Os jogos da Copa do
Mundo transcorriam conforme a normalidade planejada para o evento, mas um
episódio despertou a curiosidade mundial, com a inusitada mordida de um jogador
no adversário, sem a menor plausibilidade, o que veio a causar reações entre os
telespectadores, os jogadores e até mesmo a cartolagem da Fifa, que garante
punição exemplar ao atleta. O fato suscitou a formulação de diferentes teorias
para explicar o comportamento surpreendente do jogador, com a participação dos
especialistas da mente humana. Um psicólogo disse que “A mordida pode ser resultado da pressão do jogo. Uma ‘resposta
primitiva’ a fortes emoções e até uma consequência de sua infância difícil, em
que ele teve de lutar pela sobrevivência”. Já o próprio jogador já havia
dito por ocasião de mordida anterior, descrevendo seu comportamento, que
se trata de “uma questão de frustração no
calor do jogo. Você reage em uma
fração de segundo. Algo que pode não parecer uma grande coisa, de repente é e
você não está consciente de sua reação ou das repercussões”. A conclusão
dos especialistas é no sentido de que o uruguaio precisa de tratamento
profissional, para controlar seus impulsos violentos. Não obstante, como a
atitude do jogador caracteriza agressão antidesportiva, a Fifa determinou que a
Associação Uruguaia de Futebol apresentasse defesa, em razão dos fatos
ocorridos. As justificativas foram apresentadas, tendo sido argumentado,
basicamente, que “Não houve mordida. Foi
uma jogada casual, em que o jogador perde o equilíbrio e o choque ocorre.
Poderia ter sido um duro golpe na nunca, no pescoço ou nas costas. E isso é o
que você vê: um choque, nada mais.”. Na defesa, alega-se ainda sobre a
possibilidade de o jogador italiano já ter lesão no ombro: “Temos algumas fotos do Chiellini com uma
lesão nessa área do ombro esquerdo. Por isso pedimos um relatório forense para
ver se as imagens que surgiram após o jogo correspondem à realidade ou se o
jogador italiano já tinha uma lesão lá.”. Não há menor dúvida de que se trata
de argumentações absurdas e fajutas, imaginadas por quem não pretende enxergar
a realidade dos fatos, em que pese haver fortes indícios de que é muito
provável que o comportamento do jogador tivesse sido influenciado pelo fator
psicológico, com dificuldade para controle do raciocínio lógico, emocional e até
racional, em momento de pressão causado pelo calor do jogo, que valia a
classificação do país para seguimento no torneio. Trata-se de atitude antidesportiva capitulada nos
artigos 48 e 57 do Código Disciplinar da Fifa, cuja mordida, mesmo não tendo
sido pensada nem proposital, veio agredir e ferir profissional do futebol. É
lamentável que os causídicos não tenham conseguido encontrar álibi perfeito e
compatível com a realidade do acontecimento, mas, compelidos por gordos
honorários, tenham a infeliz iniciativa de criar versão absolutamente absurda e
inverossímil, apresentando própria desculpa de João sem braço, na tentativa de
enganar os "ingênuos" julgadores da Fifa. Somente uns trouxas iriam
dar crédito às bobagens de que não teria havido mordida, mas tudo não teria passado
de simples jogada ou esbarram casual, oriunda do desequilíbrio do jogador,
vindo a se chocar com o italiano. É estranho se perceber que a televisão mostre
os fatos na versão absolutamente diferentes da descrita pela defesa escrita,
numa comparação ridícula e grotesca, dando a entender que os telespectadores
são verdadeiros idiotas e imbecis, que não teriam enxergado que o jogador
italiano foi barbaramente cravado aos princípios de civilidade e racionalidade,
a qual não condiz com a modernidade e as conquistas alcançadas pela humanidade,
no que se refere às regras desportivas. O certo é que o jogador uruguaio deu
nítida demonstração de descontrole emocional, tendo causado enorme
constrangimento aos cultores das práticas modernas do desporto, fato que
evidencia a necessidade de tratamento, sob pena de o seu destempero se tornar
prática comum entre os atletas, o que seria bastante desagradável se pagar
ingresso para assistir jogadores mordendo cangote e bochecha de outros atletas.
A Fifa tem obrigação de corta o mal pela raiz, para que a punição sirva de
lição pedagógica para se evitar casos semelhantes ao episódio em comento. Há
pessoas que defendem pena mínima, mas o fato em si não aconselha medida apaziguadora,
porque isso não se coaduna com a magnitude do evento, que simplesmente
representa a máxima importância para a prática do futebol. A leniência com a
impunidade somente tem guarida, infelizmente, no país tupiniquim, que, por
coincidência, é onde o fato horroroso da dentada aconteceu. Espera-se que a
Fifa mostre no país da “Copa das Copas” como se deve aplicar penalidade em caso
de infração ao regramento disciplinar, como forma de servir de ensinamento
modelar de combate aos desvios de conduta e às transgressões à legislação penal.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de junho de 2014
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