quinta-feira, 22 de abril de 2021

Salvem a floresta!

           O presidente da República brasileiro participa, nesta manhã, da reunião virtual da Cúpula de Líderes Sobre o Clima, que é composta pelo Brasil e outros 39 países, sendo presidida pelo mandatário dos EUA.

O presidente brasileiro deve falar por cerca de três minutos, tendo por objetivo convencer aqueles líderes sobre as mudanças do Brasil, principalmente no esforço para conter o desmatamento na Amazônia, em que pesem os números registrados em março, quanto a esse quesito, mostrarem que foi o pior desde 2011.

O presidente brasileiro fará sua participação direto do Palácio do Planalto e estará acompanhado por ministros das áreas ligadas ao meio ambiente.

Em recente carta endereçada ao presidente norte-americano, o mandatário brasileiro prometeu, pasmem, zerar o desmatamento ilegal, evidentemente no Brasil, até o ano de 2030, tendo ele declarado que “Queremos reafirmar nesse ato, em inequívoco apoio aos esforços empreendidos por vossa excelência, o nosso compromisso em eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030 (sic)”.

Ao ensejo, o presidente brasileiro deixou claro que, para se alcançar os objetivos pretendidos, há necessidade de "recursos vultosos e políticas públicas abrangentes".    

Nesta data, quando acontece a Cúpula Virtual do Clima, aniversaria a famosa reunião ministerial do governo brasileiro, por vários aspectos assombrosos, em que também ficou marcado o pronunciamento do ministro do Meio Ambiente, que afirmou era preciso “passar a boiada”, a respeito da desregulamentação da legislação ambiental, aproveitando o momento em que a preocupação principal era o foco com o combate à pandemia do coronavírus, dando a entender que a opinião internacional não estaria nem aí para questões ambientais, o que bem demonstra, por parte do ministro, o interesse pela preservação das matas brasileiras, quando, a princípio, o normal seria o endurecimento das regras sobre a importante tema.

A propósito do assunto a ser tratado na reunião em causa, o presidente norte-americano pretende marcar a sua liderança mundial, tendo oportunidade para afirmar o seu enorme interesse sobre as questões que envolvem o clima mundial, em termos de luta pelas preservação e integridade ambiental, porque este foi um dos principais temas e pilares da sua campanha à Presidência dos EUA.

Além desse fato, a reunião em apreço servirá como vitrine para o "esquenta" da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP-26, com realização prevista para o período entre 1º e 12 de novembro vindouro, em Glasgow, na Escócia.

Enquanto isso acontece, o ministro do Meio Ambiente brasileiro foi, recentemente, denunciado ao Supremo Tribunal Federal, pelo superintendente da Polícia Federal, no Amazonas, sob possível envolvimento dele em crimes de advocacia administrativa, organização criminosa e por dificultar a ação da fiscalização ambiental, fato que é da maior gravidade para a imagem do Brasil, não somente internamente, mas especialmente no exterior, porque se trata de situação de clara incompatibilidade com a seriedade que precisa ser demonstrada na execução das políticas relacionadas com o meio ambiente.

Como que o principal executor das ações governamentais poderia se envolver em crimes ambientais da maior magnitude, porque isso tem força da negação às medidas referentes ao controle e à fiscalização contra as organizações criminosos que atuam devastando as matas brasileiras?

Agora, diante dessa gravíssima acusação, ao que se tem conhecimento, o governo brasileiro simplesmente a ignorou e determinou o afastamento do mencionado agente público da PF, dando a entender que ele, no caso, é o culpado e o ministro permanece intocável no importante cargo, quando, no mínimo, ele precisaria se explicar sobre fatos da maior gravidade.

O certo mesmo é que, diante de muitas denúncias sobre o avanço do desmatamento no Brasil, com destaque para a Amazônia, diversas celebridades e especialistas em meio ambiente aderiram ao movimento “#ForaSalles”, organizado pelo Coletivo de Cidadãos e Cidadãs em Defesa das Floresta, fato este que demonstra a insatisfação de parte da sociedade sobre o desempenho do ministro que tem a incumbência de zelar e cuidar, com prioridade, das questões necessárias à proteção das matas brasileiras.

A depender do empenho demonstrado pelo governo brasileiro, isso em proporção aos atos demandados como política pública de real combate ao deplorável desmatamento, certamente que o Brasil nunca será contemplado com recursos para se evitá-lo, justamente porque os crimes ambientais nessa área somente aumentam no ritmo inverso do que é propagado pelo presidente brasileiro, conforme mostram os fatos.

Ou seja, não tem mais como enganar ninguém, diante da tecnologia de controle do setor, que acompanha pari passu a evolução da criminalidade ambiental, enquanto o presidente fica negando a realidade, quando deveria assumi-la e adotar medidas severas contra os criminosos aproveitadores da natureza.

Na verdade, falta ao governo brasileiro o sentimento que é abundante nos países evoluídos e desenvolvidos, quanto ao elevado princípio da seriedade, fato este que só demonstra o alto nível de desprestígio do Brasil perante a comunidade internacional.

Não tem o menor cabimento que o mandatário brasileiro faça afirmações que são desmentidas pelos fatos, como nesse caso do desmatamento, em que a ingente preocupação vem de longa data, mas a sua incidência apenas bate recorde, como aconteceu agora, em março, o que apenas materializa verdadeiro desastre ambiental, tanto para o meio ambiente como para aprofundar a falta de credibilidade gerencial do presidente que muito fala, mas os fatos confirmam a insofismável realidade sobre a destruição florestal, com o crescente desmatamento das matas amazônicas.

É preciso que o governo brasileiro demonstre verdadeiro amor à preservação das florestas brasileiras, tendo por real propósito o integral compromisso de seriedade na execução das políticas voltadas para os cuidados efetivamente necessários, abandonando de vez as desacreditadas práticas consistentes em afirmações infundadas que são desmentidas pelos próprios fatos criminosos vindos do meio ambiente, que são autênticos e jamais mentem.  

          Brasília, em 22 de abril de 2021

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