À vista dos
resultados da última pesquisa divulgada pelo Ibope, mostrando que a presidente da
República voltou a crescer nas intenções de voto, o Palácio do Planalto
resolveu estabelecer como meta prioritária e absoluta evitar que a petista
volte a “sangrar”. O governo e o seu partido já tinham identificado, mediante
pesquisas internas, que a presidente havia parado de cair nas intenções de voto,
mas a subida de 37% para 40% na preferência do eleitorado contribuiu para a
melhora dos ânimos petistas, bem acima do que previa o Palácio do Planalto. A determinação
do governo é continuar mantendo atenção especial às manifestações, durante a
Copa do Mundo, e alardear o mais que puder as realizações do governo. Não há ordem que consiga barrar a sangria
desatada com origem nesse governo, em termos de gestão pública, quando somente
agora, na proximidade da campanha eleitoral, se tocou que deveria administrar
de verdade o país, depois de transcorridos três anos cuidando apenas das
alianças partidárias, em evidente prejuízo para os interesses nacionais, que
são bem menos importantes, na concepção dele, do que o tempo do horário
eleitoral conquistado junto aos partidos negociados com o envolvimento de cargos
nos ministérios e nas empresas estatais, ou seja, em verdadeiro banco de negociata,
com o uso de moeda a máquina pública, em troca de apoio político. Essas
esdrúxulas negociatas, mesmo feitas às claras, merecem o repúdio da sociedade,
porque tal conduta não condiz com os princípios democrático e republicano,
justamente por comprometer a eficiência da administração pública, que passa a
ser comandada por políticos despreparados e desqualificados, que, normalmente,
assumem importantes cargos de direção dos ministérios e das empresas públicas
apenas por conveniência política e com a finalidade de solucionar interesses
pessoais e partidários, tudo em nome do obstinado e doentio projeto de
perenidade no poder. Não há dúvida de que o resultado da pesquisa em apreço reflete
a pobreza de mentalidade do povo, do eleitorado, por ser incapaz de perceber que
a capacidade de governar o país não pode ficar adstrita à avaliação tão somente
à execução dos programas assistencialistas, como o Bolsa Família, Minha Casa,
Minha Vida, e outros com a mesma finalidade de distribuição de renda, que
terminam tendo a conotação de ações meramente eleitoreiras, ante a inarredável
vinculação do beneficiado com o governo, à vista das pesadas ações
publicitárias oficiais com foca nelas, em visível marketing político. Necessariamente,
o povo tem que entender que a evolução da humanidade obriga que, na atualidade,
qualquer governo, não importando qual partido ele seja filiado, tem obrigação
constitucional, como imposição da competência do Estado, de promover
distribuição de renda às famílias carentes, que dependem da assistência oficial.
No presente momento, convém que o ocupante do cargo de presidente da República
tenha capacidade para administrar o país com eficiência, cuidando não somente
de poucas ações sociais, mas principalmente dos aspectos econômicos, políticos
e desenvolvimentistas, envolvendo investimentos na infraestrutura, no
saneamento básico, na educação, na saúde, na segurança pública, nos
transportes, compreendendo estradas, portos, aeroportos etc. Vale lembrar a
desastrosa gestão da Petrobras, que simplesmente foi transformada, em pouco
tempo, da 12º para 120º empresa no ranking mundial, graças à sua administração
deletéria, cujo responsável por essa tragédia ainda tem a indignidade de
atribuir à oposição pretensão prejudicá-la, quando ela já se encontra na
situação de precariedade graças às práticas temerárias adotadas nessa gestão. O
povo tem obrigação de avaliar a administração do país pelo conjunto do desempenho
da máquina pública, em termos de contribuição para o desenvolvimento da sociedade
e da nação, principalmente levando-se em conta a capacidade da produção
nacional, porquanto é visível o enfraquecimento do desempenho do Produto
Interno Bruto – PIB, exatamente em razão do anacronismo e ao envelhecimento imperantes
parque industrial, a impedir que a produção nacional não tenha condições de
competitividade com os produtos estrangeiros, justamente devido à falta de
reformas tributária, previdenciária, trabalhista e outras, como forma de
ajustar, pelo menos, a carga tributária e os encargos previdenciários à
realidade da racionalidade compatível com a modernidade econômica mundial. Ou
seja, os brasileiros precisam se conscientizar, com urgência, que a
incapacidade gerencial da administração pública vem contribuindo, de maneira decisiva,
para os significativos atraso e subdesenvolvimento do país, justamente porque o
governo se preocupou em apenas administrar pessimamente os programas
assistencialistas, onde são cadastrados nele até animais domésticos, pessoas
mortos e outros beneficiários incompatíveis com a finalidade social para a qual
foi instituído o Bolsa Família, deixando relegadas a planos secundários as
demais questões essenciais e imprescindíveis ao desenvolvimento da nação. O
povo precisa se despertar da letargia política e se conscientizar, com
urgência, sobre a necessidade da sua efetiva participação no processo
político-eleitoral, como forma de se evitar que a gestão dos recursos públicos continue
servindo de mecanismos escusos para fomentar a predominância
político-partidária predatória e prejudicial aos interesses nacionais. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 31 de maio de 2014
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