Segundo notícia
publicada no site da Folha de S.Paulo,
o ex-presidente da República petista teria realizado reunião dos coordenadores
da campanha à reeleição da presidente do país, em São Paulo, sem a presença do
assessor mais próximo da petista. Esse fato gerou mal-estar no Palácio do
Planalto, tendo criado ruído entre aliados do ex-presidente e da sua sucessora.
O encontro foi realizado dez dias depois da reunião do Instituto Lula, com
cerca de trinta pessoas, para a discussão da conjuntura econômica. A ausência
do aludido assessor, que é fiel escudeiro da presidente do país, não a agradou,
por ter dado a impressão de que o ex-presidente o isolou do encontro para se discutirem,
à vontade, mudanças na campanha presidencial. O fato é que o citado assessor
representa os olhos e ouvidos da mandatária da nação, sendo considerado de suma
importância para ela no comando da sua campanha. Pessoas da confiança da petista
confirmaram o mal-estar, mas elas preferiram pôr panos-quentes no
curto-circuito havido, sob a alegação de que a reunião não havia sido agendada
oficialmente, porquanto ela teria sido realizada apenas em aproveitamento da
presença dos petistas para “pacificar” divergências que os separavam. Já alguns
petistas entenderam que a notícia sobre a ausência do assessor teria sido
informada com distorção à presidente, levando-a a acreditar que o ato teria por
objetivo avaliação crítica sobre o desempenho e o comportamento dela no
governo. Embora, em público, seja negada a existência de divergência entre a
presidente e o PT, a relação entre ambos não tem sido das melhores e a
presidente tem sido alvo de críticas constantes do ex-presidente, tanto nos
bastidores e até em público, a exemplo do ocorrido num recente seminário, na
qual ele defendeu mudanças na economia, com a cobrança de medidas objetivando o
aumento da oferta de créditos. A forma obtusa e truculenta como costuma proceder a
liderança do PT deixa transparecer que a sua cúpula é capaz de atropelar sem
piedade o sentimento das pessoas, inclusive dos companheiros e até da autoridade
da presidente da República, como no caso da reunião comandada pelo
ex-presidente, que se acha não somente dono do partido, mas também do país,
pelo simples fato de ter sido seu mandatário e de ter realizado uma das piores
administrações em todos os tempos, salvo no que ele se refere à distribuição de
renda, mediante o Bolsa Família, como se os recursos fossem da exclusiva
propriedade dele. Veja-se que, na sua deletéria gestão, a qualidade de vida dos
brasileiros foi considerada péssima e os índices de desenvolvimento humano do
país despencaram para os mais ínfimos patamares, com a evidência do progressivo
aumento da criminalidade, o fomento do tráfico de drogas, a precariedade do
ensino público, a crônica deficiência da saúde pública, o sucateamento das
estradas, dos portos e, de resto, da infraestrutura, que fazem com que o país,
com a sétima economia do mundo, seja considerado uma das nações de sofrível
qualidade na prestação de serviços públicos, em que pese o absurdo contraste de
ela figurar entre aquelas que possuem uma das maiores cargas tributárias do planeta.
A reunião em comento evidencia tremendo desrespeito ao verdadeiro princípio da
decência e da lealdade, que deveriam imperar no âmbito da sociedade, quanto
mais na vida partidário, que, na teoria, tem por ideologia a unidade entre seus
filiados. No caso, a demonstração de autoridade suprema do ex-presidente talvez
seja justificável, para ele, pelo fato de a presidente passar por momento de
descrédito junto à opinião pública, quanto à sua efetividade e eficiência no
comando da nação, não obstante esse episódio não é motivo capaz de justificar e
abonar a monstruosidade de se desconsiderar a importância da maior autoridade
da nação, de modo a causar indiscutível e horrível mal-estar entre o criador e
a criatura, por evidenciar absoluta falta de civilidade entre correligionários.
Agora causa estranheza que, nos bastidores, as desavenças são gritantes e
notórias, como mostra a reunião em causa, mas, em público, como ocorrido na
recente convenção do partido, ambos juraram fidelidade e múltiplos
companheirismos, deixando visível o tamanho da hipocrisia que existe entre políticos
tupiniquins. O fato é que os últimos acontecimentos, mostrando a queda na
avaliação da presidente e possíveis dificuldades para a campanha presidencial
petista, são indicativos do visível desespero por parte daqueles que não estão
acostumados a conviver com as adversidades e os contratempos da política, quando
esta, pelo menos nos últimos tempos, somente vem servindo para a satisfação de
escusos e inescrupulosos interesses político-partidários. Os brasileiros têm a responsabilidade cívica e patriótica,
como forma de contribuir para a purificação e a moralização da administração
pública, de excluir da vida pública, com urgência e o seu poder nas urnas, os maus
políticos que, de forma maquiavélica, estão aproveitando as funções públicas
eleitorais para a satisfação de interesses pessoais ou partidários, em
cristalino ferimento aos princípios democrático e republicano da ética, da
moral, do decoro e da honorabilidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de junho de 2014
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