Precisamente na década de cinquenta, os apoiadores do candidato à Presidência da República, conhecido por Cristiano, se transferiram bruscamente para o candidato adversário dele, cujo movimento de traição foi cognominado de “cristianização”.
Pois bem, no momento, lideranças
de partidos que integram o famigerado Centrão já ressuscitam a lembrança desse famoso jargão, sob a insinuação
de que o cenário atual é de "cristianização" da candidatura do
presidente da República à reeleição, diante da recorde rejeição ao desempenho do
seu governo.
Na vida política, em especial na
atividade eleitoral, falar-se em "cristianização" significa o mesmo
que se afirmar que o candidato é abandonado pelos próprios aliados, normalmente
por conveniência política, como normalmente procede os integrantes do recriminável
Centrão, que são políticos sem o menor escrúpulo, porque eles somente têm
compromisso com a defesa dos seus princípios fisiológicos, sem a menor consideração
com seus aliados.
De acordo com a pesquisa Ipec,
que foi divulgada anteontem, a reprovação do desempenho presidencial atinge o
patamar de 55%, enquanto a aprovação do seu governo representa apenas 19%.
É evidente que o resultado da
referida pesquisa levou em conta tão somente a opinião de pouco mais de 2.000 pessoas,
em todo Brasil, o que demonstra extrema fragilidade da base para a verdadeira
conclusão sobre a real preferência eleitoral dos brasileiros, que atingem a
expressiva quantidade de mais de 150 milhões de eleitores, os quais certamente não
foram ouvidos por meio dessa pseudo consulta.
Entre parlamentares do Centrão,
há, por óbvio, o senso comum pelo resultado útil aos seus interesses, às suas
conveniências políticas, tendo a compreensão, no caso do presidente do país, de
que a avaliação que indica a rejeição de 55%, embora tendo base suporte
bastante estreito, ante a importância do objeto, sinaliza para algo
extremamente proibitiva para quem disputa a reeleição e pode prejudicar, por
via de consequência, a campanha de deputados, senadores e governadores, no
entendimento de que a rejeição dos eleitores se aplica também aos apoiadores do
presidente, em forma de manada e isso significaria verdadeiro desastre político.
O fantasma da rejeição tem maior
peso, em especial, na região do Nordeste, onde o ex-presidente da República
petista aparece com 63% das intenções de voto, segundo aquela pesquisa.
Integrantes do Centrão entendem que,
mesmo com a aprovação do estratégico programa Auxílio Brasil, tendo por base o
pagamento do valor de R$ 400 para as famílias mais pobres, não haverá muito espaço
para reversão na popularidade do presidente do país.
Uma influente liderança do
Centrão explicou que, "Nesse momento, Bolsonaro ficou muito pesado para
ser carregado pelas bases. Nesse cenário, é melhor se afastar para não ser
contaminado pela rejeição".
Essa firme explicação diz tudo,
literalmente o tamanho da real falta de caráter do
Essa é a verdadeira índole do
velho e estratégico Centrão, que somente apoio o político que tem condições de
oferecer vantagem para sustentar os seus sujos interesses, deixando muito claro
que o peso do fardo representado pelo atual presidente não compensa o sacrifício
do nefasto grupo político, que não faz parte de seus objetivos correr o risco político
de ir para o abismo juntamente com o mandatário, que enfrenta altíssimo índice
de impopularidade e isso é mortal para quem vive da política, como esse
deplorável grupo de parlamentares.
A
situação agora fica bem clara, ao imaginar a frustração dos integrantes do
Centrão, em permanecer no governo correndo sério risco de ser rejeitado pelos
eleitores, na próxima eleição, sem condições de permanência nos seus cargos?
As
lições do Centrão são bem claras e
funcionam a exemplo do mercado financeiro, ou seja, a aliança com o
governo é garantida enquanto as vantagens e os benefícios para o grupo estiverem
em alta, mas o apoio não se sustenta, por muito tempo, quando há risco de perda,
com baixa de seus investimentos políticos, com possíveis prejuízos à vista, ou
seja, o Centrão só trabalha com a equação da otimização de vantagens e lucros
altíssimos e seguros.
Enfim,
a sinalização clara e objetiva de integrantes do Centrão, de que o presidente
do país se encaminha para a moldagem do político com o perfil que não oferece condições
de sustentação política e que isso pode implicar no seu abandono, só demonstra
a índole de infidelidade arraigada no seu sangue de política inescrupulosa e
descompromissada com projetos sérios e responsáveis.
Ou
seja, o presidente do país se abraçou de corpo e alma com políticos da pior
espécie, se tornando também um deles, ao se filiar a importante partido que
empunha a bandeira abominável do Centrão, não tendo condições mínimas de
estranhar em caso de “cristianização”, que parece ser o triste fim da sua
sebosa aliança política com grupo que somente defende seus interesses.
Ao
que se percebe, o presidente do país se esforça, mas o seu empenho é o de candidato
que trabalha em benefício da eleição do seu principal adversário, que cresce
nas pesquisas de opinião eleitoral contando com os deslizes do governo e ele ainda
não oferecendo nenhuma condição para ser candidato a cargo algum, fato este que
demonstra a indiscutível impotência do presidente do país, quando o normal seria
que o resultado do seu trabalha revertesse em prol da própria candidatura.
Talvez
seja a primeira vez, no Brasil, que um candidato consiga construir a própria
imagem que ajuda a eleger o seu adversário, exatamente por ter o dom de
transmitir para os eleitores que o seu perfil não resiste nem mesmo à extrema mediocridade
de candidato comprovadamente destituído da exigida conduta da moralidade,
conforme mostram os fatos.
Deve
ser a pior atrocidade para o homem público imaginar que pode perder a disputa
eleitoral logo para político visivelmente decadente moralmente, que experimentou
o sabor amargo de ver o sol nascer quadrado, por força da condenação à prisão decretada
pela Justiça brasileira, em face da comprovação da prática dos crimes de corrupção
passiva e lavagem de dinheiro, que é forma maias abjeta de extrema degradação do
verdadeiro homem público, justamente porque essas irregularidades se caracterizam
como clássica improbidade administrativa.
Ou
seja, nesse caso, não houve a infirmação das denúncias sobre o beneficiamento
indevido de dinheiro público, diante das provas robustas da materialidade da
autoria dos fatos levados ao conhecimento da Justiça.
A
verdade é que, em tese, se perder a eleição não existe demérito algum, porque
se trata de processo normal e natural e isso faz parte do jogo democrático e é
próprio do sistema eleitoral brasileiro, onde há sempre o candidato vitorioso e
o perdedor, sem novidade alguma.
Agora,
a despeito disso, deve ser extremamente doloroso e até horroroso a perda da eleição
para o suposto candidato que lidera as pesquisas de preferência de voto, como
visto em todas as pesquisas de preferência de voto, que até podem ser questionáveis,
que não tem minimamente condições morais nem mesmo para ser candidato ao mais
inferior cargo público eletivo brasileiro, em razão de ele ser possuidor da ficha
pregressa política bastante suja, em termos de moralidade, por responder a vários
processos na Justiça, com denúncias sobre a prática de irregularidades na
gestão pública, por meio do recebimento de propina, embora isso não constitua
empecilho legal para a disputa de cargos públicos eletivos, como se nada de recriminável
e anormal tivesse acontecido com ele.
Sem
o menor esforço, se consegue perceber o quanto é podre a mentalidade de eleitores
que ainda enxergam qualidade em político completamente destituído das condições
morais, à vista do seu envolvimento com inúmeros processos na Justiça, com
denúncias de gravíssimas irregularidades contra ele, que são incompatíveis com
o exercício de cargo público eletivo.
Não
se duvida que ele até pode ser inocente, como normalmente alega, mas isso é
preciso que não seja apenas declarado com meras palavras, mas sim provado por
meio de elementos juridicamente válidos, para somente depois ele ter condições de
se apresentar como representante do povo, porque, do contrário, em princípio, a
desonestidade não é somente por parte dele, de se apresentar para comandar o
Brasil, estando absolutamente maculado para fins políticos, mas sim em parcela
bem maior dos eleitores desinformados, que demonstram falta de dignidade, por
não rejeitar, in limine, político com índole completamente incompatível com os princípios
republicano e democrático para presidir o Brasil.
A
esperança é a de que os brasileiros honrados e dignos se conscientizem de que a
grandeza do Brasil não combina com o perfil de político que precisa limpar seu
nome na Justiça, antes de se candidatar ao principal cargo da República, como demonstração
de respeito à grandeza do Brasil e do povo e ainda em sintonia com os sagrados princípios
da moralidade, dignidade, legalidade e responsabilidade cívica e patriótica.
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