O presidente da República voltou a criticar, com
severidade, os governadores, tendo os chamado, pasmem, de “pseudo ditadores”,
por eles terem adotado medidas de restrição de circulação de pessoas, em razão
da gravidade da pandemia do coronavírus.
Na ocasião, o presidente do país afirmou que está
na hora de o Brasil dar “seu novo grito de independência”.
Em cerimônia de inauguração de 22 quilômetros de
duplicação, na BR-101, em trecho na Bahia, o presidente afirmou que não se pode
admitir que “alguns governadores imponham uma ditadura no país”.
Ele disse que “Está chegando a hora de o Brasil
dar seu novo grito de independência”, não tendo especificado exatamente sobre
o que ele estava se referindo, quanto à necessidade de se declarar nova
independência do Brasil.
Convém se observar que as instituições republicanas
estão funcionando normalmente e na sua plenitude, não havendo sinal impactante ao
exercício da cidadania, de vez que as medidas adotadas pelos governadores e
prefeitos atenderam à gravidade da crise causada pela pandemia do coronavírus,
em situação de excepcionalidade, que o presidente faz questão de ignorar, ante
a sua primordial preocupação com a economia, que tem sido prevalente à vida humana,
conforme mostram os fatos.
O presidente ainda adiantou o vislumbre do fim
rápido para a situação vivida pelo país, na atualidade, de restrições de
circulação e crise econômica, apesar de o Brasil ter ainda quase 3 mil mortes
diárias pela Covid-19, mas sobre isso ele não demonstra a menor preocupação,
porque, na opinião dele o que importa mesmo é a economia e todos vamos morrer.
O presidente brasileiro afirmou que “Esse suplício está chegando ao fim. Logo voltaremos à normalidade”.
Não se sabe se o presidente estava se referindo ao
suplício da pandemia, visto que nenhuma medida foi adotada, como novidade, por
parte do governo, o que vale dizer que, se tiver que morrer, vai morrer,
inapelavelmente, a exemplo da redução das doses de vacinas, quando deveria
haver processo inverso, com o aumento das doses.
A CPI da Covid, que investigará a resposta do
governo federal à pandemia e as ações do presidente, que frequentemente
descumpre normas sanitárias básicas, como o uso de máscaras e evitar
aglomerações, será instalada no Senado Federal, nesta manhã.
Nesta segunda, o presidente do país foi filmado,
sem máscara, cumprimentando centenas de pessoas aglomeradas, como se nada mais
estivesse existindo, em termos da pandemia.
O evento referente à inauguração, conforme programação,
deveria ter sido fechado à população, para se evitar conglomeração, mas o
próprio presidente revelou, em seu discurso, que pediu que fosse aberto para a entrada
das pessoas que o esperavam, fato este que serviu para causar mais aglomerações,
sob riscos de contaminação, fato este que somente presta para evidenciar o
quanto o mandatário se preocupa em evitar contaminação da Covid, ou seja,
nenhuma.
Ao que parece, sempre que o presidente do país aparece
diante da imprensa, ele se mostra incontrolável e irresistivelmente disposto a
se manifestar sob instinto nada republicano, por meio de descabidas ameaças, como
nesse caso, onde ele se refere a “novo grito de independência”, dando a entender
que o Brasil se encontra sob o jugo ou a dependência senão da incompetência
administrativa e da disfunção quanto ao bom relacionamento ente as autoridades
públicas da federação.
Caso o presidente do país tivesse o mínimo de
consciência sobre a necessidade de liderança e coordenação sobre o efetivo combate
à pandemia do coronavírus, certamente que não haveria nada desse suplício que
foi colocada na cabeça dele, que é fruto da incompetência de gestão pública,
uma vez que a centralização da gestão da pandemia poderia funcionar como
instrumento para o levantamento das questões com o vírus e a sua solução, por
meio de medidas de consenso entre as autoridades públicas da federação, no caso
da União, dos estados e municípios, todas trabalhando em conjunto e tratando de
único objetivo de cuidar de vidas humanas.
É evidente que a figura do suplício aqui imaginada precisou
ser criada, ao que tudo indica, justamente para que o presidente brasileiro alimente
a sua maneira de ser, tentando passar para a opinião pública a existência de
ódio contra ele e seu governo, quando eles foram incapazes de cuidar e tratar, com
a necessária eficiência, as causas da pandemia, cujos resultados certamente
teriam sido outros bem favoráveis à saúde dos brasileiros, não fossem as
ausências de políticas públicas cheias de interesses e boa vontade para a
agregação de forças, dedicação e cuidados contra a pandemia do novo coronavírus.
A verdade é que a falta de vontade demonstrada pelo
presidente do país, desde o início da pandemia, quando o próprio órgão
especializado, o Ministério da Saúde, ficou quase um ano sem titular da área de
saúde, que melhor teria entendido sobre as gravíssimas questões sanitárias, além
de que o novo ministro ainda não disse para que veio, porque as mais vivas
políticas de saúde conhecidas são no sentido de que a imunização caminha em
passos lentos, em ritmo de tartaruga, por força da diminuição das doses de
vacinas, o que somente mostra a precariedade da imunização e, enfim, o descaso
com a saúde dos brasileiros.
Não obstante, como medida em harmonia com a
incoerência, o presidente se refere a “grito de independência”, como se a parte
do governo estivesse a pleno valor de eficiência, enquanto outros setores estivessem
agindo em contrariedade às maravilhosas políticas em execução pelo governo federal.
À luz dos princípios do bom senso e da sensatez, certamente
que o Brasil não precisa de novo grito de independência, mas de sim de urgente
grito de sensibilidade, competência, responsabilidade e conscientização sobre
os gravíssimos problemas brasileiros, em especial sobre a crise da pandemia do
coronavírus, que estão sendo ignorados por parte de quem foi eleito precisamente
para trabalhar como verdadeiro estadista.
Convém que o presidente da República se conscientize
de que é preciso que haja, urgentemente, coordenação, em forma de liderança, por
parte do governo federal, para a centralização das ações e políticas de combate
à pandemia do coronavírus, de modo que a doença possa ser tratada com a devida
e necessária eficiência, onde todas as autoridades estejam se empenhando e se
dedicando bravamente contra mal terrivelmente que vem derrotando a todos,
inclusive os brasileiros, exatamente, em especial, pelos desprezo, insensibilidade,
incompreensão, desinteresse, desunião e incompetência.
Brasília,
em 27 de abril de 2021
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