O senador maranhense do PMDB-AP desistiu de
concorrer ao Senado Federal, nas eleições deste ano, tendo alegado necessidade
para acompanhar tratamento da saúde de sua mulher, mas, na verdade, ele vem enfrentando
sérios problemas de rejeição dos eleitores do Amapá, o que indicaria grande
possibilidade de ele ser fragorosamente derrotado, exatamente por falta de
apoio político. Ele declarou que "Essa
decisão já estava tomada. Comuniquei isso ao meu partido na semana passada.
Entendo que é chegada a hora de parar um pouco com esse ritmo de vida pública
que consumiu quase 60 anos de minha vida e afastou-me muito do convívio
familiar". Não
deixa de ser decepcionante para o político, que atuou por quase sessenta anos
de mandato eleitoral sempre ao lado do poder, afastar-se da vida pública sob os
aplausos da sociedade, no sentido inverso de reconhecimento, por sentir-se
feliz e aliviado com a sua saída da vida pública, achando que ele já se despede
tarde demais, por estar mais do que superado como político, que significava
peso morto nas atividades públicas, sob o agravante fato de ter conseguido a
fama de ser o velho “coronel” que se enriqueceu à sombra das benesses e das
facilidades da administração pública. Nos países evoluídos, o afastamento de
políticos da vida pública, via de regra, representa estrago para a sociedade, porque
lá as atividades políticas têm por escopo sempre a satisfação do interesse
público, em contribuição aos princípios republicano e democrático, em
contraposição ao que acontece no país tupiniquim, onde a saída definitiva da
política é motivo de comemoração pela sociedade, exatamente pela possibilidade
da purificação vida pública e do ingresso de sangue novo nela, como forma de
enxergar os cargos públicos eleitorais como eles são verdadeiramente senão para
a satisfação do interesse público. Esta noticia não poderia ser mais auspiciosa,
porque a aposentadoria do fundador da principal oligarquia do Maranhão pode
significar grande contribuição para a dignidade da política brasileira, à vista
do noticiário da imprensa de que ele teria sido responsável por conduzir o
Estado do Maranhão à pobreza extrema, onde a população padece dos mínimos
serviços públicos, quase inexistentes no estado, em contraste com a opulência
da família do senador, que tem patrimônio avantajado em relação ao povo. A
notícia, pela sua importância para o país, poderia servir para incentivar outros
políticos a seguirem o belo exemplo do senador maranhense e se dignar a também
se aposentar, em beneficio da renovação do pensamento político, que não pode
continuar sob a predominância do atraso e da ideia segundo a qual a atividade
pública é o caminho fácil para a conquista das benesses propiciadas pelo poder,
quando a sua finalidade é exatamente a satisfação do interesse da sociedade e
do país. O
crônico e profundo atraso econômico e a enorme desigualdade social do Maranhão
representam símbolos nefastos do legado do longevo político, que o dominou
política e administrativamente, por tão longo tempo, sempre visando à
satisfação dos interesses pessoais, dos familiares e dos correligionários políticos,
segundo as informações da mídia. Nem sempre as boas notícias podem ser comemoradas, como essa,
porque, por precaução, é preferível soltar o foguetório somente depois do prazo
para o registro de candidaturas, prevista para o último dia deste mês, porque a
notícia tão auspiciosa para a política tupiniquim pode ainda sofre revés com a
desistência da desistência, podendo o velho político, até lá, decidir peitar a
dignidade dos brasileiros e resolver se candidatar, na tentativa de se tornar
imortal também no Parlamento. Não obstante, caso seja para valer a
aposentadoria do senador maranhense, isso seria ainda mais importante, em
termos de benefício para o país, se outros homens públicos tivessem a dignidade
de também se afastar em definitivo da vida pública, como forma de moralização
dos princípios democráticos, possibilitando que as pessoas dignas, honradas e observadoras
dos conceitos de honestidade e moralidade sejam encorajadas a abraçar a vida
pública, como forma de possibilitar a renovação das práticas políticas, no
sentido de que seus princípios e suas finalidades institucionais sirvam
exclusivamente para a satisfação do interesse público, em contraposição ao predatório
e deletério aproveitamento dos cargos públicos eletivos pela atual classe
política. Compete à sociedade se conscientizar, com urgência, sobre a
necessidade da purificação e da valorização dos princípios político e
democrático, não permitindo que as oligarquias predominem sobre o interesse da
sociedade. Não há dúvida de que o afastamento com bastante retardo do politico
maranhense significa evidente atraso e despreparo político do povo, que não demonstra
dignidade e consciência política, por eleger continuamente cidadãos que são
incapazes de representá-lo no estrito sentido constitucional, exatamente por
não cumprirem fielmente o compromisso de zelar e defender o interesse da
sociedade, mas sim as suas conveniências pessoais e políticas. Urge que o povo
se conscientize sobre a necessidade de somente eleger pessoas que comprovem ser
capazes de dignificar as funções político-administrativas, no sentido de ser
fiel ao seu princípio inspirador de que o povo deve ser o cerne e a razão das
práticas políticas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 28 de junho de 2014
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