Diante
da grave crise que domina a saúde pública brasileira, muitas são as acusações contra
o presidente da República, inclusive pela prática de crime de responsabilidade.
Em
sintonia com a contextualização e o desdobramento da crise causada pela pandemia
do coronavírus, o Senado Federal vai instalar, nesta semana, a CPI da Covid,
que tem a finalidade de investigar o caudaloso rosário de desastradas medidas,
por ação ou omissão, atribuídas à gestão federal, no enfrentamento da pandemia.
À
vista dos fatos relacionados à pandemia, em especial à montanha alarmante de
mortes, que já se aproximam dos 400 mil óbitos, em pouco mais de apenas um ano,
há realmente deplorável sequência de horrores na condução do combate à
pandemia.
Sem
dúvida alguma, a situação da saúde pública é preocupante e serve de importante trilha,
como roteiro minucioso e terrível das aberrações praticadas ao longo desse período
de muita consternação para os brasileiros.
À
vista do descalabro no enfrentamento da pandemia, por parte das autoridades
incumbidas da saúde pública, há até quem tenha sinalizado pelo urgente impeachment
do presidente do país e ainda com representação ao Tribunal Penal Internacional,
mediante denúncia formal contra ele, diante das dificuldades do controle da
pandemia, por falta de medidas mais agressivas e efetivas contra o caos que foi
instalado no país.
As
medidas mais severas contra o presidente do país deveriam ter sido adotadas,
por parte do Congresso Nacional e da sociedade, logo no início da pandemia, de
modo que isso certamente pudesse ser impedido, não se permitindo a inadmissível
escalada incontrolável de mortes, que somente aumentam, à luz solar, e nada,
infelizmente, é capaz de sensibilização pela urgente adoção de medidas com a
agressividade compatível com os estragos já contabilizados de perdas de vidas
humanas.
O
pior é que nada foi feito, em termos de controle do próprio presidente, no sentido
de se exigir que o governo se interessasse em agir com o devido vigor contra a
pandemia, principalmente porque, no descaso, onde apenas foi feito o
indispensável, permitindo que a crise atingisse dimensões assustadoras e
incontroláveis.
Na
atualidade, é comum se ouvir expressão “gestão deliberadamente atentatória à
saúde pública”, em referência ao que o governo federal vem fazendo no
enfrentamento da Covid-19, à vista do lamentável e tenebroso resultado, que os
brasileiros não merecem, de jeito algum.
Diante
da indiscutível monstruosidade contra a saúde dos brasileiros, pode-se sim
compreender que o Brasil convive com verdadeira “República da Morte”, quando a enorme
quantidade de letalidade diária tem sido incapaz de despertar a atenção das
principais autoridades, no sentido da urgente mobilização das demais autoridades
públicas, das entidades representativas de classes profissionais e da sociedade
em geral, com vistas à luta contra a monstruosidade da pandemia, porque é
exatamente assim que procedem os governos preocupados e interessados em solucionar
a crise, que já é caótica.
O
governo sério e competente, tendo consciência de que vem se esforçando ao máximo
no combate à pandemia, seria intransigentemente favorável às investigações de
que trata a aludida CPI, mas o que se percebe é o estímulo de pressões e
sabotagens contra ela, chegando o presidente do país a prometer “sair na
porrada” com ao menos um membro da comissão, fato este que não condiz com a
liturgia do relevante cargo que ele ocupa, especialmente por delegação do povo,
lembrando que fazer ameaça também é crime, na forma prevista na legislação pátria.
A
verdade é que o presidente do país foi longe demais, ao propor a um senador se “fazer
do limão uma limonada”, ou seja, ele teve a ingenuidade de sugerir ao parlamentar
que consiga artificialismo nas investigações, fato que demostra perversidade
contra a verdade sobre os fatos a serem apurados.
Os
brasileiros esperam que as investigações da CPI sejam extremamente objetivas
quanto aos seus fins, de modo que o seu resultado seja fiel palco do julgamento
sobre os cuidados demandados pelo governo, cujo veredicto se confirme com base
na profusão de provas, ante à premente de apurar as verdades, em aproveitamento
das medidas necessárias ao combate à pandemia.
A
CPI precisa ser conduzida em estrita observância da seriedade, das normas
aplicadas à espécie e das averiguações cabíveis, para que o seu resultado seja
o mais fiel possível aos fatos, tendo em conta que, em todo o mundo, o combate
à pandemia vem sendo o mais seriamente, com os maiores esforço e empenho
possíveis.
Não
obstante, o presidente do país se esforça, por meios explícitos, em verdadeira cruzada,
na direção contrária, ao tentar sabotar o normal curso das investigações alvo
da CPI.
O
certo é que se atribui ao presidente do país a promoção de aglomerações, o não
uso de máscara e de vacinas, além do incentivo à adoção de drogas sem comprovação
científica.
Na
verdade, causa enorme perplexidade o desprezo à vida, diante de muitas
evidências de insensibilidade à saúde e à vida dos brasileiros, representada
pelo tanto de mortes, que em nada contribuíram para alterar os cuidados que
deveriam ter sido redobrados e intensificados em proporções dignas de
verdadeira revolução contra à pandemia.
À
toda evidência, o que vem acontecendo com o combate à pandemia envergonha e
entristece a nação, diante das estultices protagonizadas de forma reiterada e
incontrolável.
Causa
estarrecimento que ainda existem brasileiros que não conseguem enxergar nada de
anormal nessa triste realidade de quase 400 mil mortes, como se isso fosse
natural e que até fosse, mas era preciso ter agido com disposição e interesse em
combater heroicamente a grave crise que fragilizou fortemente a prestação da
saúde aos brasileiros.
Em
que pese a crise que arrasta o país para o abismo, a exigir cuidados, estudos e
medidas de salvação nacional, simplesmente o presidente do país ainda recorre ao
sentimento de vingança àqueles que lhe impuseram alguma derrota, aproveitando
para transmitir recados em meio aos seguidores, a exemplo, deste: “Amigos do
STF, daqui a pouco vamos ter uma crise enorme. Não quero brigar com ninguém,
mas estamos na iminência de ter um problema sério no Brasil”.
Ou
seja, talvez com claro objetivo de intimidação, o presidente do país faz ameaça
diante dos fantasmas que invadem a sua visão, já bastante turva por causa dos problemas
que se acumulam sem solução e perspectivas de nada, a vislumbrar-se, como
medida sequer para minorá-los.
Enfim,
o presidente da República precisa se conscientizar de que as suas congênita antidiplomacia
política e valentia verbal no relacionamento com o público sejam de logo abandonadas,
com a substituição por ânimo para o trabalho, de modo a atender aos ditames da cartilha
do Palácio do Planalto, que exige que ele assuma imediatamente o cargo
presidencial, sem necessidade da “sinalização do povo”, para que as suas
reais atribuições constitucionais passem efetivamente a ser implementadas, não
somente para a dignidade do relevante cargo, mas em especial para o bem dos
brasileiros.
Brasília,
em 20 de abril de 2021
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