sexta-feira, 16 de abril de 2021

Indigna lição!

 

Logo após o Supremo Tribunal Federal confirmar a anulação das condenações do ex-presidente da República petista, o presidente da República aproveitou o ensejo para fazer comparações entre os governos de ambos.

O presidente do país afirmou que "Se o Lula voltar pelo voto direto, pelo voto auditável, tudo bem. Agora, veja qual vai ser o futuro do Brasil com o tipo de gente que ele vai trazer para dentro da Presidência", tendo ressaltado que “o país não quebrou no último ano” e que “não quer se intitular 'faxineiro do Brasil’, mas alguém que vai resolver os problemas do país. Querem criticar meu governo, fiquem à vontade, mas puxem um pouquinho pela memória para ver como era no passado".

A avaliação de momento é a de que a disputa presidencial de 2022 será novamente de extrema polarização entre os mencionados políticos, podendo se antever que o cenário de campanha será mais familiarizado para o direitista, que certamente fará uso de discursos de mais radicalismo em defesa da pauta de costumes moralizantes e de duras críticas às bandeiras progressistas.

Fica muito evidente que, a partir de agora, o presidente do país vai passar a  intensificar o discurso em memorização da retórica sobre o embate com o estilo  PT de ser, focando fortes críticas aos escândalos de corrupção que dominaram a seara petista, que não deixam a menor margem de dúvidas de que eles já se tornaram marca registrada dessa agremiação, à vista das investigações sobre atos irregulares que escandalizaram o mundo, por meio dos esquemas dos mensalão e petrolão, criados, desenvolvidos e executados em governos petistas, conforme mostram os fatos conhecidos à saciedade.

Diante do futuro cenário político que se delineia, espera-se que o presidente do país mire a sua metralhadora contra aspectos capazes de vulnerabilizar ainda mais o sentimento nada republicano da moralidade do petista, na defesa de que o retorno do petista à vida pública significa a volta da indesejável impunidade, com as vergonhosas e já conhecidas práticas da corrupção contra o dinheiro público.

Por via de consequência, o presidente deverá pôr em relevo o fato de que, na atual gestão, não há notícia sobre fatos irregulares nem envolvimento do mandatário em denúncias que maculem a reputação de seus atos.

Ou seja, a esperança do presidente do país é de que seja vitorioso o seu discurso com conteúdo muito claro da intransigente anticorrupção, que foi amplamente explorado na disputa eleitoral de 2018, que foi bem-sucedido, e que, certamente, ainda encontra apoio junto ao eleitorado de centro, que, mesmo com visível insatisfação com o mandatário, poderia votar nele, muito mais diante da forte rejeição aos costumes considerados degenerativos verificados nos governos petistas.

É preciso lembrar que o apoio ao atual presidente, com base na estratégia da retórica anticorrupção, pode ser severamente contaminado pelo pífio desempenho da atual gestão no combate à pandemia do coronavírus, à vista de tantas mortes já registradas, que poderiam ter sido minimizadas se tivesse havido maior sensibilidade às questões humanitárias por parte do mandatário do país.

Ainda sob esse viés, convém se esperar o resultado da CPI da Covid, que pode ter avaliação piorada contra o governo, com possibilidade de interferir na preferência do eleitorado, e ter o poder para derrubar ainda mais a popularidade do presidente e afetar seu potencial eleitoral para 2022.

De qualquer modo, percebe-se a evidência transformadora do quadro político que se projeta para o próximo pleito presidencial, que obriga o atual mandatário brasileiro a avaliar cada medida a ser adotada no seu governo, sob o cuidado de não se puder mais praticar o menor deslize que seja, sob pena de ser punido por meio do voto, fato este da maior importância para quem pretende continuar comandando os interesses dos brasileiros.

Espera-se que essa nova situação política também possa ter importante reflexo na atual gestão, de modo que o presidente da República seja mais sensível, humano, competente e responsável no desempenho das suas atribuições institucionais, em estrita harmonia com a satisfatoriedade do interesse público.     

Enfim, importa se lamentar, com enorme tristeza, a absurda e estrambótica decisão adotada pelo Supremo Tribunal Federal, completamente contrária aos princípios da punidade e da moralidade, mostrando péssima e indigna lição para a sociedade, em termos de padrão evoluído sobre a legitimidade de julgamento de ações penais, onde os casos sentenciados não deixam dúvidas sobre a maculabilidade dos princípios republicano e democrático.

Brasília, em 16 de abril de 2021

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