidência de aberração em que servidores conspirassem contra os interesses do Estado, que seria exatamente o que está ocorrendo na atualidade, onde a promiscuidade funcional recomendaria a incompatibilidade com a administração pública.
Ou seja, em um país sério e civilizado, prevalece, de maneira sempre preponderante, o interesse público e jamais o desejo pessoal ou a vaidade dos agentes do Estado.
Urge que os brasileiros se conscientizem, com urgência, de que os interesses do Brasil precisam ser defendidos com primazia, diante da imperiosa necessidade da integridade do seu rico e vasto patrimônio, que está acima dos sentimentos políticos ou ideológicos, que normalmente estão visando à satisfação pessoal e/ou partidária que, na prática, demonstram o verdadeiro amor senão aos seus projetos políticos, em cristalino detrimento das causas nacionais.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 25 de julho de 2019

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