sexta-feira, 23 de abril de 2021

Intolerância humana?

           Circula, nas redes sociais, degradante mensagem encimada sobre a imagem de carro-tanque de limpeza de fossas, com a expressão, ipsis litteris: “Empresário em Caruaru faz maior sucesso com seus caminhões limpa fossa kkkkkkkkk.”.

Na imagem do referido veículo, constam a inscrição “LIMPA FOSSA” e a enorme foto do principal líder petista insinuando que ele é o aspirador das impurezas e sujeiras das fossas, em desagradável retratação de algo extremamente deprimente e desumano.   

Não há a menor dúvida de que o cidadão tem todo direito de se manifestar livremente, inclusive no âmbito do extravasamento das suas formas de sentimento, por algum fato que discorda e até repudie, mas, por questão de princípios cristão e humanitário, não faz o menor sentido que ele chegue ao extremo ponto de ridicularizar o seu semelhante, por pior que seja o seu sentimento de antagonismo ideológico ou de qualquer outra natureza que não esteja de acordo com ele.

No mundo civilizado, o repúdio, a quem quer que seja, precisa ser manifestado no âmbito do devido respeito à dignidade e ao cabimento da inteligência e dos princípios humanitários, independentemente do que a pessoa ou o político tenha feito de possível marcante maldade contra o país ou mesmo as pessoas, em particular.

A mais pura expressão de repúdio e indignidade contra o homem público deve e precisa sim ser manifestada com muita inteligência e sabedoria apenas por ocasião do voto, no momento sagrado da escolha de seus representantes políticos ou até mesmo antes disso, mas também no recinto específico do respeito aos princípios da tolerância e da não agressão, de modo que haja a preservação da dignidade humana, no sentido da reciprocidade de tratamento, à vista do consagrado princípio da cidadania.

De maneira alguma, não me sinto defensor de nenhum homem público, senão de mim mesmo, mas entendo como cidadão cônscio das minhas responsabilidades cívicas de brasileiro, que essa forma de expressão visivelmente muito representativa do puro sentimento da mediocridade invulgar somente tem o condão de mostrar o quão a pessoa é pobre de sentimentos e de valores cristão e humano, diante da manifestação de tentar, sem a devida plausibilidade, fazer justiça com as próprias mãos.

É certo que compete às entidades cumprirem as suas missões institucionais, e, se elas também não a fazem, é outra deformação dos sistemas existentes, sendo que, em todos os casos, são perfeitamente cabíveis as reclamações e as queixas, mas todas pela devida via aconselhável, no âmbito das regras jurídicas ditadas nos regimes republicano e democrático.

Ou seja, isso fica muito claro que a pessoa se digna a menosprezar, de maneira marcantemente abjeta, o seu semelhante, ainda sob o despojo da razoabilidade quanto à motivação a se justificar tamanha apelação que somente satisfaz os sentimentos mórbido e perverso de ser humano, absolutamente desprovido de amor no coração, exatamente como transpostos nas dantescas imagens mostradas à saciedade.

Em análise mais fria possível, o que se poderia levar o ser humano a alimentar ideia apenas compatível com a irracionalidade como essa, diante da extrema inutilidade dos seus efeitos, senão a da demonstração de puro sentimento animalesco e subevoluído, para os padrões normais das pessoas decentes e dignas, que procuram respeitar, por ser da sua obrigação como cidadão, os direitos humanos, na integridade cabível e aplicável ao próprio autor dessa ideia apenas desprezível e recriminável, em todos os sentidos?

Trata-se de forma de imagem representativa de extrema pobreza mental e humana, com o envolvimento de homem público que, quer queira ou não, tem ainda a simpatia e a idolatria de parcela expressiva de brasileiros, por comungarem os mesmos ideários políticos, corruptivos e degradantes dele e isso precisa ser respeitado, queira ou não, em termos de sentimento e ideologia, que não dizem respeito senão aos próprios seguidores dele, que o idolatram como verdadeiro deus, embora seus atos possam ser considerados recrimináveis e repudiados, diante dos malefícios causados aos interesses nacionais.

Sinto, diante de ato depreciativo da dignidade do ser humano, o quanto as pessoas podem ter infinita capacidade de extrema irracionalidade em pensar com o instinto carregada da voracidade de inferioridade no seu interior, que só demonstra gigantesco sentimento de atroz vingança que não condiz exatamente com a justa realidade da busca da reparação dos fatos danosos que realmente possam ter acontecidos.

Isso, em última análise, pode evidenciar até o sentimento pessoal que se traduz no desejo de vingança que a Justiça não teve competência para promover ou não quis realizar a devida e desejável justiça da reparação dos danos causados à nação, na órbita da normalidade operacional e funcional dela, por força da sua incumbência institucional.

Esse fato é igualmente gravíssimo, quando a sociedade espera que o poder público, criado precisamente para trabalhar em defesa da sociedade e do Brasil, deixa de cumprir fielmente o dever constitucional e ainda decide em benefício de criminoso, em verdadeira inversão da ordem natural dos fatos e valores.

O mais grave é que não se tem a quem recorrer quando isso acontece, para o saneamento dos monstruosos e horrorosos atos demandados também pelo Poder Judiciário.

Porém, a meu juízo, um erro não justifica a prática falha em repúdio àquele, posto que este não tem o condão de justificar descomunais falhas prejudiciais aos interesses dos brasileiros.

A única maneira de se fazer justiça é exatamente por meio da própria Justiça, caso ela tivesse consciência da sua real existência e que é exatamente paga para trabalhar em defesa da sociedade, no que se refere ao seu principal  patrimônio inerente à cidadania.

O homem precisa saber que ele pode contar, nesses casos de visível prática de malversação de recursos públicos, por pessoas ou políticos sob fortes suspeitas, quando a Justiça faz questão de ignorar a gravidade dos fatos delituosos, com meios lícitos e poderosos, com respaldo nos princípios estruturais da dignidade humana.

Refiro-me a um dos instrumentos mais poderosos existentes contra o corrupto, que é precisamente o de não votar em quem tenha forte suspeita ou convicção da prática de desvio de recursos públicos, porque o mau político não se elege caso o eleitor o eliminar das urnas, porque o voto é poderosa arma que tanto elege como também não elege ninguém se o candidato tiver precedentes de conduta malévola, como parece ser a índole do líder violentamente caracterizado na postagem em referência.

Também com muito poder destruidor da imagem de péssimo político é se mostrar, com base em informações fidedignas, as maldades protagonizadas por ele, com as precisas indicações dos atos degenerativos da sua conduta na administração pública, a exemplo, no caso do líder referido acima, dos monstruosos escândalos do mensalão e do petrolão, todos comprovadamente ocorridos no governo dele, cujos malefícios ao Brasil e aos brasileiros são imensuráveis, incontestáveis e absolutamente recrimináveis.

Diante dessas constatações, as pessoas que sentirem no coração o mínimo de bom senso, racionalidade e amor às causas do Brasil, jamais teriam condições de votar em político que já demonstrou, de maneira cristalina e indiscutível, sua verdadeira índole de administrador inescrupuloso, que foi capaz de ter contribuído para desviar recursos públicos para afins ilícitos, em detrimento do bem comum e dos interesses dos brasileiros.        

A meu juízo, é bastante deplorável que as pessoas sejam incapazes de nutrir no coração o sentimento apenas da bondade, do respeito, do acolhimento e da caridade, porque estes são princípios essenciais de elevação da consciência cristã e de cidadania, em reciprocidade ao que se pretende como maneira de compartilhamento universal da disseminação do amor entre os seres humanos.

          Brasília, em 23 de março de 2021

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