Diante das dificuldades
anunciadas para a reeleição da presidente do país, o ex-presidente da República
petista se dar ao luxo de não levar a sério nem a si mesmo. O projeto dele é
“partir para cima” daqueles que representem qualquer risco à trajetória
vitoriosa da sua predileta afilhada política, que tem a obrigação de garantir a
perpetuação do seu partido no poder. Ele não tem perdido nenhuma oportunidade
para mostrar a sua extrema capacidade de impudência, ao tentar isentar a cúpula
do seu partido, inclusive ele, de qualquer participação nos horrorosos casos de
corrupção protagonizados por seus companheiros, a exemplo da sua entrevista à
TV portuguesa, quando ele chegou ao cúmulo de negar peremptoriamente que não
tinha qualquer nível de relações com os principais líderes do PT condenados
pelo Supremo Tribunal Federal. Ele renegou o ex-ministro da Casa Civil do seu
governo, o ex-presidente do PT e do então tesoureiro do partido e do mensalão,
ao afirmar, sem o menor escrúpulo, que "Não se trata de gente de minha confiança". As mentiras e as
contradições atribuídas ao ex-presidente são memoráveis, principalmente no que
diz respeito ao escândalo do mensalão. Em 2006, no auge desse lamentável
episódio, ele veio a público para declarar completamente “arrasado” e
“contristado”: "Quero dizer, com
franqueza, que me sinto traído. Não tenho vergonha de dizer ao povo brasileiro
que nós temos que pedir desculpas". Ao se referir que se sentia
traído, o ex-presidente certamente estava mirando justamente seus fiéis amigos,
aqueles acima referidos, ante o importante vínculo deles com o seu governo.
Acreditando na memória curta do pobre povo tupiniquim, em novembro de 2009, ele
se deu de esperto e simplesmente houve por bem ignorar completamente aquelas
declarações feitas para o país nas telas da televisão, com respeito ao
mensalão, ao afirmar, pasmem: "Foi
uma tentativa de golpe no governo. Foi a maior armação já feita contra o
governo". Mas tarde, na comemoração da eleição da sua sucessora, ele,
no alto da sua onipotência, declarou que "Vou desmontar a farsa do mensalão", justamente na convicção de
que a sua autoridade seria capaz de interromper qualquer tentativa de
julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal. Todavia, esse órgão
enxergou gravidades enormes nas irregularidades apontadas nos autos
pertinentes, ante a robusteza dos fatos apurados e das provas coletadas, não
tendo dúvida quanto à culpabilidade dos acusados, que foram condenados por
vários crimes perpetrados contra a administração pública e a sociedade. Certamente
que esse fato constituiu expressivo golpe para o ex-presidente, que resiste em
aceitar a realidade dos acontecimentos, por entender que ele e seus
companheiros são imunes a acusações e incapazes de cometerem falhas, bem assim
por considerar que deuses jamais erram. Ele insiste em não admitir a verdade
sobre os fatos que maculam a imagem dele e a dos integrantes do seu partido,
preferindo aceitar as versões apropriadas às suas conveniências, como forma de
perpetuação no poder, principalmente porque as mentiras contadas repetidamente e
com a maior frequência passam a ser verdades incontestáveis, segundo o
entendimento dos “sábios” inspiradores da ideologia da ignorância. Não à toa
que o ex-presidente, depois dizer, no passado, que se sentia traído e que não
tinha vergonha de pedir desculpas ao povo brasileiro, naturalmente por
acreditar na existência do maior caso de corrupção da República, mas, agora,
com a cara mais lisa e sem o menor pudor, ele simplesmente declara que: "O que eu acho é que não houve mensalão".
Mas o petista, sem surpreender, extrapolou em criatividade oportunista, ao
declarar, como pura imaginação, à televisão portuguesa que "O mensalão teve praticamente 80% de decisão
política e 20% de decisão jurídica", dando a entender que a Excelsa Corte
de Justiça teria atuado politicamente em cumplicidade com a "maior armação já feita contra o governo",
quando, ao contrário do que ele afirma, as provas dos autos do mensalão não
deixam a menor dúvida quanto à existência dos fatos e à culpabilidade dos
envolvidos, em cujo rol, de forma inexplicável, não constou o nome do principal
responsável por tamanha “façanha” que envergonhou o povo brasileiro e
desmoralizou o país. É lamentável que os homens públicos tupiniquins, em pleno
século XI, ainda façam uso das atividades políticas tendo por seu principal
pilar de sustentação a esperteza, que a consideram grande virtude como
princípio moral e valores éticos, em proveito das suas conveniências politicas,
a exemplo dos fatos em comento. Compete à sociedade desacreditar os maus e
mentirosos homens públicos, cuja atuação na política não condiz nem longe com a dignidade
que se espera deles, e repudiar seus atos visivelmente oportunistas e
contrários aos princípios ético, moral e do decoro, como forma de se
contribuir para a construção de um país com dignidade e seriedade, em harmonia com os saudáveis princípios republicano e democrático. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 20 de junho de 2014
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