segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Perseguição?

 

O último ex-presidente do país declarou que acredita que um ministro da corte maior brasileira está empenhado em excluí-lo do cenário político, diante das evidências.

O ex-presidente brasileiro, que acusou o citado ministro de parcialidade em diversas ocasiões, insiste em criticar o posicionamento do magistrado em processos que o envolvem, entre eles, uma investigação para se averiguar se o ex-presidente do país teria incitado os atos de protestos realizados em Brasília, no dia 8 de janeiro.

O ex-presidente afirmou, para jornalistas, que "É o que eu costumo dizer: você briga em casa com sua esposa e vai recorrer para a sogra? A gente está vendo qual a estratégia nossa, se bem que não tem estratégia. Estratégia é o que o Alexandre de Moraes quer. E a gente sabe o que ele quer. É me alijar da política".

O ex-mandatário aduziu que o mencionado juiz está prosperando em sua estratégia, mas reiterou, em tom de alerta, que tudo na vida é dinâmico, ao afirmar que, "No momento, ele está tendo vitória, mas tudo nessa vida é dinâmico".

Há investigação em curso, sob o comando daquele magistrado, que objetiva apurar sobre os atos de protestos realizados no dia 8 de janeiro, a qual tem como alvo principal verificar se o ex-presidente do país teria funcionado como um dos possíveis mentores da invasão às sedes dos Três Poderes, em Brasília.

À toda evidência, o cerco que o ministro faz sobre os atos praticados pelo ex-presidente é mais do que notório, que vai muito além do imaginável, como nesse caso de se perscrutar se ele teria sido um dos idealizadores dos protestos violentos do dia 8 de janeiro, quando, pasmem, ele se encontrava completamente desligado dos assuntos do Brasil, já estando em terras norte-americanas, sem a mínima ingerência em absolutamente nada do que se passava nas terras tupiniquins.

A verdade é que o principal objetivo do ministro é precisamente o definitivo desembarque da vida pública do ex-presidente do país, em clara demonstração de que o político teria se tornado persona non grata, não podendo, diante disso, mais praticar atividades políticas, pelo menos sob a ótica desse magistrado.

Vejam-se que o próprio político reconhece que o ministro tem sido vitorioso nas investidas dele, o que bem demonstra a incompetência e a incapacidade de reação do ex-presidente, que não obteve nenhuma vitória, evidentemente a seu favor, nas demandas que envolvem a pessoa dele.

Aliás, convém que se esclareça que essa fenomenal disputa de poder tem origem nas malsucedidas acusações e agressões feitas pelo então presidente do país, quando ele resolveu peitar diretamente ministros da corte grandona brasileira, sob cerradas censuras envolvendo o sistema eleitoral brasileiro, o acusando de fonte de fraudes, sem que ele tivesse, como prova material, um único caso capaz de evidenciar as suas acusações, fato esse que funcionava como tentativa de desmoralização da autoridade incumbida de operacionalizá-lo.

Possivelmente, a partir desse processo extremamente desleal e inusual, no relacionamento entre poderes da República, a situação de extremo infortúnio e de claro desequilíbrio estabelecido entre os dois homens públicos se tornou verdadeiramente inconciliável, em que é evidente que a solução para o impasse, evidentemente na visão do ministro, é tornar o ex-presidente invisível para as atividades políticas, à vista dos entreveros criados justamente por este último, justificando, assim, a forma persistente como os casos políticos estão sendo diligentemente investigados, mesmo que o político não tenha qualquer participação nele, que parece ser o caso referente aos protestos do dia 8 de janeiro.

O certo é que essa lamentável e histórica disputa de poder jamais deveria ter sido construída, por ter sido obra de projeto político extremamente arriscado e falsamente idealizado, com persistência nada aconselhável, nas circunstâncias, diante de fundamentos altamente escorregadios, sem a mínima sustentação fática, que somente resultou em enormes desavenças e discórdias, cujos resultados foram e ainda são os piores possíveis, tanto para os próprios envolvidos como para o Brasil, em razão de muitos transtornos formados em torno desse assunto.

É possível até se imaginar que a infeliz ideia das críticas ao sistema eleitoral brasileiro, sem o mínimo fundamento, possa ter contribuído para a volta ao poder do político mais desprezível e desqualificado que já se viu na história político-republicana, quando ele passou, em passe de mágica, de condenado à prisão, pela comprovada prática de atos irregulares, para habilitado às atividades políticas, certamente por preencher o perfil imaginado de pessoa pública capaz de derrotar o principal político brasileiro de então, que teria se tornado pessoa antipatizada e odiada pelo sistema, que, de maneira estrategicamente inteligente, conseguiu arquitetar todo processo para afastá-lo do poder, como de fato aconteceu.

Como se pode perceber facilmente, essa infeliz história vem a ser contada justamente pelo político que conseguiu, por conta de seus atos desastrados, antidemocráticos e antirrepublicanos, se tornar a principal vítima de si mesmo, exatamente por não ter tido a necessária prudência inerente ao verdadeiro estadista, que tem como principal função cumprir, com o devido rigor, a liturgia imposta para o cargo presidencial, em estrita sintonia com o atendimento do interesse da sociedade, evidentemente sem necessidade da criação de confusão, agressão nem atrito com os demais integrantes da República.

Ou seja, é possível que não somente todo esse absurdo processo de perseguição e vingança tenha sido evitado, mas toda a desgraça imposta ao Brasil e aos brasileiros, com a entrega do poder à parte decomposta da política brasileira, jamais tivessem acontecidos se o então presidente do Brasil apenas tivesse cumprido o seu dever constitucional de zelar, ao extremo, das obrigações inerentes ao atendimento das necessidades da sociedade, sem necessidade de agredir nem fazer acusações indevidas.  

Enfim, à toda evidência, a desastrada atuação do principal magistrado da nação somente poderia resultar na deplorável situação que se encontra o último ex-presidente do país, que já foi penalizado com a inelegibilidade e ainda responde a vários processos, justamente por conta da insensatez, da antidiplomacia, da incompetência, da insensibilidade e da irresponsabilidade, no exercício do relevante cargo presidencial, quando, do contrário, certamente que nenhum processo investigatório teria sido aberto contra ele e país não estaria mergulhado, de forma intensa, nessa terrível situação de deplorabilidade político-administrativa.    

Brasília, em 6 de novembro de 2023

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