É evidente que ninguém tem o direito de criticar as pessoas por suas preferências ideológica, religiosa, política etc., porque isso seria desrespeito ao sentimento e à intimidade pessoais, que fazem parte do patrimônio de cada cidadão, diante da livre manifestação de escolha e preferência comportamental de cidadania.
Ou
seja, cada pessoa é livre para exercer a sua vontade de expressão e pensamento
e ninguém tem nada com isso, porque cada qual assume as suas posições dentro da
sociedade.
Agora,
não deixa de ser sintomático, conforme se verifica nas redes sociais, muitas
pessoas ficarem se manifestando favoravelmente e até defendendo políticos que
se envolveram ou foram implicados em casos de irregularidades com recursos
públicos, estando ainda extremamente complicados, em termos de moralidade e dignidade,
ante às exigências que são próprias quanto à imperiosidade de conduta ilibada,
imaculada, acima de qualquer suspeita, no âmbito das atividades
político-administrativas.
A
impressão que deflui é a de que todas as pessoas que se manifestam abertamente
em defesa de políticos importantes que estão, de alguma forma, envolvidos ou
implicados com a Justiça aparentam estar em plenas lucidez e consciência das
suas faculdades mentais e intelectuais, embora não denotem o mínimo de
sensibilidade em defender seus ídolos, completamente sujos, mal lavados ou
maculados pela suspeita da prática de atos que envergonham e são capazes de reduzir
a sua dignidade ao nível mais vil da criatura política, tornando-se, à luz dos
princípios da ética, da honorabilidade e da moralidade, indignos de ser lembrados
como homens públicos, enquanto não demonstrarem, à saciedade, a sua
inculpabilidade, em relação aos casos inquinados de irregulares, cuja autoria é
atribuída a eles, por força de investigações autenticadas pela Justiça.
A
severa restrição que aqui se coloca diz respeito precisamente com relação aos
casos em que a Justiça reconheceu e acolheu as investigações indicando a constatação
da prática de atos sobejos de irregularidade, porque isso já é mais do que suficiente
para que as pessoas honradas e conscientes sobre a importância dos valores da
dignidade e da moralidade entenderem que não podem simplesmente desprezar a
gravidade que isso representa para o exercício de atividades públicas, que pressupõem
que as pessoas estejam no estado de graça da imaculabilidade e inume às suspeitas
de qualquer forma de envolvimento com irregularidade com recursos públicos,
posto que nem precisa terem sido condenadas pela Justiça, porque o sentido de
ficha limpa é o de terem conduta acima de qualquer suspeita, o que não o caso
de muitos políticos que não conseguem provar a sua inocência nos casos denunciados.
Em
outras palavras, o homem público precisa ser modelo de dignidade e honorabilidade,
para ter condições de exercer cargos públicos ou se manter na vida pública,
ante as exigências de conduta ilibada e folha corrida bem limpinha, porque o
contrário disso apenas significa o desrespeito aos saudáveis princípios de decência,
moralidade, correção, que são os pilares da administração pública.
É
possível que os idólatras desses políticos denunciados na Justiça, pela
suspeita da prática de atos irregulares, acreditem, no seu íntimo, que eles são
inocentes e pessoas dignas da sua credibilidade, o que até possa justificar,
para elas, a defesa intransigente da volta delas à vida pública, mas é preciso
convir que se trata de opinião pessoal que não pode sobrepor ao sentimento das
demais pessoas, que têm os mesmos direitos de pensar e precisam ser respeitadas,
principalmente no sentido de que a representatividade política deve ser
exercida somente por quem preencher os requisitos da imaculabilidade na vida
pública, devidamente comprovados, não cabendo outra interpretação.
Com
todo respeito às pessoas que não têm o menor escrúpulo em defender a livre
representatividade política de quem se encontra implicado com a Justiça,
exatamente porque isso não encontra legitimidade nos consagrados princípios republicano
e democrático, que exigem a participação no jogo político somente daqueles que
estejam em poder da ficha limpa, com relação às suas atividades na vida pública,
o que, repita-se, à toda evidência, não é o caso de muitos políticos que estão
sendo defendidos nas redes sociais, porque eles são indignos de representar o
povo, em termos políticos.
As
questões que se relacionam à honestidade e à moralidade, principalmente quando
há o envolvimento de homens públicos, precisam ser cuidadosamente analisadas,
tanto pelo interesse da nacionalidade como tão somente diante do viés da
ideologia, a se considerar que o político pode ser confiável sob a ótica
pessoal, mas isso não corresponde bem para muitos brasileiros, o que vale se
afirmar que a visão ideológica pode ser diametralmente diferente e contrária ao
ideal do sentimento que se nutre no sentido de que o Brasil seja verdadeiramente
passado a limpo, não se permitindo a participação de quem já demonstrou, na
prática, o cometimento de atos indignos e reprováveis ao interesse público.
Não
faz o menor sentido, porque isso só pode ser desvio de mentalidade, completamente
desfocada da realidade, sabendo-se que o líder do governo que protagonizou horrorosos
escândalos de corrupção, a exemplo dos famigerados esquemas do mensalão e do
petrolão, seja simplesmente exaltado e endeusado, na atualidade, sem o menor
critério de avaliação, ante os princípios ético e moral, em especial, como
homem público modelo para governar o país com a grandeza econômica e social
como o Brasil, depois do seu envolvimento em denúncias da prática de ato de
irregularidade, com sede em desvio de bilhões de reais de cofres de empresas
públicas, a exemplo da Petrobras, atos estes absolutamente comprovados, tanto é
verdade que vultosas quantias já foram devolvidas aos cofres da petrolíferas.
Caso
esse líder político tivesse o mínimo de sensibilidade sobre a importância de
voltar às atividades políticas, depois inclusive de ter sido preso, em condenação
por crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, quando não conseguiu
provar a sua inocência perante a Justiça, com relação aos fatos denunciados,
que são da maior gravidade para quem pretende voltas à vida pública, diante da
necessidade da comprovação de conduta ilibada e ficha corrida limpidíssima, que
é algo que exige que ele se esforce em provar a sua inculpabilidade quanto aos processos
em tramitação da Justiça, porquanto, nas condições atuais, não passa de extrema
desmoralização tanto para as pessoas idólatras e sabujos de político que se
mostra, de maneira indiscutivelmente indigna de representar o povo, como para ele
próprio, que precisa provar para os brasileiros honrados a sua lisura na vida
pública, em condições normais de exercer cargo público, quanto mais da maior
importância de presidente da República.
É
forçoso o reconhecimento de que o arraigado sentimento ideológico possa
contribuir para tornar pessoas completamente cegas, evidentemente impedidas de
enxergar a realidade sobre os fatos, a exemplo do que acontece com o envolvimento
de políticos em casos de corrupção, que, mesmo assim, ainda têm o merecimento
do apoio político, mesmo que eles não tenham conseguido provar a sua inocência perante
a Justiça, fato este que permite se intuir sobre a necessidade do imperioso respeito
aos brasileiros que têm como válidas e verdadeiras as denúncias sobre a prática
de atos irregulares, enquanto eles não forem infirmados e isso leva à recusa na
vida política de quem estiver sob suspeita do desvio da moralidade pública.
Enfim,
é extremamente decepcionante que as pessoas, muitas das quais militantes da vida
pública, aparentemente normais, responsáveis e intelectuais, em termos cívicos,
se prestem ao ridículo de defenderem o político com os predicativos extremamente
maculados por acusações sobre a prática de irregularidades, pelo menos de que
os desgraçados citados esquemas do mensalão e petrolão realmente aconteceram no
governo dele, conforme provam as investigações, julgamentos e sentenças proferidas
pelo Poder Judiciário, o que já são mais do suficientes para que as pessoas
nessas condições não tenham mais o mínimo de credibilidade para representarem o
povo em atividade da maior relevância político-administrativa.
Essas
pessoas que ficam defendendo políticos sem a mínima qualificação de moralidade,
dignidade e responsabilidade perante a administração pública, à vista dos fatos
investigados e das provas materiais robustamente acostadas aos autos, precisam
se conscientizar de que os brasileiros honrados merecem o devido respeito, em
especial porque eles têm o direito de desejar que o Brasil seja a República
onde prevaleçam firmes e consolidados os princípios republicanos da moralidade,
da dignidade e da legalidade, não se permitindo mais que a depravação
administrativa volte a ter vez, como no passado recente, onde o câncer da corrupção
campeou banalizada na vida pública, ainda com o beneplácito desses brasileiros cegos
pela ideologia, que são capazes de endeusar políticos consagrados por atos
indignos de desvio de recursos públicos, conforme os fartos registros da história
brasileira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário