segunda-feira, 26 de abril de 2021

Inaceitável intolerância

           Um pastor da Assembleia de Deus, de Alagoas, vai ser processado pelo crime de homofobia, por organizações de direitos humanos, depois que ele ter declarado que ora pela morte de ator que se encontra internado há mais de mês, com a Covid-19, de acordo com informações publicadas pelo Congresso em Foco, do UOL.

O religioso declarou, nas redes sociais, que “Eu oro para que o dono dele o leve para junto de si”.

Diante das repercussões negativas por parte da opinião pública, a aludida mensagem foi apagada das redes sociais, sem que o religioso se retratasse sobre declaração tão infeliz.

As entidades de direitos humanos declararam que “É urgente que crimes como estes, motivados por homofobia, sejam enquadrados na tipificação da LGBTfobia, na Lei nº 7.716/2018, que trata de combate ao racismo, e que punições mais rigorosas e severas sejam tomadas  contra condutas homofóbicas e atos discriminatórios como o em questão”.

Trata-se de demonstração de intolerância por parte do religioso, que tem por claro sentimento de afronta aos princípios religioso e humanitário, cuja atitude merece a normal rejeição por parte da sociedade, precisamente por não haver qualquer motivo para justificar que o homem seja condenado, tão dura e perversamente, apenas por ser homossexual, porque a preferência pela maneira de se viver não prejudica em absolutamente nada a convivência pacífica e harmoniosa entre as pessoas.

Mutatis mutandis, a reprovável rejeição do religioso, perante quem confessa preferência pelo homossexualismo, faz o mesmo sentido em olhares inversos, quando o homossexual pode não gostar do pastor, não importando em absoluto a motivação, mas, em ambos os casos, inexiste, minimamente que seja, plausibilidade para um ou outro desejar a infelicidade quanto ao seu estilo de viver ou de ter profissão, quando tudo deve se harmonizar no seio da sociedade, ante a inexistência de incompatibilidade em ambos os casos, à vista da pluralidade social.

Ainda mais em se tratando de religioso, causa enorme perplexidade que o fato de alguém ser homossexual merecer forma de tratamento tão absurdamente desumana, pelo desejo ardente da morte de ser humano, quando o normal é exatamente o contrário, do desejo do bem para todos, diante do sentimento ínsito da religião, que tem como ensinamento precisamente o amor infinito ao próximo, como demonstração da verdadeira disseminação da palavra de Deus, na certeza de que as pessoas, indistintamente de preferência sexual ou religiosa, são todas iguais perante o Pai, que acolhe a todas apenas pelo sentimento paternal, no âmbito do amor filial, que precisa imperar entre as pessoas.

Embora seja compreensível que realmente a espécie humana cresce sob os efeitos da modernidade e dos avanços normais dos conhecimentos científico e tecnológico, ainda se verifica que muitas pessoas têm enorme dificuldade para acompanhar a mentalidade renovadora, como no caso desse pastor, que apenas demonstra que se encontra ainda na escuridão civilizatória da idade da pedra lascada, com a mentalidade reduzidíssima àqueles tempos, embora ele esteja convivendo na atualidade, onde o Homo sapiens já atingiu saudável nível de evolução, em todos os sentidos, inclusive humanos.

Tem sido normal, por ser humana, a percepção do sentimento de prazer e satisfação no semblante de quem pratica ação benéfica para o seu próximo, mas, em sentido contrário, deve ser horrivelmente desagradável para a pessoa que deseja maldade, como nesse caso de se rezar para a morte do seu semelhante, somente porque não tolera a preferência sexual dele, sem que isso possa servir de argumento para manifestação de intolerância social.  

Enfim, diante da péssima lição pregada pelo pastor em causa, espera-se que os homens se conscientizem de que os princípios da tolerância, da compreensão e do amor são sentimentos capazes de contribuir para engrandecê-los no âmbito da sociedade, que somente tem condições de progredir quando todos se respeitarem mutuamente nos seus direitos de cidadania.

          Brasília, em 26 de abril de 2021

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