terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Passaporte vacinal

            Parcela significativa dos brasileiros é favorável ao passaporte da vacina, no sentido da necessidade de comprovação de que houve a imunização contra a Covid-19, para transitar em locais públicos ou privados, onde possa haver fluxo de pessoas.

Essa importante constatação é resultado de pesquisa realizada pelo Instituto FSB Pesquisa, sob encomenda da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

De acordo com a consulta, que foi divulgada nesta data, 65% das pessoas ouvidas responderam afirmativamente pelo apoio à implementação do passaporte vacinal ou sanitário, enquanto 22% delas se colocaram contra à exigência.

A aludida pesquisa consultou 2.016 pessoas, com mais de 16 anos, de forma presencial, no período de 18 e 23 de novembro, em unidades da federação.

O levantamento também mostrou que, apesar de a maioria das pessoas aprovar o passaporte da vacinação, apenas 18% já precisaram utilizá-lo, ao entrarem em estabelecimento, nos últimos três meses.

Segundo a pesquisa, 66% das pessoas consultadas demonstraram real temor em ser preciso conviver, diariamente, com pessoas que ainda não se vacinaram.

De acordo com estatística oficial, atualmente, o Brasil tem 65% da população imunizada com o ciclo vacinal completo.

A participação em shows e eventos artísticos desperta mais medo de contágio nos entrevistados, conforme a declaração de 61% dessas pessoas.

Já no que diz respeito ao uso obrigatoriedade de máscaras, houve a constatação média de opiniões, em que 49% dos entrevistados disseram que essa proteção deve continuar, exatamente como obrigação, enquanto 39% avaliam que a medida deveria ser facultativa e outros 10% não são nem a favor nem contra, restando 2%, que disseram não saber responder.

Entre os que não se vacinaram, o uso obrigatório da máscara é menos popular, porque 50% são contra a obrigatoriedade, enquanto entre os vacinados, o índice é de 38%.

A pesquisa ainda mostrou que, entre quem está vacinado, o uso de máscara em locais abertos ou fechados é de 59%, enquanto entre os não vacinados, esse número cai para 29%.

        A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmou que os postos de fronteiras devem exigir o comprovante de vacinação, em especial nos aeroportos, para as pessoas que entrarem no Brasil, tendo como respaldo a decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, nesse sentido.

A referida decisão faz importante alerta, lembrando sobre a ameaça de se promover "turismo antivacina", diante da falta de ação e cuidados precisos e preventivos por parte do governo federal.

Parece muito estranho que o presidente da República, a principal autoridade do Brasil, seja abertamente contrário à exigência de comprovação de vacinação, sendo ele próprio é péssimo exemplo de combate à Covid-19, em razão de não ter tomado a vacina apropriada ao caso.

Como princípio cívico, é evidente que seja preciso se respeitar o pensamento das pessoas que acham conveniente não se vacinar contra a Covid-19, porque isso faz parte da liberdade individual, que se insere harmonicamente nos direitos humanos.

Não obstante, é preciso também se respeitar o direito daqueles que entendem que a vacinação é conveniente, porque ela forma tranquilizadora de proteção das pessoas, tendo por objetivo a diminuição drasticamente dos riscos de contágios da Covid-19.

É preciso se entender que não se exige o passaporte vacinal por mera vontade de momento, mas sim por ainda existir em atividade a pior crise sanitária do século, causada pela terrível Covid-19, que já matou mais de 600 mil brasileiros e muitos dos quais devem ter morrido exatamente por terem deixado de tomar algum cuidado básico, a exemplo do que se exige em forma de comprovação da vacina.

No caso do passaporte sanitário, a sua exigência não é aleatória, mas sim em casos específicos, em que o exigido somente tem acesso se comprovar a vacinação, o que vale dizer que a sua liberdade de opção de não se vacinar continua preservada, apenas tendo também a compreensão de que a sua restrição da liberdade de ir e vir tem como causa maior precisamente a necessidade de proteção sanitária e a segurança de pessoas, o que parece ser natural, à vista do envolvimento de vidas humanas.

Ou seja, o respeito precisa ser de mão dupla, tanto por parte de quem foi vacinado como pelos não vacinados, sendo que estes têm todo direito de não se submeter à vacinação, mas não pode se opor às medidas de segurança e proteção da vida, em especial porque ainda existe fator preponderante que justifica a exigência do passaporte, que, diga-se de passagem, não é garantia de total imunidade, mas é sim forma civilizada e humanitária de cuidados que precisam estar em evidência, em forma de valorização da vida humana, que precisa de segurança.

É preciso que os brasileiros de boa vontade se conscientizem de que as duras lições deixadas pelo auge da incidência da Covid-19, quando as restrições foram plenas, tinham por finalidade justamente se evitar mortandade ainda maior e o resultado certamente foi bastante benéfico e importante para a humanidade.

À toda evidência, as mencionadas medidas preventivas contaram com o apoio de todos, que igualmente se sacrificaram e se solidarizaram com o isolamento social, porque ele era absolutamente necessário para a salvação de muitas pessoas, em que pese a insensibilidade humana somente reconhecer malefícios naturais causados à economia, em total desprezo à importância da vida humana, que deveria ter sido sacrificada, no entender dos insensíveis, para não prejudicar à economia.    

Convém que os brasileiros, sob os auspícios dos sentimentos humanitários, se esforcem para a melhor compreensão no sentido de puderem contribuir com importante parcela de sacrifício na condução das medidas necessárias ao combate, de alguma forma, à terrível Covid-19, a exemplo do que se pretende com a adoção do passaporte sanitário, cuja medida não é extensiva à população em geral, mas sim a casos específicos, absolutamente justificável, em termos de medida sanitária de proteção à vida humana.    

Brasília, em 14 de dezembro de 2021

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