sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Em defesa da verdade

 

Vem circulando, nas redes sociais, mensagem com cunho tendencioso em favor do presidente da República, precisamente por visível ausência da verdade sobre o desempenho do grande magistrado, ou seja, por haver nela importantes omissões, conforme se verifica a seguir, em termos do que realmente aconteceu sobre os assuntos enfocados nela.

A aludida mensagem diz o seguinte: “Presidente Bolsonaro terminando o ano assim: Não roubou o país; não comprou parlamentares; não deu dinheiro para a imprensa suja, colocou água no Nordeste, desmascarou Moro e Mandetta e está mais forte do que nunca.”.

Ao que tudo indica, a transcrita mensagem tem por finalidade mostrar o balanço sobre fatos acontecidos com o presidente brasileiro, para dizer que ele é o máximo e deve ser mesmo a fortaleza enxergada para aqueles que abraçam as ideias altruísticas dele, à frente do governo, sem conseguir ver os defeitos dele.

Nesse caso, parece que seja conveniente a colocação de informações mais consistentes sobre os mesmos temas, para harmonização com os fatos reais, de vez que, na mensagem em referência, não foi dito com clareza que o presidente do país termina o ano tendo se filiado a partido que integra o Centrão, que é conhecido como o grupo político que tem a índole fisiológica incompatível com os princípios da ética, moralidade, honestidade, dignidade, entres outros exigidos na salutar administração pública.

Indubitavelmente, isso, em forma de balanço do desempenho de gestão, como ali é mencionado, tem importância capital para os brasileiros que primam pela prevalência dos princípios republicanos.

Quem se associa e finalmente se integra a grupo político que já foi atacado pelo presidente do país, à época da sua campanha eleitoral, como desmoralizado, precisa ter o mesmo tratamento, como forma de harmonização da confraria entre amigos do mesmo nível, porque não tem, na prática, como se integrar e ser tratado diferentemente do conjunto.

Ou seja, o presidente do país demonstrou não ter o menor pudor em fazer parte desse grupo moralmente desprezível, fato este que implica que ele não tem condição moral para exigir moralidade de ninguém, mesmo que não pratique ato própria de corrupção, como dito na mensagem, mas ele se associou em forma de cumplicidade com o grupo que ele acusava de ser a "velha política", praticante do recriminável esquema conhecido como o “toma lá, dá cá”, que ainda continua com a mesma índole fisiológica.

O Centrão, na atualidade, ocupa importantes cargos no Palácio do Planalto, como notório integrante do governo e recebedor de emendas parlamentares, em troca de apoio aos projetos do Executivo no Congresso Nacional, em confirmação das promíscuas políticas públicas.

Na verdade, hoje, o Centrão, infelizmente, governa o Brasil, em que pese ele ter sido o grupo político que foi detonado pelo próprio presidente do país, no auge da sua campanha eleitoral, mas agora, por indiscutível conveniência pessoal e política, ele se tornou um deles, com a cara que nem se ruboriza de vergonha.

É preciso ficar muito claro de que o integral acolhimento do famigerado Centrão no governo constitui forma clássica de condenável desvio de finalidade de gestão pública e isso é sim forma de corrupção com o dinheiro público, por delegar cargos públicos para ser dirigido por políticos normalmente despreparados e ainda com a índole de não terem compromisso com os princípios republicanos, como antes isso era criticado em público pelo próprio presidindo país.

Como corolário disso, em atenção aos princípios da moralidade e da dignidade, aos integrantes desse grupo político reconhecidamente de índole fisiológica, o governo sério e cônscio sobre o zelo da coisa pública jamais poderia entregar ministérios e órgão públicos para serem dirigidos por eles, sabendo sobre possível risco que isso envolve, por força das experiências com governos do passado, em que muitos de seus componentes terem sido investigados e condenados à prisão pela Justiça, justamente por improbidade administrativa, conforme evidenciam os fatos de amplas investigações.

Nesse aspecto, é possível sim se constatar que não existe a menor possibilidade de tornar senão o presidente do país bastante fragilizado, por ter promovido a decadência moral do seu governo, ao conviver diuturnamente com o adjutório logo de membros e lideranças do decadente Centrão, para gerenciar os negócios do Brasil.

Nesse aspecto, o presidente do país deixa claro que cometeu calote eleitoral, porque muitos brasileiros honrados votaram nele exatamente em razão da forma como ele repudiava os métodos praticados pelo Centrão, mas o seu compromisso, nesse sentido, foi jogado para o espaço sideral, por questões de conveniência política.       

A outra importante informação diz respeito à compra de parlamentares, ou seja, o presidente “não comprou parlamentares”, quando a instituição do “orçamento secreto” foi exatamente para essa finalidade e muitos congressistas confirmaram o recebimento de emendas provenientes dele.

Como desconhecer a existência do "orçamento secreto", que é verdadeira excrescência, em forma de orçamento público, porque ele foi aprovado justamente para a compra da consciência de parlamentares, com o total consentimento do presidente do país?

Há sim denúncias da liberação de verbas do "orçamento secreto" para aprovação de PEC do governo e isso se chama autêntica compra de parlamentares, que é forma vergonhosa e indigna tanto para quem compra como para quem aceita as verbas, porque os congressistas já ganham regiamente para legislar em benefício do Brasil e do povo, sem necessidade alguma dessa maledicência.

É deplorável que brasileiros que se dizem honrados e dignos fiquem apoiando mensagens inverídicas e fazendo compartilhamento de publicidade sobre matérias imprecisas e distorcidas, em favor de inverdades em defesa de algo inexistente ou incompleto, porque isso somente contribui para prejudicar não somente a verdade, mas especialmente os interesses dos brasileiros, que têm todo direito de serem informados sobre o que acontece realmente no governo.

É muito triste que muitos brasileiros prefiram fechar os olhos para essas imundícies, porque a sua omissão já era bastante prejudicial aos princípios da moralidade, quanto mais ainda quando se dignam a publicitar inverdades, como a que consta da mensagem mentirosa e incompleta constante do texto em referência, possivelmente para se mostrar a grandeza de quem, na verdade, se houve muito negativamente, ao entregar o governo a grupo político desmoralizado, à luz das próprias descrições feitas no passado.

A propósito da afirmação de que o presidente do país “está mais forte do que nunca.”, supostamente, por óbvio, tendo por base os fatos constantes da mensagem indigna, convém que se diga que o noticiário da imprensa de hoje publica as seguintes importantes manchetes: “Desaprovação do desempenho de Bolsonaro atinge 62,3%, segundo pesquisa CNT/MDA”, “Bolsonaro perde quase 40% dos votos que teve no 2º turno” e “Base aliada de Bolsonaro briga feio por mais cargos, verbas e poder”.

A base aliada referida no parágrafo anterior é precisamente o poderoso Centrão, que mostra o seu verdadeiro instinto fisiológico, em clara demonstração da sua sanha por  poder, que o presidente não tem forças para negar absolutamente nada, porque ele já se tornou refém dessa desgraça de grupo político, que ele já conhecia muito bem os malefícios dele diante dos cofres públicos, conforme estampa muito bem a mencionada manchete, que não poderia ser mais cristalina.

À vista do exposto, ao contrário do que os seguidores do presidente do país tentam  passar outra imagem bem diferente da real, na verdade, quer queira ou não, porque os fatos mostram que o mandatário brasileiro “está mais fraco do que nunca”.

Espera-se que os verdadeiros brasileiros, que amam os interesses do Brasil, se conscientizem de que é preciso a urgente negação da mentira e a defesa intransigente do que realmente acontece de verdade no governo, doa quem doer, porque a moralização e a dignidade da administração pública são princípios essenciais para o desenvolvimento socioeconômico que tanto é ansiado pela sociedade.  

Brasília, em 17 de dezembro de 2021

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