quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

As estratégias para a reeleição?

 

O presidente da República finalmente se filiou a partido, tendo simplesmente retornado ao seu berço político, ou seja, ao famigerado Centrão.

Como todos sabem, o presidente do país foi eleito tendo no seu programa de governo o forte discurso da criminalização dos membros desse grupo político, que ele qualificava como “velha política”, por sua aderência ao escrachado fisiologismo nas atividades políticas, embora, no fundo, o mandatário nunca deixou de agir como um dos seus genuínos integrantes.

Sem ter como disfarçar, o presidente resolveu se jogar nos braços do Centrão, a partir do momento em que ele corria o risco de responder a processo de impeachment, à vista de mais de centro e trinta pedidos de seu afastamento já protocolados, com a indicação da prática de alguma irregularidade que caracteriza crime de responsabilidade, os quais estão dormitando em uma das gavetas do presidente da Câmara dos Deputados.

Na verdade, o presidente do país é extrato do Centrão, por demonstrar não ter o menor pudor com diante do princípio da moralidade, eis que a essência desse grupo político é o recriminável fisiológico, que tem como costume operacional o submundo do deplorável sistema conhecido por “toma lá, dá cá”, que se manteve ativamente operando, basicamente, em todos os governos anteriores ao atual.

O certo é que o presidente do país iniciou as suas atividades política como parlamentar do PP, que sempre se manteve firme aos principais  da corrente fisiológica, que tem sido a razão maior desse grupo político.

Na realidade, o presidente do país conseguiu enganar, a um só tempo, muitos eleitores ávidos pela moralização do Brasil, quando ele pregava o conto de fadas, ao assegurar, em alto e bom tom, que ele era autêntico paladino da nova política, na campanha de 2018, quando se dizia contrário às práticas do fisiologismo declaradamente encampadas pelo Centrão, que hoje estão de mãos dadas na Esplanada dos Ministérios, inclusive ele, muito espertamente, filiada a um dos principais partidos que formam o grupo de decadência moral.

          O certo é que o presidente resolveu entregar não somente o seu corpo, mas também a sua alma ao Centrão, ao assinar a sua adesão aos imorais sentimentos políticos do fisiologismo, sabendo que, na atualidade, esse grupo político já domina praticamente todo o governo, em especial o orçamento, tendo por único e exclusivo objetivo o trampolim para a sua reeleição, que certamente será alcançada, não importando o preço a ser pago, porque a sua dignidade foi completamente desnudada e seus princípios jogados na lama.

Com a cara mais lisa e sem qualquer resistência, o presidente do país não pensou duas vezes antes de se filiar ao PL, que é comando por importante mensaleiro e ex-presidiário, que se incluía nas críticas dele como aquela gente da velha política, mas somente na campanha eleitoral, que certamente tinha por finalidade se angariar votos dos brasileiros honrados e dignos.

O certo é que os eleitores acreditaram na conversa e foram terrivelmente traídos pela ganância de político ambicioso e influenciado pelo poder, que se vendem pelas facilidades propiciadas por mais tempo no horário eleitoral e recursos para as milionárias campanhas eleitorais, na certeza de que os seus fanáticos jamais vão perceber o quanto isso é trágico e indigno para as práticas políticas, diante dos elevados princípios republicanos.

Causa enorme perplexidade o conformismo dos defensores do bolsonarismo, diante do emporcalhamento do presidente do país se filiando a partido integrante do Centrão, dando a entender que eles acham isso algo normal, ante o desprezo desse grupo aos princípios republicanos que ele tanto defendia, evidentemente no passado distante.

Aliás, os objetivos de agora são outros completamente diferentes, quando se encontra em jogo a reeleição, que é processo bem diferente daquele, onde não precisará se atentar para o chamamento da moralidade na administração pública, na forma do apelo que fora feito antes, certamente à vista da evolução da mentalidade presidencial, que considera banal se aliar ao deplorável Centrão.   

Enquanto o presidente do país procura se acomodar no seu berço político, com vistas ao maior conforto, os brasileiros seguem a sua sina de maus-tratos, à procura de empregos, alimentos, saúde, segurança e outros meios para saciar as suas necessidades básicas, que nem sempre são facilitadas diante da carência de recursos negados pelas precárias políticas econômicas.

Não obstante, no governo, o dinheiro seja irrigado normalmente por meio do “orçamento secreto”, que foi aprovado para a compra de votos de parlamentares, ou seja, para o atendimento do interesse público falta verba, mas ela existe com fartura para saciar a sanha dos congressistas, em evidente política elitista do governo que, às claras, privilegia os projetos voltados para os seus interesses políticos.

Conclui-se que todo povo tem o governo que merece, não importando como ele se comporta, em termos de desempenho das funções para as quais ele tenha sido eleito, e muito menos com relação às prioridades governamentais, quando elas são absolutamente inexistentes, no sentido da satisfatoriedade das necessidades básicas da população, que poderia ser atendida por meio de projetos voltados para o desenvolvimento socioeconômico, que também são inexistentes, mas há em gestação projeto assistencialista do governo.

Essa magnânima maneira de distribuição de renda nada mais é do que o aleijão instituído por governos socialistas, que tem por viés a criação de bolsão de pobreza, que visa aos deploráveis currais eleitorais, na precisa visão estratégica do atual governo, que pretende institucionalizá-lo, com vistas à consolidação da sua reeleição.

Em se tratando de governo com o mínimo de seriedade, ao invés da criação de programas meramente assistencialistas, de cunho visivelmente socialista, que se destinam à ajuda de maneira apenas paliativa e ainda contribuindo para o prolongamento do sofrimento da população carente, procuraria priorizar importantes programas destinados ao incentivo à criação de polos de desenvolvimento econômico e social, para potencializar o emprego em todo país, além do planejamento estratégico de obras de impacto em setores carentes de crescimento.

Há de se notar que a formação de empregos dispensaria a manutenção do assistencialismo social, que é geração da incompetência administrativa e do determinismo do interesse político, tendo por objetivo a absoluta escravidão do povo à exploração de governos ultrapassados e ineficientes.

Na verdade, muitas mudanças prometidas pelo atual governo têm como vértice as mesmas finalidades perseguidas por governos socialistas, a exemplo cristalino do enlameamento pegajoso com o Centrão e o fomento de programa assistencialista, todos convergindo para o único ponto, qual seja, a manutenção no poder, a qualquer preço.

O pior de tudo isso é que, em todos os casos, há o envolvimento de recursos públicos, que poderiam ser aplicados em real proveito do interesse público, em programas ou atividades condizentes com a eficiência da gestão pública e o bem comum da sociedade.    

Enfim, ao que tudo indica, o que importa mesmo, neste momento, é que o presidente da República, no alto da moralidade imaginada só para ele, já tem o partido para ser considerado de seu, que conta com as estruturas necessárias ao apoio à disputa segura da reeleição dele, que é o seu maior objetivo político, tendo ainda o importante respaldo de muitos brasileiros que concordam com as maravilhas que estão em curso.

Brasília, em 1º de dezembro de 2021

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