terça-feira, 6 de abril de 2021

O esforço de todos

 

Em crônica, fiz ligeira análise sobre as enormes dificuldades enfrentadas pelas autoridades públicas quanto ao enfrentamento da gravíssima crise causada pela pandemia do novo coronavírus, em que algumas ainda tentam adotar medidas preventivas contra a doença, mas há outras que se opõem, apernas para exporem forma de autoridade e poder, conquanto a sua intervenção somente tenha o condão de perturbar cada vez mais o cenário onde a batalha se opera de maneira inglória e trágica.

Diante desse quadro angustioso e melancólico, uma cidadã muito atenta e preocupada sobre as enormes dificuldades nas tratativas pertinentes à condução das medidas sob a incumbência das autoridades públicas, escreveu a seguinte mensagem: “Muito triste esses acontecimentos, infelizmente é uma realidade que estamos passando. Acredito que se tivesse mais investimento em saúde muitas vidas seriam salvas, que Jesus tenha misericórdia de todos nós e toca nos corações destes políticos governantes pra que a saúde seja prioridade.”.

Realmente, a tristeza maior diante de tudo de ruim que está acontecendo na saúde pública é exatamente não ter liderança alguma, nem política, científica, social, nada, que poderia tratar de mobilizar a sensibilidade nacional visando à adoção de algo revolucionário contra a triste realidade da pandemia do coronavírus.

A verdade é que ele só mata e mata cada vez mais e tudo continua como antes no quartel de Abrantes, apenas dando continuidade à incompetência crônica e inadmissível que jamais deveria imperar sistemática e insistentemente, a demonstrar o acúmulo de insensibilidade às perdas de preciosas vidas humanas, na certeza de que o ritmo da desgraça não será alterado tão cedo, enquanto a imunização não operar os milagres esperados para a minimização de tamanha violência que impera no Brasil.

A triste realidade se estabeleceu e simplesmente foi acomodada pelo repudiável negacionismo que jamais poderia ter sido tolerado pelos brasileiros, que precisam assumir a sua parcela de culpa pelo descalabro que se apoderou de todo sistema responsável por essa triste tragédia humanitária.

Certamente que, se a população tivesse tratado de se unir em protesto e repúdio, com muita veemência, logo no início das investidas insensatas e irresponsáveis dos negacionistas, ao exigir mais respeito e dignidade diante de tão grave crise que já causara a pandemia predominante, à vista da inevitabilidade de muitas mortes, conforme mostram as estatísticas, desde o seu nascedouro, além das indispensáveis ações apropriadas e efetivas, ao invés da recriminável tentativa de se minimização da intensidade quanto à gravidade da doença, não há a menor dúvida de que a tragédia seria inevitável na proporção que atingiu.

Ou seja, com certeza, o resultado nefasto da pandemia poderia ser bem diferente, notadamente com o registro expressivo de muitas vidas salvas, por força da implantação de medidas com o cunho voltado para a realidade do problema de tamanha gravidade a se rechaçar qualquer insana tentativa de minimização da sua gravidade.

Pode-se imaginar que, ao invés do repudiável negacionismo, que ainda continua imperando, tivesse alguém, autoridade pública influente, com poder de mostrar vontade para salvar vidas e se passar para a história como pessoa que resolveu defender a vida humana, com unhas e dentes, como se diz no popular, até mesmo sob a perda de seus preciosos planos políticos, com o máximo de sensibilidade aos princípios humanitários e altivez capazes apenas de mostrar que a vida precisava ser defendida acima até de todos os interesses pessoais e ainda fosse capaz de mobilizar todos os brasileiros para a realização dos maiores sacrifícios destinados à vida, a situação jamais teria chegado a esse horror, que não tem mais como reverter tantos e imponderáveis prejuízos de vidas humanas.

Apesar dos pesares, de passado horroroso e monstruoso, diante das incompetências humana e operacional, ainda é possível se mudar esse cenário de extrema desolação para a população, se houver o mínimo de sensibilidade humana capaz de vislumbrar medidas que levem à mobilização geral, em forma de mutirão, com o envolvimento das autoridades públicas da federação, do mundo científico nacional, das entidades e organizações de representação de classes e da população interessada.

A aludida mobilização, certamente liderada pelo governo federal, teria como único e exclusivo propósito a luta total na busca de ideias e formulações capazes de combater, com todas as garras, essa perversa pandemia do novo coronavírus, não se admitindo mais, em hipótese alguma, sentimento de negação sobre a insuportável tragédia, que precisa ser superada com urgência, mediante o esforço de todos.

Brasília, em 6 de abril de 2021

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