terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Cadê a compostura?

 

Em mensagem postada em WhatsApp de grupo de amigos, um deles escreveu o seguinte texto: “Só dois loucos tiveram a coragem de combater o comunismo. O primeiro foi o herói de 1964, o general Olímpio Mourão e agora está sendo Bolsonaro, mas que está amordaçado pelo sistema, porque não tomou a decisão certa após 7 de setembro, mas sem ele estamos ferrados no comunismo e na corrupção generalizada e sem liberdade é o caos. Aí só Deus para nos salvar da tirania mas vai custar muito caro porque vamos ter que lutar igual Davi (sic).”.

Em ligeira análise sobre o aludido texto, eu disse ao admirável amigo, se  ele me permitir, com o devido respeito, pode até ser que o último herói dele, mencionado acima, esteja realmente amordaçado, o que é pura verdade, porque os fatos mostram isso, de forma sobeja.

Não obstante, há de se convir, que não é, em absoluto e a bem da verdade, por conta de sistema nem de nada estranho às cercanias do citado ídolo.

Tudo que que ocorre de nefasto, precário ou adverso aos interesses ao seu ídolo, quer queira ou não seus entusiastas seguidores, tem como causa acentuada e notória incompetência ou a insensibilidade protagonizada dentro do Palácio do Planalto, em decorrência de atos sem a devida avaliação estratégica própria da administração pública competente, eficiente e responsável.

Para ilustração dessa assertiva, basta tão somente a citação de um exemplo clássico pertinente ao combate à pandemia do coronavírus.

Somente os seguidores do presidente do pais, com rara exceção, reconhecem nele qualidades de efetivo cuidado, em forma de contribuição positiva e efetiva, com o máximo de excelência, com as medidas de combate àquela gravíssima crise, que abalou as estruturas da saúde dos brasileiros, à vista de tantas mortes, infelizmente, contabilizadas, conquanto o resto dos brasileiros sensatos simplesmente o qualificam como sendo autêntico negativista, por ele ter atuado muito mais na contramão das orientações e políticas emanadas pelas autoridades e organizações incumbidas da disseminação das medidas sanitárias pertinentes.

Ou seja, o balanço que se pode fazer, evidentemente sob o prisma do bom senso e da racionalidade, sem o sentimento da ideologia política, é que o presidente brasileiro conseguiu desprezar o que existe de mais nobre na figura do estadista, que é a sensibilidade humanitária, aquele em que o ser verdadeiramente humano somente demonstra amor às causas em benefício da sociedade.

Nesse aspecto, o presidente do país sempre quis agir contra as negociações para a compra do imunizante e quando o fez, enfim, já era muito tarde, quando outros países sensíveis às causas humanitárias já tinham começado a vacinação quase um mês antes do Brasil e isso mostra o indiscutível desprezo à vida humana, porque a acentuada queda das mortes somente aconteceu depois da segunda dose da vacina, que foi retardada pela demora no início da imunização.

Ou seja, se a vacinação tivesse acontecido o mais cedo possível, certamente que muitas mortes teriam sido evitadas, por conta dos devidos cuidados adotados pelo governo e isso é fato inexorável.

Sim, é evidente que há culpa formada pelas mazelas existentes, a partir da declaração do general ministro da Saúde de que, questionado sobre a suspensão da compra de vacina, ele respondeu com a serenidade dos monges que cumpriu ordens superiores, que somente poderiam ter vindas do chefe do Executivo.

Vejam-se, a propósito, que o ministro da Saúde nem médico era para cuidar, pasmem, da pior e gravíssima crise da saúde pública brasileira, por causa da pandemia do coronavírus, com foi causadora de verdadeiro massacre sobre a saúde e a vida dos brasileiros.

A verdade é que esse pequeno histórico acima é parte mínima da mordaça criada dentro do Palácio do Planalto, que precisa ser assimilada pelos dignos seguidores do seu ídolo.

Não obstante, infelizmente, parece ficar muito mais cômodo se apontar para as mazelas dos outros, não que elas não existam, porque os fatos mostram que a incompetência campeou à vontade em todas as direções, mas seria muito mais interessante que a trava fosse retirada primeiro dos olhos de quem critica e acusa, para que seja possível se enxergar melhor a verdade sobre os fatos  e ter condições de enxergar onde estão as maiores mordaças ao desenvolvimento socioeconômica brasileiro.

Impende se deixar claro que a análise em apreço é genérica, sem conotação pessoal. Diante do meu texto, o nobre amigo escreveu outra mensagem, mandando seus ensinamentos, na seguinte forma: “Ao eminente colega escritor Adalmir o poderoso da minha vida Deus mas dependermos de homens que não são perfeitos mas por seus gestos causam admiração pela coragem de defender a pátria contra o comunismo e a corrupção generalizada  porque são heróis só por tentar caro colega não podermos fugir da realidade do teatro de operações que vive nosso país a você e a todos os colegas desejo um Brasil pujante e alavancado para o mundo com as bênçãos de Deus. Temos obrigação de defender nossos heróis, mas nem por isso, devemos fechar os olhos para os seus deslizes.”.

Em se falar em herói, o presidente do país tem muitas qualidades, mas muitas delas são empanadas por vários atos que jamais ele deveria ter praticado, a exemplo da sua briga com o Supremo Tribunal Federal, uma vez que os assuntos com a Justiça se combatem por meio de recursos competentes, onde devam prevalecer, apenas e necessariamente, os argumentos jurídicos e da verdade.

Em toda discursão em público travada por ele, em público, apenas os assuntos entraram e saíram pelos "ouvidos" da Justiça, sem ter surtido efeito algum e o presidente apenas perdeu o seu precioso tempo jogando conversa fora.

Os exemplos de deslizes são muitos e isso só serve como desgaste e perda de credibilidade do mandatário do país, que vem se afundando em gravíssimo e desnecessário processo de impopularidade, caso ele tivesse o mínimo de sensibilidade político-administrativa.

Sim é preciso defender a pátria, em especial contra os inescrupulosos  aproveitadores e o próprio presidente do país se insere como um deles.

A prova maior dessa assertiva é a aliança espúria dele com o famigerado Centrão e a sua filiação a partido integrante desse grupo político, de índole nitidamente fisiológica, tendo por finalidade exclusivamente a obtenção de condições para a viabilização da reeleição dele ao cargo presidencial.

Ou seja, o presidente do país resolveu escolher, a dedo, o melhor partido para a acomodação de seus planos políticos, mesmo sendo ele de índole nada republicana, em termos de ética e moralidade, conforme mostram os fatos, para se filiar, na certeza de que ele contará com fartos recursos financeiros e maior tempo de televisão, não importando, para tanto, que os fins justificam os meios.

Tudo isso tendo por objetivo final a tão sonhada manutenção no poder, que vale qualquer negócio sujo e visivelmente escuso, como nesse notório caso  de união com grupo político recriminável pela sociedade que prima pela moralidade na administração do Brasil.

À toda evidência, nesse negócio visivelmente escandaloso, à luz dos salutares princípios da ética, da moralidade e da dignidade, o presidente do país fica cristalino que foi traída a confiança de muitos eleitores que votaram nele para o cargo que ele exerce, quando ele defendia, de maneira triunfante, a pureza da bandeira da moralidade, empunhada durante a campanha eleitoral.

Infelizmente, agora, ele está metido de corpo e alma no imundo Centrão, com a cara mais lisa e ainda, por pior, continua merecendo os aplausos se seus fiéis fanáticos seguidores, como se tudo isso fosse normal, em que pese ele próprio ter dito que aquele grupo era da "velha política", onde só tinham aproveitadores de recursos públicos e do poder, só que, agora, ele se tornou, indiscutivelmente, um deles.

É preciso que os brasileiros honrados tenham a dignidade de se envergonhar dos erros de seus “heróis”, com vistas a exigirem deles a devida compostura da honra de estadista perante o mandato delegado pelo povo.

Brasília, em 21 de dezembro de 2021

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