Há
126 dias da vacinação oficial, o Reino Unido se tornou a primeira nação a
iniciar a imunização em massa da população contra a Covid-19, o que significa importante
exemplo para o resto do mundo.
Os
especialistas garantem que os países que combinaram medidas restritivas com campanha
intensa de vacinação têm melhores resultados para o enfrentamento da pandemia e
recuperar a economia, inclusive com a volta à quase normalidade, à vista dos
cuidados preventivos, que ainda são necessários.
Um brasileiro, que mora
em Israel, disse que viu a vida mudar com a pandemia, com o enfrentamento de
três lockdowns, tendo afirmado que “Ficou em casa acho que 3 semanas, sem
sair de casa. Assim, eu saí de casa para ir ao supermercado e voltava. Não saí
de casa para nada mais”.
Ele disse que uma
semana depois de tomar a segunda dose da vacina, ele recebeu o passaporte verde,
no celular, e a vida da família foi voltando ao normal: “viagens, visitas.
As máscaras continuam obrigatórias nos lugares públicos. Agora, as pessoas já
podem frequentar espaços fechados, mas ainda sem comer nem beber. Poder entrar
na academia, poder entrar no cinema, ainda que não possa comer pipoca, mas eu
acho que é voltar à vida”.
A propósito, Israel já conseguiu
imunizar mais de 50% da população, com a segunda dose, tendo reduzido, segundo
levantamentos, 87% das hospitalizações e os casos graves caíram 92% entre os
vacinados.
Aquele país conta com
um sistema público de saúde informatizado, teve o cuidado preventivo de comprar
bem cedo as vacinas e tem excelente exemplo sobre a conscientização sobre a
gravidade da doença, por parte do governo, posto que o seu primeiro-ministro foi um dos
primeiros a tomar a vacina, ainda em dezembro, quando o Brasil nem pensava em imunização.
Tendo se mudado para
Escócia, logo no início da pandemia, uma brasileira disse que está contribuindo
para combater o vírus por lá, estando ajudando na área de detecção de casos e
orientação aos cidadãos do sistema público de saúde.
Ela disse que “A
gente passa para essas pessoas que os contatos precisam fazer agora o teste,
para saber se eles também têm Covid”.
O referido controle, mais
o lockdown e a vacinação, tiveram impacto, à vista da constatação de que, depois
de 4 semanas da primeira dose, as hospitalizações caíram 94% entre os que
tomaram a vacina da AstraZeneca e 85%, entre os que foram imunizados com a da
Pfizer.
Ela
comentou que “É muito devagarinho, é um processo bem lento, mas, pelo
resultado, tem valido a pena”.
É evidente que os
países têm as suas peculiaridades, mas a experiência mostrada por brasileiros e
os estudos sobre a pandemia reforçam a necessidade da adoção de recomendações
semelhantes no Brasil, com a aplicação com a maior abrangência possível das
vacinas e a adoção de medidas comprovadamente eficazes, em especial na coibição
de aglomerações.
Os
especialistas entendem que esse é o verdadeiro caminho para livrar a população da
Covid-19.
Com a experiência em imunização
do Brasil, pode-se considerar que a campanha pertinente teve enorme prejuízo com
a demora para o início da vacinação, que ainda contou com a escassez das doses
e o pouco interesse por parte das autoridades públicas em promover verdadeira
mobilização contra o vírus, quando as medidas, em regra geral, foram tomadas em
regime de normalidade, quando existe, no caso, verdadeira calamidade humanitária,
que não é vista sob esse ângulo por quem tem o dever constitucional de cuidar e
zelar pela vida dos brasileiros.
Uma
especialista em saúde pública, da Escola de Saúde da Universidade de Harvard,
disse que “há necessidade de mirar no que dá certo: vacinação, distanciamento
e valorização do SUS.”.
A mencionada
pesquisadora, que também é professora, disse que “O Brasil tinha um modelo
ideal para poder responder a essas desigualdades com equidade, que é a sua
estratégia de saúde da família. Ao mesmo tempo que o lockdown acontece e
contribui para essa redução, é preciso começar a treinar essa rede de atenção
primária para que na hora que os casos e as mortes estiverem caindo, a gente
entre com essa resposta e garanta que a gente vai prevenir uma terceira onda. A
gente sempre tem tempo para fazer a coisa certa”.
O
que se percebe, nessa gigantesca tragédia humanitária, é que, no Brasil, faltam
os principais ingredientes capazes de servir como antítese do vírus, em
especial vontade política, vivo interesse na defesa da causa pública,
iniciativa das autoridades incumbidas das efetivas ações e principalmente completo
e decidido engajamento da sociedade, que, muito ao contrário, se mostra omissa
e aceita a prevalência da insensibilidade aos princípios humanitários e ao
negacionismo, que certamente são responsáveis por tantas mortes, em processo absolutamente
inadmissível e repudiável.
Com
absoluta certeza, jamais seria possível se constatar tantas mortes pela Covid-19,
em nação com o mínimo de seriedade e amor aos princípios humanitários, porque,
à vista dos danos à vida humana, algo já teria sido feito em defesa das pessoas
e da dignidade dos seres humanos.
Com
o sentimento de muita tristeza no coração, sem o mínimo de demagogia para
afirmar, porque me sinto imune a isso, principalmente porque tenho sido
ferrenho defensor de verdadeira revolução quanto às medidas contra essa tragédia
humanitária, jamais acreditaria que os brasileiros, desde autoridades públicas
e civis, entidades e organizações representativas de classes profissionais e a população
em geral, fossem tão desprezíveis e insensíveis à montanha de vidas perdidas,
em números superiores a 350 mil óbitos, a ponto de praticamente todos se
conformarem, se acomodarem e permitirem a continuidade do status quo,
completamente fora dos padrões de aceitabilidade, diante do verdadeiro caos,
que somente compraz com o sentimento de insensibilidade e irresponsabilidade.
A
minha maior revolta é perceber que o fanatismo cúmplice da perversidade
humanitária não demonstra a menor preocupação com a tragédia em si, atribuindo
culpa pela desgraça da economia, quando todos deveriam não ir em busca
responsáveis por isso, mas exigir que todas as autoridades se conscientizassem
sobre a efetiva gravidade da pandemia do coronavírus e se unissem em um só corpo,
em homenagem a tantas mortes já acontecidas por culpa do sistema insensível e
irresponsável.
É
importante que todo mundo se digne a suspender temporariamente todos os demais
projetos não essenciais à nacionalidade e apenas passe a se dedicar ao mais essencial
de todos os projetos, que é a salvação de vidas humanas, de modo que possa
haver mobilização nacional de todas as forças da sociedade, tendo por objetivo exclusivo
a união em torno do combate à desgraça que ainda tem sido incapaz de tocar os
corações de muita gente.
Brasília,
em 14 de abril de 2021
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