Como todos sabem, o presidente do país foi eleito tendo no seu programa
de governo o forte discurso da criminalização dos membros desse grupo político,
que ele qualificava como “velha política”, por sua aderência ao escrachado
fisiologismo nas atividades políticas, embora, no fundo, o mandatário nunca
deixou de agir como um dos seus genuínos integrantes.
Sem ter como disfarçar, o presidente resolveu se jogar nos braços do
Centrão, a partir do momento em que ele corria o risco de responder a processo de
impeachment, à vista de mais de centro e trinta pedidos de seu afastamento já
protocolados, com a indicação da prática de alguma irregularidade que caracteriza
crime de responsabilidade, os quais estão dormitando em uma das gavetas do
presidente da Câmara dos Deputados.
Na verdade, o presidente do país é extrato do Centrão, por demonstrar não
ter o menor pudor com diante do princípio da moralidade, eis que a essência desse
grupo político é o recriminável fisiológico, que tem como costume operacional o
submundo do deplorável sistema conhecido por “toma lá, dá cá”, que se manteve
ativamente operando, basicamente, em todos os governos anteriores ao atual.
O certo é que o presidente do país iniciou as suas atividades política
como parlamentar do PP, que sempre se manteve firme aos principais da corrente fisiológica, que tem sido a razão
maior desse grupo político.
Na realidade, o presidente do país conseguiu enganar, a um só tempo,
muitos eleitores ávidos pela moralização do Brasil, quando ele pregava o conto
de fadas, ao assegurar, em alto e bom tom, que ele era autêntico paladino da
nova política, na campanha de 2018, quando se dizia contrário às práticas do
fisiologismo declaradamente encampadas pelo Centrão, que hoje estão de mãos
dadas na Esplanada dos Ministérios, inclusive ele, muito espertamente, filiada
a um dos principais partidos que formam o grupo de decadência moral.
O certo é que o presidente resolveu entregar
não somente o seu corpo, mas também a sua alma ao Centrão, ao assinar a sua
adesão aos imorais sentimentos políticos do fisiologismo, sabendo que, na
atualidade, esse grupo político já domina praticamente todo o governo, em
especial o orçamento, tendo por único e exclusivo objetivo o trampolim para a
sua reeleição, que certamente será alcançada, não importando o preço a ser pago,
porque a sua dignidade foi completamente desnudada e seus princípios jogados na
lama.
Com a cara mais lisa e sem qualquer resistência, o presidente do país não
pensou duas vezes antes de se filiar ao PL, que é comando por importante mensaleiro
e ex-presidiário, que se incluía nas críticas dele como aquela gente da velha
política, mas somente na campanha eleitoral, que certamente tinha por
finalidade se angariar votos dos brasileiros honrados e dignos.
O certo é que os eleitores acreditaram na conversa e foram terrivelmente
traídos pela ganância de político ambicioso e influenciado pelo poder, que se
vendem pelas facilidades propiciadas por mais tempo no horário eleitoral e recursos
para as milionárias campanhas eleitorais, na certeza de que os seus fanáticos
jamais vão perceber o quanto isso é trágico e indigno para as práticas políticas,
diante dos elevados princípios republicanos.
Causa enorme perplexidade o conformismo dos defensores do bolsonarismo,
diante do emporcalhamento do presidente do país se filiando a partido
integrante do Centrão, dando a entender que eles acham isso algo normal, ante o
desprezo desse grupo aos princípios republicanos que ele tanto defendia,
evidentemente no passado distante.
Aliás, os objetivos de agora são outros completamente diferentes, quando
se encontra em jogo a reeleição, que é processo bem diferente daquele, onde não
precisará se atentar para o chamamento da moralidade na administração pública, na
forma do apelo que fora feito antes, certamente à vista da evolução da
mentalidade presidencial, que considera banal se aliar ao deplorável Centrão.
Enquanto o presidente do país procura se acomodar no seu berço político,
com vistas ao maior conforto, os brasileiros seguem a sua sina de maus-tratos, à
procura de empregos, alimentos, saúde, segurança e outros meios para saciar as
suas necessidades básicas, que nem sempre são facilitadas diante da carência de
recursos negados pelas precárias políticas econômicas.
Não obstante, no governo, o dinheiro seja irrigado normalmente por meio
do “orçamento secreto”, que foi aprovado para a compra de votos de
parlamentares, ou seja, para o atendimento do interesse público falta verba,
mas ela existe com fartura para saciar a sanha dos congressistas, em evidente
política elitista do governo que, às claras, privilegia os projetos voltados
para os seus interesses políticos.
Conclui-se que todo povo tem o governo que merece, não importando como
ele se comporta, em termos de desempenho das funções para as quais ele tenha
sido eleito, e muito menos com relação às prioridades governamentais, quando
elas são absolutamente inexistentes, no sentido da satisfatoriedade das
necessidades básicas da população, que poderia ser atendida por meio de projetos
voltados para o desenvolvimento socioeconômico, que também são inexistentes,
mas há em gestação projeto assistencialista do governo.
Essa magnânima maneira de distribuição de renda nada mais é do que o aleijão
instituído por governos socialistas, que tem por viés a criação de bolsão de
pobreza, que visa aos deploráveis currais eleitorais, na precisa visão
estratégica do atual governo, que pretende institucionalizá-lo, com vistas à
consolidação da sua reeleição.
Em se tratando de governo com o mínimo de seriedade, ao invés da criação
de programas meramente assistencialistas, de cunho visivelmente socialista, que
se destinam à ajuda de maneira apenas paliativa e ainda contribuindo para o
prolongamento do sofrimento da população carente, procuraria priorizar
importantes programas destinados ao incentivo à criação de polos de
desenvolvimento econômico e social, para potencializar o emprego em todo país,
além do planejamento estratégico de obras de impacto em setores carentes de
crescimento.
Há de se notar que a formação de empregos dispensaria a manutenção do
assistencialismo social, que é geração da incompetência administrativa e do determinismo
do interesse político, tendo por objetivo a absoluta escravidão do povo à exploração
de governos ultrapassados e ineficientes.
Na verdade, muitas mudanças prometidas pelo atual governo têm como
vértice as mesmas finalidades perseguidas por governos socialistas, a exemplo
cristalino do enlameamento pegajoso com o Centrão e o fomento de programa
assistencialista, todos convergindo para o único ponto, qual seja, a manutenção
no poder, a qualquer preço.
O pior de tudo isso é que, em todos os casos, há o envolvimento de
recursos públicos, que poderiam ser aplicados em real proveito do interesse público,
em programas ou atividades condizentes com a eficiência da gestão pública e o
bem comum da sociedade.
Enfim, ao que tudo indica, o que importa mesmo, neste momento, é que o presidente
da República, no alto da moralidade imaginada só para ele, já tem o partido
para ser considerado de seu, que conta com as estruturas necessárias ao apoio à
disputa segura da reeleição dele, que é o seu maior objetivo político, tendo
ainda o importante respaldo de muitos brasileiros que concordam com as
maravilhas que estão em curso.
Brasília, em 1º de dezembro
de 2021
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