Na proximidade da eleição e seguindo orientação sob
o princípio publicitário, próprio da precária imaginação dos marqueteiros, a
presidente da República anuncia conjunto de medidas com a finalidade de estimular
a indústria brasileira. Trata-se de medidas visivelmente eleitoreiras, com a
tentativa de recuperação do terreno perdido junto ao empresariado. A reação
palaciana nada mais é do que forma de contrapor avanço dos principais
candidatos da oposição à Presidência da República, que conseguiram acenar mais
cedo por mais aproximação com os responsáveis pela produção nacional. É
evidente que não fosse à percepção presidencial que os empresários podem ter
forte influência no resultado da eleição, podendo inclusive atrapalhar as
pretensões do candidato que demonstrar indiferença aos interesses daqueles que
comandam os negócios nacionais, tais medidas jamais teriam sido idealizadas. Há
algum tempo, o empresariado vem pressionando o governo para o atendimento de
medidas capazes de melhorar o desempenho da produção industrial, mas a quede na
avaliação de voto a seu favor fez a presidente atender a pressão, não propriamente
do empresariado, mas do ex-presidente da República petista, que defendia as medidas
agora adotadas, como forma de mostrar aos empresários que o possível segundo
mandato será mais aberto às sugestões deles. Causa enorme perplexidade se
verificar que governo age ao sabor das conveniências pessoais ou
político-partidárias, como no caso em comento, quando deveria decidir exclusivamente
em função do interesse público, que não se harmoniza com a ideologia do
governo, com seu sistema assistencialista, que é arredio ao trabalho, à
produção e às causas nacionais. Os brasileiros não devem ser levados à ilusão
de que sejam para valer as mudanças de atitude da presidente, que, de repente,
adota medidas compatíveis com verdadeira jogada de interesses, totalmente
adversas das normais e espontâneas ações próprias da lide da administração do
país. É totalmente inadmissível que a chefe da nação venha agora, bem se
avizinhando a campanha da reeleição e somente diante do quadro contrário ao seu
governo, aprovar uma série de medidas populares, visivelmente com a finalidade
de recuperar o prestígio que se esvai à medida que as deficiências e as
precariedades da sua gestão ficam cada vez mais patentes e evidenciadas para os
brasileiros, que estão percebendo o estrago do governo que não teve condições
de estabelecer prioridades das políticas públicas e que contribuiu para que o
crescimento econômico permanecesse quase estagnado, em razão da falta de
reformas dos sistemas obsoletos e das estruturas arcaicas do Estado, que se
engana que a pesada carga tributária, os elevados encargos, as taxas de juros
estratosféricas e demais gargalos da economia não sejam prejudiciais ao
desenvolvimento na nação. Essa forma maquiavélica de reaproximação da
presidente do país com o empresariado apenas confirma a falta de credibilidade
do governo petista de sempre atuar em aproveitamento do momento, exatamente
para conseguir a obtenção de dividendos e de simpatia de determinado segmento.
Não há dúvida de que, ao invés de melhorar o conceito da mandatária, a sua
atitude tem o condão de demonstrar a insensibilidade no comando do país, tendo
em conta que muitas medidas estão sendo adotadas agora em atendimento às
conveniências, em consonância com orientação de marqueteiro de plantão ou de
aliados políticos. Nos países desenvolvidos, a sociedade simplesmente repudia
tais medidas, por serem absolutamente contrárias aos princípios da ética e da
moralidade e ainda por não se coadunarem com a decência e o altruísmo que devem
predominar nos estadistas. Caso a mudança de atitude da presidente decorresse
por força do atendimento da premência própria da gestão pública, certamente que
ela não teria sido efetivada no presente, quando se aproxima a campanha
eleitoral, dando a entender, à toda evidência, que se trata de mais um agrado
que não se harmoniza com os salutares princípios republicano e democrático. A
experiência tupiniquim demonstra que nenhum governo é capaz de mudar de atitude,
de repente, senão para satisfazer interesses pessoais, políticos ou
partidários. Convém que a sociedade tenha sensibilidade e bom senso para
vislumbrar o tamanho do rombo causado ao país, em termos de conquistas social,
econômica, política e democrática, decorrente da omissão, da incompetência, da
ineficiência, dos conchavos, das coalizões fisiológicas, das ingerências, dos
compadrios e de tantas precariedades gerenciais incompatíveis com a decência e
a dignidade que devem imperar na administração do país. Não há a menor dúvida
de que compete à sociedade repudiar essa forma espúria de o país ser
administrado, que não corresponde à governabilidade à altura dos anseios dos
brasileiros e muito menos à grandeza e à dignidade que se esperam do estadista
que tenha pelo salutar propósito tão somente a satisfação do interesse público.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 23 de junho de 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário