Conforme notícia divulgada no site do G1, várias companheiras
de sacerdotes, residentes na Itália, solicitaram ao Santo Pontífice a
eliminação do celibato na Igreja Católica. Na carta endereçada ao papa, as signatárias
esclareceram que “Nós amamos estes homens
e eles nos amam (...) nós somos um
grupo de mulheres de todas as regiões da Itália (e não somente) que escrevemos
para romper a parede de silêncio e de indiferença que nos cerca todos os dias.
Cada uma de nós vive, viveu ou gostaria de viver uma relação de amor com um
membro do corpo eclesiástico, por quem somos apaixonadas. (...) com humildade, levar aos seus pés nosso
sofrimento até que alguma coisa mude, não apenas por nós, mas também pelo bem
de toda a Igreja”. Não obstante, caminhando na contramão da modernidade
conseguida pela humanidade, o papa dá sinal de fervorosa defesa da manutenção do
celibato dos padres. Tanto isso é verdade, que, num recente pronunciamento, ele
foi bastante enfático ao afirmar que os futuros padres devem ser bem formados
desde o seminário, “para viver de verdade
as exigências do celibato eclesiástico, assim como ter uma relação justa com os
bens materiais”. Trata-se de fato que vem suscitando enorme interesse no
seio dos seguidores do cristianismo, porquanto é notória a existência de
pressão para o exame da obrigatoriedade do celibato, mas a liderança da Igreja
Católica não se flexiona diante da palpável realidade sobre o encolhimento dos templos,
com o afastamento progressivo de parcela significativa do seu rebanho, certamente
causado, entre outros fatores, pela falta de iniciativa sobre a discussão de
assuntos que precisam ser atualizados para adequação à mera realidade dos novos
tempos, sem que isso modifique os dogmas e os princípios basilares do
cristianismo, que o caso em apreço. Com todo respeito à Igreja Católica, mas o
celibato é regra que tem o condão de negar os princípios cristãos, por afastar
o filho de Deus, que é seu mais próximo discípulo - o sacerdote -, do convívio com
o núcleo familiar e de ceifar, de forma discriminatória, a possibilidade de
poder cumprir importante princípio cristão, segundo o qual o homem teria sido
instruído a crescer e multiplicar a espécie, em nome do pai celestial. Não há dúvida
de que o celibato é princípio imposto que não faz o menor sentido prático e não
corresponde a qualquer justificativa plausível, porque a sua existência não fere
os dogmas e os princípios fundamentais do cristianismo, não havendo qualquer
obstáculo ao normal exercício do sacerdócio, cujo titular é impedido, de forma
inexplicável, de usufruir os saudáveis dons e belezas naturais propiciados ao
homem por Deus, que são, entre tantas, o direito da efetiva participação do
amor entre seu semelhante e, em especial, do relacionamento, em igualdade de
condições, com quem ama, podendo constituir família e ter filhos, como os
demais filhos de Deus, que, com absoluta certeza, não concorda com essa injustificável
e desumana exigência do celibato, que não prejudica senão a quem o aceita
pacificamente, como forma de servir a Deus, que poderia exercer tal ofício da
mesma forma ou ainda melhor se tivesse a possibilidade de se relacionar intimamente
com seu semelhante, pois teria até mais condições de conhecer profundamente as
vicissitudes humanas. Aliás, a modernidade alcançada pela humanidade já era
mais do que suficiente para a Igreja Católica perceber que a prática do
celibato não mais se justifica, principalmente porque a evolução dos princípios
não se coaduna com regras impostas em passado remotíssimo, quando ele foi
implantado por algum motivo necessário ao fortalecimento da fé cristã. Contudo,
como os tempos mudaram e a história se beneficiou do aperfeiçoamento das
relações humanas, não se justifica que, na atualidade, os cardeais da Igreja
Católica não vislumbrem a premente necessidade de haver modernização de
práticas e costumes que não fazem mais sentido e que, ao contrário do que se
possa imaginar, a sua reformulação funcionaria como verdadeira oxigenação da
estrutura arcaica e resistente à modernidade e certamente se harmonizaria com os
verdadeiros sentimentos de humanização, fraternidade e amor sabiamente pregados
pelo Mestre Jesus Cristo.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 05 de junho de 2014
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