sexta-feira, 13 de junho de 2014

Hostilidade ao desgoverno?


Em nada adiantou o esforço para blindar a presidente da República do público no estádio do Itaquerão, por ocasião da abertura da Copa do Mundo, porquanto, há poucos minutos depois de a mandatária do país ter ingressado na Arena Corinthians, os torcedores aproveitaram o momento especial para xingá-la com palavra de baixo calão, absolutamente impublicável, tamanha a agressividade nunca vista nos estádios brasileiros, quanto mais direcionada à maior autoridade do país. Os xingamentos contra a presidente ocorreram em dois momentos antes da partida: após a sua chegada ao estádio e em seguida à execução do hino nacional, já a poucos minutos do início do jogo. No segundo tempo, ela também foi xingada mais duas vezes. Para não haver injustiça, os torcedores ainda homenagearam com insultos os prepotentes dirigentes da Fifa. Temendo vaias e apupos contra a presidente, não houve, na abertura da copa, quebrando tradição de 30 anos, o discurso do chefe de Estado do país sede. A decisão foi tomada depois dos acontecimentos desagradáveis na abertura da Copa das Confederações, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Trata-se de fatos inusitados, tanto quanto à hostilidade como à ausência de discursos, ficando o lamentável registro sobre fatos negativos que vão ficar para a história das Copas do Mundo, confirmando a previsão da presidente de que esta seria a “Copa das Copas”. Não há dúvida de que as hostilidades à presidente do país podem até ser merecidas - não na forma como implementadas -, ante o descaso dela para com a coisa pública, principalmente no que diz respeito à falta de segurança, à péssima qualidade da educação, à precariedade da saúde pública, ao menosprezo aos transportes públicos, ao saneamento básico e tantas outras mazelas, em prejuízo direto do interesse público. A popularidade da mandatária brasileira corresponde exatamente às suas realizações ou mais precisamente à falta delas, que estão contribuindo para a estagnação do desenvolvimento do país. Não há a menor dúvida de que o momento especial era mais do que propício para o povo demonstrar seu "carinho" pelo desgoverno da nação, com atitude bastante clara em completa discordância pela forma temerária, incompetente e deletéria como vem sendo administrado o país, cuja mandatária não tem o menor pudor de cuida apenas dos projetos de seu interesse político, visando com exclusividade à sua reeleição, deixando as questões fundamentais da população em planos secundários. É induvidoso que o nível dos xingamentos não condiz com a dignidade e a importância do cargo por ela ocupado, de presidente da República do Brasil, país que goza de conceito elevado entre o resto do planeta. As hostilizações representam, por certo, o sentimento da maioria do povo brasileiro, que não suporta mais os conchavos e o fisiologismo predominante na administração pública, que contribuem para a ineficiência e a precariedade da execução dos recursos dos bestas dos brasileiros, tudo em nome da governabilidade e da perenidade no poder, em acintosa e espúria afronta aos princípios da ética, moralidade e honorabilidade no gerenciamento do país. As descortesias fazem parte do sentimento dos brasileiros por urgentes e radicais mudanças da forma predatória como a nação está sendo cuidada e administrada, sem o indispensável zelo compatível com o seu povo honrado e trabalhador. Os apupos são forma mais clara de se evidenciar que o Brasil precisa de urgente transformação, notadamente no que diz respeito ao indecente regime da politicagem para o sistema verdadeiramente republicano e democrático, onde o presidente da República represente indistintamente os brasileiros e não somente os políticos que constituem a base de sustentação do governo, interesseira em cargos públicos e nas benesses proporcionadas pelo poder. A presidente nem pode negar que não comete cotidiana hostilidade aos brasileiros, porque a sua forma de governar patenteia a maior agressividade que o povo é obrigado a suportar. Os brasileiros do bem e de atitudes honradas concordam plenamente com as manifestações de reprovação ao desgoverno, porém não gostariam que elas descessem ao nível mais inadequado de tratamento ao seu semelhante, que, embora ela não tenha demonstrado competência para administrar o país com a importância da sua grandeza e das suas potencialidades, certamente mereceria saber que a sua presença no governo desagrada, e muito, a significativa maioria dos brasileiros, principalmente aqueles que são responsáveis pela manutenção dos programas governamentais, gerenciados com a exclusiva finalidade eleitoreira. O importante desse lamentável episódio é que foi dado recado claro e em bom som à presidente da República sobre o sentimento do povo quanto à incompetência e à precariedade predominantes na gestão do país, deixando evidente, de forma muito objetiva e indiscutível, que a sociedade se encontra insatisfeita com o governo. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 12 de junho de 2014

Um comentário:

  1. As vaias são inerentes à democracia, o xingamento, não. Aí é questão de educação. O problema é que o próprio PT estimula isso. No momento de que um integrante do Conselho de Ética do partido ameaça de morte o Ministro do Supremo pela rede social e não recebe nenhuma censura pública de seu partido, o episódio ocorrido com a nossa Presidente também não pode ser alvo desagravo por parte deles.

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