sábado, 18 de dezembro de 2021

Basta de irracionalidade!

 

O presidente da República faz questão de mostrar insensibilidade para causas humanitárias, em especial no que se refere à crise da pandemia do coronavírus, quando ele determinou, pasmem, em alto e bom som, o seguinte: “aqui é proibido usar máscara”, por ocasião de evento em ambiente do Palácio do Planalto.

Vejam o tamanho da insensatez protagonizada logo pelo mandatário da nação, dando ordem absurda e ao sabor da bizarrice, quando, ao contrário, ele tem o dever cívico e humanitário de se colocar justamente como exemplo dos cuidados em defesa da preservação da vida.

Não há a menor dúvida de que a atitude presidencial é recriminável e chocante, diante do ineditismo dela, que tem às feições de ato provocativo contra a realidade atingida pelas críticas à pessoa dele, que sempre se comportou como se a terrível doença sequer existisse, tamanho tem sido o seu desprezo às medidas de combate pertinentes.

O certo é que a doença ainda não se encontra controlada, posto que há risco de contaminação pelo vírus e a máscara é forma preventiva contra ele, em especial em local com aglomeração, o que não se recomenda o menor desleixo quando ao controle sanitário.

Há ainda que se atentar para o momento em que se fala no perigoso avanço da variante Ômicron, que é objeto de muito medo em todo o planeta, diante de contaminação em massa, mas, infelizmente, o presidente do negacionismo se posiciona com total clareza contra as orientações básicos da Ciência, preferindo ser modelo maléfico da evangelização a favor do morticínio, com a liberação da máscara no seu local de trabalho.

A índole negativista do presidente do país é de enorme morbidez, a ponto de se engajar, de maneira sistemática, em movimento transparente e direto, com a finalidade de tentar sabotar a cruzada da imunização, a exemplo de ter deixado de tomar a vacina, de propósito, por não acreditar na sua eficácia.

O presidente brasileiro promove a propaganda negativa em relação à Covid-19, sempre que tem oportunidade para fazê-la, como se isso não resultasse em malefício para a sociedade e para a sua importante imagem.

O presidente do país já afirmou que a vacina pode causar AIDs, trombose, embolia pulmonar, em razão de uma série de efeitos colaterais com indicativo próprio dele, que é absolutamente leigo em medicina e sanitarismo, mas mesmo assim se atreve a fazer diagnósticos em profusão, sem atentar que isso tem o condão de contribuir para tumultuar ainda mais as precariedades na condução das medidas de combate sistemático ao vírus.

 Sem qualquer respaldo médico, ele consegue levar a dúvida para o seio da população menos informada, aumentando o receio, o medo e a incerteza quanto à melhor maneira de se prevenir contra a Covid-19, contribuindo para dificultar o seu combate com melhores condições sanitárias.

Nesse ponto, o presidente do país, teoricamente, como a maior autoridade da República, tem o dever primacial de zelar pelo bem-estar da população, de modo a propiciar tranquilidade e correção em todos os seus atos, mesmo que tenha posição pessoal diferente, mas, na qualidade de estadista, o seu dever precisa ser sempre inflexível e em plena harmonia com as orientações sanitárias emanadas pelas autoridades competentes.

É possível se constatar que não houve um único gesto, movimento ou interesse por parte do presidente do país para, ao menor que seja, motivar a atenuação do sofrimento causado aos brasileiros pela Covid-19, em especial àqueles que foram afetados diretamente com a perda de entes queridos, nessa terrível crise humanitária.

A verdade é que, no dicionário do presidente brasileiro, não existem os vocábulos de solidariedade, sensibilidade, compaixão nem compreensão por conta da tragédia da Covid-19, dando a entender que, com natural simplicidade, se houve morte, era porque tinha que morrer mesmo.

O presidente do país tem mostrado, de forma muito estranha, altíssimo nível de insensibilidade e falta de sentimento de pesar pelo sofrimento dos brasileiros que perderam entes queridos, em especial porque o seu governo não promoveu absolutamente nada de especial para combater a Covid-19, apenas tendo a capacidade de executar as políticas necessárias exigidas para a situação que é excepcional, mas ela não foi vista com essa dimensão de gravidade.

As atitudes e declarações do presidente são próprias de comportamento que consegue se distanciar do caos, dando a impressão de que o problema não é com ele, como se ele pudesse, ao contrário, se beneficiar da letargia na gestão pública, que tem sido a marca do seu governo.

          Vejam-se que, na mais recente discussão visando à implementação de medidas sanitárias necessárias, o presidente do país mostrou desprezo pelo melhor controle da Covid-19, tendo feito tudo para impedir a exigência do passaporte vacinal de viajantes que desembarcam no país, ao se posicionar absolutamente contrário à ideia.

Para tanto, ele foi capaz de exigir do ministro da Saúde, que é médico especialista no assunto, que se posicionasse firmemente contra, quando o seu dever seria o de determinar que o órgão estudasse o assunto e estabelecesse o que fosse melhor para o controle sanitário, mas aquele assessor, motivado certamente por ambições políticas e sede de poder, se omitiu, tendo preferido se pronunciar em harmonia com o chefe, ao proferir a lamentável e irracional frase, que viralizou, nestes termos: “melhor perder a vida do que a liberdade”.

Quanto ao passaporte sanitário, parece que o bom senso terminou prevalecendo no Supremo Tribunal Federal, que decidiu pela exigência do bendito comprovante, por entender sobre a importância do melhor controle sanitário, precisamente desprezado pelo governo, sob a orientação do chefe do Executivo.

Diante da determinação do Supremo, o mandatário brasileiro, além de não ter reconhecido o mérito dela, achou por bem proferir argumento o mais infantil possível, tendo alegado que, “se eu não tomei (a vacina) por que vou obrigar os outros a comprovar que tomaram (sic)?”.

À toda evidência, o pensamento do presidente do país é a prova inconteste do retrocesso humano, ao se mirar e adotar como parâmetro pessoal para decidir em instância de Estado e em nome de uma nação, como se a pessoa dele fosse a autenticidade dos bons exemplos a serem religiosamente seguidos pelo resto da humanidade.

O presidente do país, por dever constitucional, tem obrigação de ser absolutamente isento e imparcial, tendo a obrigação de agir exclusivamente como estadista, que tem por metas a plena satisfação do interesse público, que jamais pode se confundir com situação pessoal, como imaginado no seu discurso completamente inapropriado ao caso.

Não há a menor dúvida de que a interpretação pessoal do presidente do país vai muito além dos limites do bom senso e da racionalidade, em termos de gerenciamento dos negócios do Estado, quando ele precisa, por ser do seu dever constitucional, se pautar estritamente em salutares regras compatíveis com as necessidades públicas, em sintonia com a liturgia do relevante cargo presidencial.

Enfim, merece total recriminação por parte dos brasileiros lúcidos, que se preocupam com a prevalência dos princípios sanitários, as atitudes e os atos do presidente do país, em contrariedade às medidas pertinentes à vacinação, ao passaporte sanitário nas fronteiras brasileiras, ao uso de máscara, enfim, a tudo que seja dissonante ao combate à crise da pandemia do coronavírus.

Convém que os brasileiros cônscios da sua importante responsabilidade cívica e de cidadania, repudiem, com veemência, as estultices protagonizadas pelo presidente da República, que tem se posicionado na contramão de importantes medidas sanitárias, necessárias à preservação da vida humana.

Brasília, em 18 de dezembro de 2021

Nenhum comentário:

Postar um comentário