domingo, 5 de dezembro de 2021

A esperança nos brasileiros?

 

O ex-presidente da República petista está disposto a jogar para o espaço sideral princípios ético, moral ou ideológico, para voltar a governar o país, por ter concluído que é muito importante o vale tudo na disputa eleitoral, inclusive se juntando com os piores políticos, cultores do arcaico fisiologismo.

Um dos seus principais objetivos é trazer para seu ambicioso projeto de poder os “traidores” do MDB, precisamente os políticos que o PT classificou os líderes do partido que avalizaram o impeachment da presidente, em que pese a maioria absoluta dos petistas ainda não ter engolido nem perdoado os emedebistas, mas o petista-mor simplesmente ignora esse fato e já até se reuniu em opíparo jantar com os “algozes”, em Brasília, na casa de ex-senador pelo Ceará, que também é investigado por corrupção.

Ao aludido jantar só compareceram os emedebistas integrantes da raia miúda, ficando de fora os tubarões ou os caciques donos do partido, certamente por ainda não terem engolido os fortes ataques deferidos por petistas, em razão das punições impingidas à ex-presidente, por suas grosseiras pedaladas fiscais, que foram enquadradas como crime de responsabilidade, causando o afastamento dela do poder.

          Na verdade, os caciques do MDB compreendem que o ex-presidente quer apenas usá-los como trampolim ao poder e, já estando firme nele, descartá-los normalmente da coalizão, ante a índole revanchista dele, que é considerado estrategista de primeira hora e não se incomoda com o jogo sujo.

A prova disso é que o petista-mor já fala em defesa do fim do teto de gastos no serviço público, que foi criado no governo do MDP, que teve por objetivo à moralização dos gastos públicos, além da interrupção dos projetos de privatização e da revisão das reformas, que são as principais bandeiras do partido.

Como o Centrão sempre foi o principal aliado nos governos petistas, o ex-presidente corre desesperadamente atrás do PP e PL, com vistas às costuras políticas, cujos presidentes são investigados por práticas de atos irregulares, quando eles eram aliados dos governos do PT, mas agora eles estão aliados do atual governo, por força do imundo acordo para a blindagem do presidente no Congresso Nacional.

Fato curioso é que os petistas da corrente sindicalista, que são os mais arraigados ao partido, não aceitam de modo algum a reaproximação que vem sendo costurada pelo petista-mor com o MDB, por entenderem que foi o resultado das alianças do passado que levou a maioria de seus correligionários para trás das grades, inclusive o próprio ex-presidente, ou seja, ainda há muita coisa para ser resolvida nesse espúrio jogo de interesses políticos, mas o “bom” senso há de prevalecer, quando se trata da conquista do poder.

Diante desses últimos fatos, em que o ex-presidente desembestou atrás de antigos aliados, com visível e costumeiro atropelo dos princípios republicanos, nunca se viu na história brasileira um candidato com estrondosa capacidade de reunir junto à sua pessoa ou à sua possível candidatura tantas pessoas desqualificadas e sem deméritos políticos, à vista do seu passado nada glorioso, em termos de moralidade, a começar da própria pessoa dele, por já ter sido preso depois de julgado pela prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em razão da confirmação do recebimento de propina, envolvendo dinheiro público, a despeito de posterior anulação das sentenças condenatórias, não por exame de mérito das ações criminais, mas por incompetência jurisdicional do juízo que o condenou, ou seja, houve o entendimento de que as ações criminais deveriam ter sido julgadas em outro Estado, i.e., em juízo diferente do original, apenas.

Não obstante, para os fins dos princípios da moralidade e da dignidade na política, tudo isso tem a maior importância, exatamente porque o político continua respondendo normalmente às denúncias sobre possíveis práticas de graves crimes de improbidade administrativa, ressaltando a relevância dos dois processos já julgados, onde ele efetivamente não conseguiu provar a sua inocência, razão, obviamente, dos veredictos pela condenação dele à prisão e isso constitui fato incontestável.

Além dos dois processos criminais onde já houve as referidas condenações à prisão, ou seja, onde já foram materializados os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o político ainda responde a outros cinco processos com teor idêntico, em termos de denúncia da prática dos mesmos crimes, em consequência do recebimento de propina, que constitui elemento positivado para torná-lo inepto ao importante e principal cargo de representante do povo.

Impende se ressaltar que ele, querendo, pode conseguir limpar seu nome bem antes do início do processo eleitoral, ficando apto a pleitear seu lugar entre os candidatos, porque não tem o menor cabimento que pessoa envolvida com denúncia sobre crimes contra a administração pública não se conscientize de que as suas decadentes e frágeis condições ético-morais não o habilitam a participar normalmente do processo eleitoral, justamente por ele não preencher os requisitos mínimos para a investidura em cargo público eletivo, ante a exigência da limpa conduta moral e da ausência de maculabilidade na vida pública, o que não é o caso dele.

          Nessa mesma linha harmoniosa com as práticas nada republicanas, o candidato tem como coordenador da sua estratégia política correligionário que também foi condenado à prisão pelos mesmos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, pelo recebimento de propina, tendo sido igualmente preso.

Causa perplexidade esse candidato ser indiscutivelmente mentor e mantenedor, ante o surgimento dos fatos irregulares no seu governo, dos maiores escândalos de corrupção e roubalheira de toda história brasileira, quando os fatos investigados mostraram os mais perfeitos mecanismos que permitiram o maior assalto aos cofres públicos, com destaque especial para os cofres da Petrobras, que chegou a ser a maior empresa devedora do mundo.

Esses fatos são incontestáveis e extremamente deploráveis, à luz dos princípios republicanos da ética, da moralidade, da honestidade, do decoro, da dignidade e dos demais condutos de decência exigidos para o exercício de cargo público eletivo, por serem incompatíveis com o exercício de gestor de recursos públicos.

Em um país sob a consciência democrática da sociedade, centrada sobre os pilares dos princípios da moralidade, da dignidade e da seriedade, qualquer candidato, não somente esse político que tenta ressurgir das cinzas, jamais se apresentaria à nação e aos eleitores sem antes assumir cabalmente e de cabeça erguida todas as irregularidades e roubalheiras perpetradas contra os cofres públicos, conforme mostram os resultados das investigações realizadas, de modo que o seu retorno à vida pública somente pudesse acontecer depois de provada a sua inocência, em todos os processos em tramitação na Justiça, porque é exatamente assim que deve proceder os homens públicos que respeitam a dignidade do eleitor.

Ao contrário disso, na forma como o político vem procedendo, tentando juntar ao seu redor a maior coligação de políticos da pior qualidade moral, sem nenhuma manifestação sobre os horrorosos fatos acontecidos no seu governo, que precisam ser urgentemente passados a limpo e justificando perante a nação e os brasileiros, como forma de prestação de contas obrigatória inerente a todo homem público, que tem sim o compromisso de ser fiel ao mandato recebido dos eleitores, para somente a prática de atos regulares.

Em princípio, cabe ao petista apresentar circunstanciadas justificativas pelas irregularidades protagonizadas pelo PT, que é indiscutível foi imposta à nação e aos brasileiros, em forma de mea culpa pelos desmandos cometidos em benefício da agremiação e de integrantes e aliados políticos, por 13 anos de fraudes e desmoralização da coisa pública, conforme mostram os fatos investigados.

Não obstante, medida nesse sentido jamais será implementada, tendo em conta que o petista-mor se julga inocente, mesmo diante dos robustos fatos que envergonharam o Brasil e o mundo,

É evidente que, nessas circunstâncias, resta aos brasileiros honrados fazerem a devida avaliação e eliminar da vida pública político que aproveitou a sua passagem pelo poder para aprontar tudo isso que é do conhecimento público, no sentido de que foi devidamente provado, à vista das investigações legais, o tanto do descaminho de recursos públicos, sob a égide deliberada por integrantes desse partido.

Em que pese a passagem arrasadora desse político pelo governo, conforme os fatos supracitados, a volta do velho cacique já sinaliza para a regulação da mídia, que é forma explícita de censura à imprensa livre, a adoção de uma série de retrocessos econômicos e sociais e o mais pernicioso para os interesses do Brasil, que é o reatamento e a consolidação de alianças com a velha política, que foi fiel parceira no apoderamento de dinheiro público e no empobrecimento do país, por conta da falta de investimentos em obras públicas de impacto, reformas estruturais e políticas de incentivos à retomada do desenvolvimento e do emprego.

O momento aconselha que os brasileiros honrados se conscientizem sobre a imperiosa necessidade de avaliação profunda sobre o que é realmente melhor e mais importantes para os valores e os interesses do Brasil, ponderando o que poderia acontecer com a sua administração por pessoa que já foi capaz de fazer o estrago que não teve dignidade para assumi-lo, sob o perigo de haver desastre ainda mais intenso, quando os tempos são outros, diante da evolução causada pela modernidade, onde o próprio sistema econômico de agora é bem diferente do passado, o que é absolutamente natural.

          Os brasileiros precisam, com o máximo de urgência, se conscientizar sobre a imperiosa necessidade do seu apoio a candidato à Presidência da República que seja verdadeiramente ficha limpa, em todos os sentidos, cujo currículo só contenha exemplos de conduta de dignidade e honradez, como forma de se assegurar que as suas qualificações têm aderência aos saudáveis princípios republicanos da moralidade na administração pública, com clara demonstração de repúdios às alianças com os cultores da velha política, que defendem o abominável fisiologismo, entre outros atributos que somente confirmem os seus interesse e zelo para com a coisa pública, em harmonia com a construção dos conceitos de competência, honorabilidade, sensibilidade, eficiência, efetividade e responsabilidade.

Brasília, em 5 de dezembro de 2021

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