domingo, 1 de junho de 2014

Basta da leniência da sociedade

À vista dos resultados da última pesquisa divulgada pelo Ibope, mostrando que a presidente da República voltou a crescer nas intenções de voto, o Palácio do Planalto resolveu estabelecer como meta prioritária e absoluta evitar que a petista volte a “sangrar”. O governo e o seu partido já tinham identificado, mediante pesquisas internas, que a presidente havia parado de cair nas intenções de voto, mas a subida de 37% para 40% na preferência do eleitorado contribuiu para a melhora dos ânimos petistas, bem acima do que previa o Palácio do Planalto. A determinação do governo é continuar mantendo atenção especial às manifestações, durante a Copa do Mundo, e alardear o mais que puder as realizações do governo. Não há ordem que consiga barrar a sangria desatada com origem nesse governo, em termos de gestão pública, quando somente agora, na proximidade da campanha eleitoral, se tocou que deveria administrar de verdade o país, depois de transcorridos três anos cuidando apenas das alianças partidárias, em evidente prejuízo para os interesses nacionais, que são bem menos importantes, na concepção dele, do que o tempo do horário eleitoral conquistado junto aos partidos negociados com o envolvimento de cargos nos ministérios e nas empresas estatais, ou seja, em verdadeiro banco de negociata, com o uso de moeda a máquina pública, em troca de apoio político. Essas esdrúxulas negociatas, mesmo feitas às claras, merecem o repúdio da sociedade, porque tal conduta não condiz com os princípios democrático e republicano, justamente por comprometer a eficiência da administração pública, que passa a ser comandada por políticos despreparados e desqualificados, que, normalmente, assumem importantes cargos de direção dos ministérios e das empresas públicas apenas por conveniência política e com a finalidade de solucionar interesses pessoais e partidários, tudo em nome do obstinado e doentio projeto de perenidade no poder. Não há dúvida de que o resultado da pesquisa em apreço reflete a pobreza de mentalidade do povo, do eleitorado, por ser incapaz de perceber que a capacidade de governar o país não pode ficar adstrita à avaliação tão somente à execução dos programas assistencialistas, como o Bolsa Família, Minha Casa, Minha Vida, e outros com a mesma finalidade de distribuição de renda, que terminam tendo a conotação de ações meramente eleitoreiras, ante a inarredável vinculação do beneficiado com o governo, à vista das pesadas ações publicitárias oficiais com foca nelas, em visível marketing político. Necessariamente, o povo tem que entender que a evolução da humanidade obriga que, na atualidade, qualquer governo, não importando qual partido ele seja filiado, tem obrigação constitucional, como imposição da competência do Estado, de promover distribuição de renda às famílias carentes, que dependem da assistência oficial. No presente momento, convém que o ocupante do cargo de presidente da República tenha capacidade para administrar o país com eficiência, cuidando não somente de poucas ações sociais, mas principalmente dos aspectos econômicos, políticos e desenvolvimentistas, envolvendo investimentos na infraestrutura, no saneamento básico, na educação, na saúde, na segurança pública, nos transportes, compreendendo estradas, portos, aeroportos etc. Vale lembrar a desastrosa gestão da Petrobras, que simplesmente foi transformada, em pouco tempo, da 12º para 120º empresa no ranking mundial, graças à sua administração deletéria, cujo responsável por essa tragédia ainda tem a indignidade de atribuir à oposição pretensão prejudicá-la, quando ela já se encontra na situação de precariedade graças às práticas temerárias adotadas nessa gestão. O povo tem obrigação de avaliar a administração do país pelo conjunto do desempenho da máquina pública, em termos de contribuição para o desenvolvimento da sociedade e da nação, principalmente levando-se em conta a capacidade da produção nacional, porquanto é visível o enfraquecimento do desempenho do Produto Interno Bruto – PIB, exatamente em razão do anacronismo e ao envelhecimento imperantes parque industrial, a impedir que a produção nacional não tenha condições de competitividade com os produtos estrangeiros, justamente devido à falta de reformas tributária, previdenciária, trabalhista e outras, como forma de ajustar, pelo menos, a carga tributária e os encargos previdenciários à realidade da racionalidade compatível com a modernidade econômica mundial. Ou seja, os brasileiros precisam se conscientizar, com urgência, que a incapacidade gerencial da administração pública vem contribuindo, de maneira decisiva, para os significativos atraso e subdesenvolvimento do país, justamente porque o governo se preocupou em apenas administrar pessimamente os programas assistencialistas, onde são cadastrados nele até animais domésticos, pessoas mortos e outros beneficiários incompatíveis com a finalidade social para a qual foi instituído o Bolsa Família, deixando relegadas a planos secundários as demais questões essenciais e imprescindíveis ao desenvolvimento da nação. O povo precisa se despertar da letargia política e se conscientizar, com urgência, sobre a necessidade da sua efetiva participação no processo político-eleitoral, como forma de se evitar que a gestão dos recursos públicos continue servindo de mecanismos escusos para fomentar a predominância político-partidária predatória e prejudicial aos interesses nacionais. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 31 de maio de 2014

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