terça-feira, 24 de junho de 2014

O acordo da indignidade

O candidato do PT ao governo de São Paulo oficializou aliança com o PP, do deputado paulista mais contestado na história petista, por ter sido considerado o mais famoso e perfeito corrupto com recursos públicos, cujos atos delituosos o elevaram à condição de procurado pela Interpol. Todavia, esse fato não tem, no presente, a menor relevância para o PT, porque o feliz e maravilho encontro tem por objetivo garantir precioso um minuto a mais no horário eleitoral gratuito. Ou seja, por um mísero minuto de televisão no programa eleitoral, o PT é capaz de mostrar a sua verdadeira imagem de falta de ética e de leniência com o mundo da marginalidade política. A cerimônia transcorreu no clima de singeleza, bem diferente de outro momento marcante ocorrido há dois anos, quando o candidato à prefeitura de São Paulo se unia com o mesmo político, que já foi considerado pelos petistas como um dos piores ladrões públicos do país, segundo as versões publicadas pela imprensa. No encontro anterior, houve grande assédio da imprensa para registrar a presença entusiástica do “todo-poderoso” petista, que foi fotografado de mãos dados para selar um dos momentos mais deprimentes da história política brasileira, quando aquele que outrora defendia a ética na política, o mais ilustre e metalúrgico, se igualava em condições de indignidade com o símbolo da corrupção e da imoralidade na administração pública, em clara demonstração da pouca-vergonha existente no âmbito dos representantes da política tupiniquim, que, por meras conveniências partidárias, são capazes de esquecer o passado sujo por tão somente um minuto de horário de televisão. Na ocasião, o candidato petista afirmou que o PP tem contribuições a dar para seu programa de governo e tratou o acordo com o deputado como uma derrota pessoal do governador do estado, na tentativa de justificar o tão importante acontecimento. Ele disse que "Os que hoje vão criticar esta aliança estavam até a madrugada de ontem tentando impedi-la. O PP está deixando os tucanos porque viu que o Alckmin não cumpriu suas promessas para o Estado". O acordo foi oficializado sem a presença do ex-presidente República petista, que deixou de comparecer ao encontro para posar como padrinho da aliança do PT com o parlamentar símbolo da corrupção, diferentemente de 2012, quando ele esteve na casa do deputado, opíparo almoçou com o anfitrião e depois posou para fotos históricas. O candidato petista aproveitou o ensejo para repetir a cartilha de críticas à crise de água e também fez ataques à expansão do metrô e à segurança em São Paulo, dizendo que as "As penitenciárias do Estado se transformaram no escritório da maior facção criminosa do país", em referência ao PCC. Ocorre que, semanas antes, um deputado estadual petista teria se reunido com dezena de integrantes dessa facção criminosa, para tramar contra os serviços de transportes públicos. Não há a menor dúvida de que os fatos mostram, com clareza meridiana, que o PT é capaz de fazer qualquer negócio para conquistar espaço na política, inclusive se aliar aos piores políticos considerados pelos petistas de picaretas e desonradores dos princípios ético e moral na administração pública. O certo é que, para conquistar o poder e se manter na dominação política, o PT já demonstrou que é capaz de se render às alianças que no passado seriam absolutamente impossíveis, mas, agora, elas são normalmente factíveis e benfazejas, por serem compatíveis com o novo pensamento ideológico do partido de que os fins justificam os meios, em deprimente representação política, por ferir os salutares princípios da dignidade, da decência, do decoro, da ética e da moralidade, pouco condizentes com a seriedade e a honorabilidade que predominam nos países evoluídos social, econômica, política e democraticamente. Urge que a sociedade, no âmbito da conscientização cívica, repudie a atuação dos partidos políticos que desrespeitam os preceitos da honestidade, razoabilidade e civilidade, por representarem enormes riscos às regras republicana e democrática. Acorda, Brasil!     
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 24 de junho de 2014

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