A presidente da República
brasileira está tão sem credibilidade junto à opinião pública que ela resolveu
abdicar da entrega da taça ao campeão da Copa do Mundo, que se realiza no
Brasil. Recentemente, durante a abertura da copa em São Paulo ela foi duramente
xingada pelos torcedores presentes ao estádio, com palavra de baixo calão. Na abertura
da Copa das Confederações, realizada também no Brasil, no ano passado, ela já
havia sido vaiada. Certamente que esses fatos podem ter contribuído para que
ela resolvesse não se arriscar e entregar o troféu ao vencedor, haja vista a
enorme possibilidade de ela ser novamente hostilizada diante da plateia mundial
de telespectadores, que poderia alcançar repercussão da maior gravidade para
quem tem projeto de se reeleger no cargo. Diante da desistência da presidente
brasileira, será a primeira vez que o mandatário do país-sede da copa não
entregará a taça ao capitão da seleção campeã. Coube à Fifa convidar a rainha
das modelos brasileiras, que não entende nada de futebol, mora nos EUA e vem ao
Brasil, de vez em quando, faturar nos desfiles de moda, para fazer a entregar da taça ao campeão. Em
princípio, a modelo ainda impôs condições para aceitar o convite, ao exigir que
somente viria ao país tupiniquim dependendo do “clima político” durante a
realização do evento, ou seja, que não haja manifestações contra os gastos da
copa. Segundo se especula, ela não queria associar sua imagem milionária e
impecável ao possível momento tão politizado e recheado de manifestações e
violência. Não obstante, ante a aparente tranquilidade nos empreendimentos, ela
aceitou o convite e confirmou sua presença no Maracanã, no dia 13 de julho
vindouro. Embora a Fifa tenha consolidado a tradição de o chefe de Estado do
país-sede da copa entregar o principal troféu ao campeão do evento, cabe aqui
apropriada crítica no sentido de que essa incumbência deveria circunscrever ao
seio do futebol, como forma inteligente da prestação de merecida homenagem aos
atletas que contribuíram para o engrandecimento dessa prática desportiva e para
o estimulo aos novos futebolistas. Não é justo que os políticos sejam
prestigiados por ocasião da entrega da taça, por não ser, à toda evidência, a
sua seara de atuação. A importância da Copa do Mundo deveria permanecer no
âmbito do futebol, como forma de valorização dos profissionais que são a razão de
grandioso evento. Não há a menor justificativa para que políticos, muitos quais
desrespeitosos dos direitos humanos e dos princípios democráticos, sejam
protagonistas em solenidade que não lhes diz respeito, tendo ainda possível
agravante de o fato em si poder até contribuir para elevar o prestígio de quem efetivamente
não faz jus, por demonstrar incapacidade de administrar com dignidade e
competência o seu país. Caso a presidente do Brasil tivesse qualificação - no que diz respeito
ao apoio da sociedade, segundo o qual ela não seria hostilizada - para entregar
a taça, certamente que ela iria enaltecer seu gesto em homenagem aos
brasileiros sofridos, aproveitando o momento para propagar a ideologia em seu
proveito político e que mais interessa à massa carente, que seria tratada como
integrante de verdadeiros heróis, embora esses prestigiados sejam aqueles
beneficiários dos programas assistencialistas, que não trabalham nem contribuem
para a produção nacional. Também não parece justo que a Fifa pague gordo cachê para
a modelo estranha ao futebol exibir seu charme no final da copa, exatamente por
falta de mérito e de plausibilidade para tanto, quando um ilustre e renomado atleta
do país-sede poderia representar com o maior brilhantismo o ato com a maior
dignidade e justo merecimento, em consonância com os princípios desportivos e
ainda com a vantagem de não cobrar nada por sua participação honrosa, cujo ato
teria o condão de servir de maneira pedagógica para incentivar os futuros
jogadores de futebol de todo mundo. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 16 de junho de 2014
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