sábado, 14 de junho de 2014

Dever de explicar o desgoverno

O ex-presidente da República petista, ao demonstrar preocupação com a condução da política econômica, fez questão de ressaltar que a prioridade da presidente da República é aproveitar a trégua do período da Copa do Mundo para a reorganização da sua estratégia na economia e na política, tendo a obrigação de explicar aos eleitores a maneira adequada para melhorar a economia e responder dúvidas acerca do descontrole da inflação. Ele esclareceu que foi essa a orientação dada por ele para melhorar a caminhada em rumo à reeleição da sua pupila. Não há dúvida de que é espinhosa a missão incumbida à mandatária do país, que terá enormes dificuldades para explicar o porquê de a economia brasileira, no seu manche, seguir de marcha à ré, porquanto não somente é preocupante a alta da inflação, como o pífio desempenho da economia, demonstrado pelos acanhados e ridículos resultados do Produto Interno Bruto, as altíssimas taxas de juros, os exagerados e injustificáveis gastos com as obras da copa, além de muitos escândalos de corrupção, com destaque para a desastrosa gestão da Petrobras. A presidente tem o dever constitucional de explicar a péssima administração do país com relação também à segurança pública, à educação, à saúde pública, ao saneamento básico, aos transportes e, enfim, aos demais serviços públicos que são comparáveis às piores republiquetas do planeta, ante a precariedade e a falta de efetividade de seus resultados, em que pese a suntuosidade dos recursos disponibilizados para tais empreendimentos, que padecem de competência para sua implementação, notadamente quanto ao acompanhamento, à fiscalização e ao controle, como instrumentos capazes de aquilatar o resultado satisfatório acerca do custo-benefício. Outro ponto importante que exige urgente explicação se refere à progressiva e fantástica elevação da dívida pública, que passou de R$ 850 bilhões, em 2002, para R$ 2,2 trilhões, em 2014, cujo crescimento tem significativa repercussão no desenvolvimento da nação, por ser fator impeditivo e limitativo aos investimentos públicos. Convém se esclarecer, a propósito, ao petista que inflação não se explica, apenas se combate com competência gerencial, mediante rigorosos ajustamentos dos gastos públicos e controle das políticas fiscal e tributária à realidade do país, com o enxugamento da máquina pública, a redução das despesas públicas e a eficiência e eficácia das políticas públicas, em estrita observância ao princípio da economicidade. Na verdade, o petista comete ato da maior crueldade, ao exigir que a sua sucessora explique algo que para ela é totalmente inexplicável, porque a inflação já fugiu ao controle da sua equipe econômica. Talvez fosse melhor se exigir que o governo explicasse o conjunto do desgoverno, englobando a decadente gestão da Petrobras, que foi submetida à cruel ingerência pelo Palácio do Planalto, com aparelhamento da empresa por sindicalistas, petistas e afilhados de caciques dos partidos da base de sustentação do governo, em troca de apoio político, em consonância com o indecente sistema do “toma lá, dá cá”, além dos investimentos temerários na aquisição de refinarias a preços superfaturados, gerando enormes prejuízos para o país e os investidores da estatal. O certo é que não somente a inflação estar a exigir explicações convincentes, tendo em vista que as potencialidades e as riquezas do país não se coadunam com o acanhado, mesquinho mesmo, desempenho da economia, que não consegue deslanchar, em razão, certamente, das visíveis inaptidão e incapacidade técnico-especializadas que são incapazes de adotar medidas que contribuam para o crescimento do país, a exemplo do desempenho do Produto Interno Bruto - PIB, que apenas patina, ano após ano, sobre os gargalos da incompetência administrativa do país, que não vislumbra a mínima solução para destravar o arcaico processo produtivo nem consegue se desvencilhar das garras dos juros nas nuvens, da injustificável carga tributária, considerada uma das maiores do mundo, dos insuportáveis encargos previdenciários, tidos por inexplicável amplitude, e tantos outros não menos graves entraves que interferem diretamente no estrangulamento da competitividade, que incide sobre a produção nacional, que se distancia dos produtos importados similares, fato esse que vem causando afastamento dos investidores estrangeiros, cuja realidade econômica mundial somente não é perceptível pela despreparada equipe governamental, que se encontra inserida nesse terrível cenário apenas assistindo ao desenrolar dos acontecimentos, mas nada é feito para reverter o caótico quadro de visível estagnação econômica do país. Compete à sociedade dizer, com absoluta convicção, que não concorda mais com essa patética situação de inapetência e de passividade diante da regressão do crescimento econômico da nação, que certamente não se encontraria nesse estágio de estagnação se estivesse sendo administrada com a competência compatível com suas potencialidades econômicas. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 13 de junho de 2014

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