Em crônica escrita há alguns dias, foi mostrado
caso verdadeiro bastante interessante, por envolver o sentimento gerado pela ideologia,
que não passa de artificialismo puramente bestial como pretexto de injustificável
distanciamento entre os homens.
A história supracitada aconteceu de verdade entre um
médico judeu, norte-americano, que, por circunstância do acaso, salvou, literalmente,
a vida de um nazista, que chegou ao pronto socorro em estado gravíssimo de
saúde, com o corpo carregado de tatuagens com símbolos representativos da sua
ideologia, mas nem por isso o médico deixou de prestar os primeiros socorros para
reanimá-lo, tendo salvado a vida dele.
Como não poderia deixar de ser, suscita-se curiosidade
em se saber se o inverso dessa situação teria o mesmo final feliz, no caso de o
nazista sendo o médico que se defronta em socorro ao judeu, à hora da morte e a
depender do socorro dele.
Na ocasião da postagem do meu texto, um atento
seguidor escreveu mensagem, afirmando o seguinte: “Amigo escritor que texto!
Chegou na minha memória quantos aqui no Brasil foram humilhados e até
espancados por ideologias políticas. Nosso pessoal de saúde merece todo
respeito. O mundo gira e ele não é plano.”.
Em
resposta à aludida mensagem, eu disse que esse episódio traz à vida rica lição
que se passa entre duas pessoas, sendo uma nazista e outra um judeu, que, na
vida normal, se distanciam sem que haja nada a justificar tamanhos irracionalidade
e antagonismo, fato que mostra, na prática, o quão o sentimento ideológico tem
o poder de transformar o homem em verdadeiro mostro contra a humanidade, diante
de mera suposição que alguma raça deve ser discriminada, sem que haja motivação
plausível para tanto.
Há
muitos exemplos concretos e arrasadores nesse sentido, que marcam a história
das civilizações, tendo como destaque a tristeza imorredoura e horrorosa acontecida,
em especial, na Segunda Grande Guerra Mundial, cujos efeitos destrutivos e
perversos perduram ao longo da história e dos tempos, tendo por base
absolutamente o sentimento do nada, o vazio em substância, por apenas vontade da
persistência da simples discriminação racial.
Não
obstante, prevalece a mera incorporação da malévola ideia de puro ódio, que foi
construída e consolidada, a justificar tamanha monstruosidade contra a
humanidade, contra o semelhante, muitas das vezes indefeso, mas certamente
injustiçado.
A
princípio, os cultores de qualquer forma de ideologia dão a impressão de que
são pessoas destituídas do sentimento da racionalidade e da sensibilidade, que
são princípios próprios e imanentes ao amor, que é forma sublime construída
pelo ser humano.
O
poder dos princípios do amor e da racionalidade, que tem o condão de contrariar
as formas de ideologia odiosas inventadas pelo homem, todas elas criadas para o
propósito de servir como sustentação de sentimentos artificiais e ignóbeis,
tendo como foro, ao contrário do imaginado, a indignidade do homem, quando se
sabe que nenhuma ideologia foi capaz de transformá-lo em ser medíocre e
desprezível, pela própria natureza de confundi-lo com a condição de nada construtivo
em benefício do seu semelhante.
Muitas
ideologias fúteis e desumanas merecem o despreza da humanidade, diante da sua
insignificância para a construção e a consolidação do bem comum.
Enfim,
a beleza dessa história contribui para mostrar que o amor no coração do médico
judeu foi capaz de suplantar o ódio apenas artificial cultuado na mente poluída
do nazista, que imagina ser superior à raça judia.
Brasília, em 24 de abril de 2020
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