quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Questão de conscientização?

 

Atualmente, no Brasil, as experiências mostram as dificuldades para se encontrarem os melhores parâmetros para o desenvolvimento socioeconômico, em especial diante da falta de iniciativas do próprio governo, que apenas toca o barco, ou melhor, a administração ao sabor dos acontecimentos, apenas acompanhado o desenrolar das crises, como no caso da pandemia, da fome, da econômica, entre outras dificuldades, sem haver projeto algum de governo, com perspectivas amplas de estratégia nacional, englobando as questões macros de interesse da sociedade.

Tudo no momento atual do Brasil conspira para que nada dê certo, embora havia grande expectativa na direção dos sonhos do milagre econômico, evidentemente antes do surgimento da terrível crise da pandemia do coronavírus, que teve o poder de interferir diretamente nas estratégias governamentais e empurrar o país para novos rumos, ganhando os destinos de muitas incertezas quanto ao futuro não somente político-administrativo, mas também e especialmente econômico, à vista da retomada dos índices elevados da inflação e dos juros, que têm o poder de comprometer fortemente o desempenho do governo, que se encontra em sinuca sem saída, porque ele se mostra imobilizado e sem iniciativa.

          Ou seja, a esperança era a de que houvesse expressivo crescimento em todos os setores da gestão pública, mas os deuses do poder tiveram entendimento diferente, exatamente em sentido contrário, fato este que contribuiu para a regressão, basicamente, em tudo sob o gerenciamento governamental, que se mostra basicamente em pânico, diante da falta de alternativa.

O pior de tudo isso é que, por incrível que pareça, as perspectivas são as mais péssimas possíveis, diante da preocupante composição do quadro político, que vem em plena e acelerada decadência nos últimos tempos, ganhando contornos sob a desanimadora compreensão de progressiva mediocridade, ante à dificuldade do sentimento de defesa dos interesses nacionais, apenas ganhando contorno, com maior acentuação, projetos com vistas à próxima eleição presidencial, com ares de disputadíssimos embates em cima de planos meramente pessoais e interesseiros, sem a intensificação sobre as metas que interessem diretamente à sociedade.

Esse quadro de mediocridade tem como respaldo, devidamente comprovado por muitos parâmetros, a notória ausência da renovação política, à vista da falta de interesse pela política por pessoas dignas e responsáveis, permitindo a predominância dos mesmos políticos, que se reelegem sem dificuldade, mesmo sendo incapazes de defender os interesses da sociedade, porém eles se perpetuam no poder mantendo as mesmas filosofias e ideologias do atraso que não contribuem em nada para a melhoria do bem comum do povo, conforme mostram os fatos do dia a dia.

O preocupante quadro político brasileiro tende a piorar ainda mais, em razão de o Brasil ser o único país que tem quase quarenta partidos políticos legalmente autorizados a funcionar, que têm o condão de apenas tumultuar o sistema político, diante da incapacidade de formar novas lideranças políticas e, por via de consequência, novos candidatos com ideias renovadoras, com capacidade para mudar o status quo de mediocridade política.

Ou seja, há tremendo comodismo, a ponto de se chegar ao espectro da deplorável polarização político-ideológica entre direita e esquerda, justamente diante da ausência do surgimento de lideranças em condições de competitividade em níveis ideais compatíveis com a melhoria das atividades políticas.

No momento, em princípio, existem dois candidatos em potencial de disputar a próxima eleição presidencial, mas nenhum deles se encaixa no perfil ideal desejável pelos brasileiros, pois, de uma forma ou de outra, o desempenho de ambos deixou rastro de insatisfação muito maior do que de contentamento por conta do atendimento das necessidades básicas da população, que não vê neles o perfil de verdadeiros estadistas em condições ideais de auscultar os reais anseios da sociedade, na sua plenitude.

O certo é que cada candidato tem as suas idiossincrasias visivelmente direcionadas para a defesa de interesses pessoas e partidários, com indiscutível detrimento das causas nacionais e da população, principalmente pela irrestrita demonstração do escrachado e nefasto populismo, com tendência natural para a defesa dos seus respectivos simpatizantes e idólatras, conforme mostram os fatos, que não agradam à população em geral, diante da compreensão de que governar, no estrito termo de democracia, somente faz sentido quando a gestão é para todos, indistintamente.

Há, na realidade, verdadeiro quadro de indefinição no futuro da política brasileira, principalmente porque ambos os candidatos convivem com acusações sobre práticas de possíveis irregularidades, que exigem o seu devido esclarecimento à sociedade, em forma da melhor transparência, que é a prestação de contras sobre os seus atos na vida pública, em se tratando que o exercício da gestão pública exige atributos compatíveis com os princípios da moralidade, da dignidade, da competência, da honradez, entre outros requisitos da decência na vida pública.

No caso do atual presidente do país, as acusações são originárias quanto aos possíveis ilícitos praticados na linha de frente do combate à pandemia do coronavírus, à vista do resultado das investigações promovidas pela Comissão Permanente de Investigação da Covid, do Senado Federal, que pediu o indiciamento dele, diante de questionamentos em diversos atos de gestão, em razão da constatação de negligências por parte do governo, que teria se omitido ou agido em comprometimento ao eficiente atendimento das referidas questões.

A verdade é que o clima de turbulência política vem sendo alimentado por exatamente a inexistência da competitividade entre políticos de verdade, que tenham a exata compreensão de que as atividades políticas se destinam exclusivamente à satisfação do interesse da sociedade, conquanto o que se verifica, na atualidade, é apenas a briga por amplo espaço sobre o domínio entre grupos que defendem seus interesses.

Enfim, esse é o sentimento que fica projetado para o futuro do Brasil, que é grande República fadada a ser sempre comandada por políticos envernizados nas suas convicções limitadas aos seus redutos de interesses estritamente paroquianos, que ainda apelam para o lindo slogan: “O Brasil acima do tudo e Deus acima de todos”, quando, na prática, tudo não passa de “O interesse pessoal acima de tudo e resto que se arranje”.

Pobre Brasil, que possui mais de 150 milhões de eleitores, porém todos são incapazes de decidir em prol dos melhores anseios para a melhoria da administração do país, permitindo com isso que se impere a vontade das forças políticas retrógradas e aproveitadoras das influências do poder, sempre a serviço de grupos políticos, agora com viés oportunista da direita, com possibilidade de alternância para a esquerda, mas sempre em total prejuízo da principal parte envolvida, que é o interesse da sociedade, sempre inferiorizado.

Diante desse quadro de muitas incertezas políticas, o certo mesmo é que o Brasil continuará no perdulário ritmo de completa e infinita instabilidade político-administrativa, que poderia ser finalizada se os brasileiros dignos e honrados, enfim, se conscientizassem de que só depende da sua atitude em querer mudar o trágico status quo, a partir do momento da decisão de eliminar da vida pública todos os aproveitadores contumazes, que se acham acima dos supremos interesses da população.

Brasília, em 9 de dezembro de 2021

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