terça-feira, 10 de junho de 2014

Mais competência e menos prepotência

Em estrita obediência à recomendação e à orientação do seu ilustre antecessor, que demonstra visível incômodo com as constantes acusações e críticas oriundas da oposição sobre as irregularidades denunciadas pela mídia, a presidente da República resolveu que a partir de agora vai topar qualquer briga, no bom sentido, com seus adversários políticos, tendo decidido adotar a estratégica tática do “bateu, levou”, como atitude defensiva e ofensiva de não aceitar provocações. Com esse propósito, a intenção do Palácio do Planalto é partir para o ataque e rebater as críticas, não as deixando sem resposta, para mostrar competitividade contra os inimigos. O governo também deverá intensificar ao máximo possível as propagandas sobre suas realizações, além de promover comparações entre as gestões tucanas com os mandatos do PT, tendo o cuidado de melhorar a divulgação das ações vinculadas diretamente à presidente, a exemplo dos programas Pronatec e Mais Médicos. O ex-presidente petista mostrava preocupação diante do fato de que a presidente precisava fazer "disputa política", em especial por intermédio da imprensa e pelos canais oficiais de comunicação, notadamente fazendo uso de propaganda institucional e de pronunciamentos em cadeia nacional de rádio e televisão. Em conversa com a mandatária do país, o ex-presidente mostrou uma série de providências capazes de reverter a queda nas pesquisas da presidente e melhorar a avaliação do governo. Entre elas, ele listou a resolução dos problemas com o programa Minha Casa, Minha Vida e as ofensivas e agressivas opiniões populares contra a realização da Copa do Mundo, de modo a resgatar o apoio ao evento. Segundo o petista, merece especial atenção a ampliação do diálogo com o setor privado e os movimentos da sociedade civil organizada, para os quais deverão ser disponibilizados mais espaços na agenda presidencial para contatos com empresários, banqueiros e grupos de jovens e da sociedade. Com a exclusiva tentativa de reverter a situação negativa sobre a copa, a presidente pretende manter contato com jornalistas esportivos, para tratar de questões pertinentes ao evento, principalmente por se tratar da proximidade do período eleitoral. No caso das denúncias sobre a Petrobras, a orientação do ex-presidente é no sentido de que a presidente deva partir para o ataque, rechaçando de imediato as acusações da oposição e da mídia. Nessa direção, ela já afirmou que não "admitirá que nada nem ninguém" destruam a estatal. Além de ter gastado mal, muito e desproporcional para a realização da copa, o governo ainda vem com essa absurda ideia de comprometer mais recursos com publicidade para ter a ilusão de que ainda seja possível resgatar o apoio maciço da população à realização do mundial, o que demonstra incapacidade sobre a sua incompetência, agregando mais desperdício sobre o leite derramado. O que o governo pretende fazer nada mais é do que turbinar, de forma maciça, a gigantesca propaganda enganosa que abarrota a programação das rádios e televisões, sem o menor pudor gastronômico, com a tentativa de distorcer a realidade dos fatos, que, por si sós, já confirmam os absurdos dos gastos desnecessários com essa copa. O certo é que, contra fatos, não há argumentos e as propagandas não passam de engodo e de mais gastos, com mais ônus para os bestas dos contribuintes. Nos últimos tempos, as críticas contra o governo têm sido tão constantes que não vai ser tarefa fácil para a presidente ficar todo instante rebatendo-as incontinenti, além se exigir muita argúcia e capacidade para contra-argumentação, diante de tantos fatos irregulares que estão surgindo com frequência jamais vista neste país. Além do mais, se a presidente assumir a incumbência de rebater as críticas, ela não vai ter condições físicas de trabalhar, em atendimento da superlotada agenda presidencial. Nesse caso, ela terá que fazer opção de trabalho, ou decide cumprir a importante missão de administrar os interesses da nação ou passa se dedicar à defesa de seus interesses pessoais, relacionados com a reeleição, se dedicando ao rebate das acusações e críticas sobre o seu governo. Resta ao povo a nobre missão de escolher o estadista que tenha consciência e sensibilidade sobre a dimensão da responsabilidade de administrar a grandeza do Brasil, sem precisar se socorrer a mentiras, subterfúgios e outras manobras para justificar o injustificável. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 09 de junho de 2014

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