Conforme vídeo que circula nas redes sociais, são mostradas imagens de carros-pipas enfileirados desfilando na cidade de Ipubi, no Estado de Pernambuco, em verdadeira afronta à dignidade do povo que merece respeito pelo tanto que ele representa pelo Nordeste.
Essa demonstração do indiscutível poderio dos tubarões da água se traduz em verdadeira esculhambação e desprezo à sensatez, à competência e à responsabilidade das autoridades públicas, que se curvam ao claro domínio da bem-organizada máfia da água, quando fecham as torneiras da transposição do Rio São Francisco, para lucrar em cima da falta do precioso líquido.
A prepotência é visível e tem a sua notória saliência exposta com a apresentação de muitos carros-pipas, dizendo, em viva voz, para o mundo, que deve prevalecer, no Nordeste, a imposição das políticas de abastecimento de água ditadas por esse grupo poderoso, que não teme a absolutamente nada, em termos de restrição aos seus ímpetos de afronta às autoridades públicas instituídas, à vista da demonstração de claro desrespeito materializada com o desfile de seus veículos.
As imagens do vídeo, mostrando muitos carros-pipas, em enorme desfile, patenteia a verdadeira força dos proprietários dos veículos que sabotaram o fornecimento das água para os nordestinos.
A quantidade de carros corresponde à força dos barões da região, que não permitem que a água chegue de graça às terras e às casas dos sertanejos, exatamente porque isso enterra definitivamente a rica e próspera indústria do carro-pipa, por onde são desviadas montanhas de recursos, contribuindo para turbinar os bolsos de tubarões do Nordeste.
Esses mesmos empresários são, por sua vez, aqueles que conseguem eleger os homens públicos inescrupulosos da região, que fecham os olhos para essa inadmissível pouca-vergonha, deixando de defenderem os interesses dos sertanejos, tão carentes da água, que, por óbvio, passa a ser servida a preço de ouro, por meio dos carros-pipas, sob os auspícios dos já sacrificados contribuintes.
Ou seja, o silêncio dos nordestinos, diretamente afetados por essa desgraça conhecida por calamidade pública, também deve ser fortemente criticada, uma vez que a falta de reação, por parte deles, constitui imperdoável cumplicidade com a criminalidade concernente ao fechamento das torneiras e a volta do abastecimento de água, por meio de carros-pipas.
O certo mesmo é que a monstruosidade que vem sendo perpetrada contra os nordestinos não tem limite, cuja gravidade maldosa e criminosa precisa ser imputada tanto aos governos federal, estaduais e municipais como aos políticos da região e principalmente ao povo, porque todos, indistintamente, têm a obrigação cívico-patriótica de agir, de alguma forma, para a imediata volta do reabastecimento das águas para o Nordeste, por via dos canais que estão vazios, justamente pela ação das forças malignas contrárias aos interesses do povo daquela região.
Urge que sejam identificadas, responsabilizadas e criminalizadas os envolvidos nessa cruel desgraça contra os nordestinos, com a aplicação de penas duríssimas e exemplares, como forma de se, ao menos, tentar terminar com essa chaga que tanto aflige os sertanejos, cuja crueldade somente persiste porque há um conjunto de malfeitores que conspiram precisamente para o fortalecimento dessa pouca-vergonha, que somente existe em razão da falta de sensibilidade e dignidade dos homens públicos e do próprio povo, infelizmente.
Brasília, em 3 de novembro de 2023
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