quinta-feira, 8 de abril de 2021

Falta de competência?

 

O presidente da República voltou a criticar severamente as medidas de fechamento do comércio, adotadas por governadores e prefeitos, tendo por finalidade frear o avanço da pandemia da Covid-19.

O chefe do Executivo afirmou que a política do “fica em casa” e do fechamento do comércio está “empobrecendo” o país.

O presidente disse que “Realmente está faltando um pouco de humanidade por parte de muitos governadores e prefeitos no Brasil nessa questão da pandemia. Lamentamos as mortes, queríamos que ninguém morresse, mas temos uma realidade pela frente. Desemprego é um efeito colateral mais danoso que o próprio vírus”.

Como o presidente estava inaugurando obras do Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu, Paraná, ele disse que “Queria cumprimentar os trabalhadores, aqueles que pegaram no pesado aqui e em nome de você apelar a todos governadores e prefeitos do Brasil: todo homem que trabalha, toda atividade que ele exerce para levar o pão para casa, é uma atividade essencial”.

Sempre que o presidente do país critica as medidas de isolamento social, como forma de protesto contra os governadores e prefeitos, que certamente se sentem desprovidos de alternativa para combater a pandemia, fica materializada a marca da incompetência gerencial do governo federal, por ter como único recurso o esperneio das críticas.

É por todos sabido que o governo federal tem a competência constitucional de cuidar das políticas referentes à saúde pública brasileira, tendo o dever de liderar as principais medidas necessárias ao combate da pandemia.

Não obstante, não se conhece qualquer medida de impacto adotada pelo Ministério da Saúde, que, a propósito, por vontade e deliberação do presidente do país, ficou quase um sem ministro, sendo ocupado por general especialista em logística, que não entendia absolutamente nada de saúde e somente foi defenestrado pelas portas dos fundos por provocação e pressão do Centrão, que vem comandando o destino do Planalto do Planalto, depois que foi selada a aliança espúria com o presidente da República.

Ou seja, ao invés de o presidente do país ficar perdendo seu precioso tempo criticando quem ainda tenta fazer alguma coisa contra a mortífera ação da pandeia, ele poderia ter a iniciativa de determinar ao Ministério da Saúde promova, com urgência, urgentíssima, o que for necessário para o enfretamento da melhor forma possível da pandemia, inclusive providenciando a convocação dos governos da federação, os especialistas e cientistas em saúde e sanitização, entidades representativas de classe e a sociedade em geral, para a discussão de assuntos que possam servir de parâmetros para feroz combate da pandemia do coronavírus.

O sentimento que se tem é que o presidente do país somente tem condições de combate a pandemia com o instrumento que dispõe, que se mostra extremamente frágil, uma vez que, em lugar nenhum do mundo é possível o enfrentamento de doença da maior agressividade apenas com o emprego de críticas sobre críticas, o que somente demonstra incompetência que contribui para o fortalecimento das investidas da Covid-19.

É extremamente preocupante que, em pleno século XXI, ainda exista governo com tantos recursos disponíveis, diante dos avanços da ciência e da tecnologia, mas não ter o mínimo de preparo, iniciativa e competência para vislumbrar ideias capazes de barrar avanços de vírus sobre a população, que se encontra sufocada pela fragilidade das políticas de incumbência do Estado, que se mostra conformado com os próprios comodismo e falta de efetividade, quando poderia, se quisesse, ao menos, tomar a iniciativa de mobilização, na forma preconizada em parágrafo supracitado.

Convém frisar que o presidente do país tem todo direito de fazer as suas críticas sobre todos os assuntos, mas seria de bom alvitre que ele tivesse alguma sugestão ou contribuição positiva para os assuntos que ele considera que estão errados, como forma de justificar aquilo que não está de acordo.

Agindo assim, certamente que as suas críticas poderiam ser melhor palatáveis, quando elas contariam com respaldo da razoabilidade, ao contrário do que vem acontecendo de se insistir no mesmo assunto, sem que se ofereça sugestão para o caso que incomoda o seu governo, porque isso pode evidenciar possível falta de zelo ou incompetência mesmo, diante da inexistência de medida alternativa. 

Espera-se que o presidente da República caia na realidade, o mais rapidamente possível, para entender que críticas, sem fundamento, combinam perfeitamente com o estado de incompetência gerencial e que o gestor moderno tem obrigação de, permanentemente, liderar medidas capazes de contribuir para a busca de solução para as questões que afetam os interesses da sociedade, à vista da visível inercia que domina a administração brasileira, que tem sido totalmente ausente no combate à pandemia do novo coronavírus, salvo as medidas extremamente necessárias, conforme mostram os fatos, quando a gravidade da situação exige algo de impacto e até revolucionário. 

Brasília, em 8 de abril de 2021

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